cap 14

4.8K 312 6
                                    

Acordo assustada com o barulho estridente de um trovão. Uma manhã chuvosa tivera se iniciado. Que droga... Ainda ontem estava nevando.

Seja bem-vinda, segunda feira!.

Ponho-me a força para fora da cama quentinha e praticamente rastejo até o banheiro, dando início a minha rotina. Embora tivesse parado de nevar, o dia chuvoso e a temperatura praticamente imploravam por roupas quentes e confortáveis. Opto por uma calça jeans clara, uma blusa cinza de tricô e uma jaqueta preta por cima.
Assim que saio do banho, passo um rímel e penteio meus cabelos, e calço logo um par de botas cano médio.
segunda

Desço as escadas escutando meu estômago reclamar de fome, e me sento a mesa. Somente minha mãe estava em casa hoje, não me aventuro a perguntar onde estaria o meu pai, já que ele vive em constante pressa devido á seus afazeres de alpha.
Após tomarmos café juntas, ela me deixa na escola.

(...)

Assim que adentro na escola, tiro o capuz que estava com algumas gotas de água devido a chuva, e me recomponho. Os corredores estavam mais barulhentos que o normal, e os alunos agitados.

Fala sério, é segunda!.

Ando calmamente até o meu armário, que é quando eu avisto Gabi, que por sinal estava estranhamente agitada. Ela parecia nervosa com algo, e de longe podia ver seus lábios se movimentando como se ela estivesse falando algo. Mas não havia ninguém ali, é como se ela estivesse ensaiando um discurso.

- Gabi? - toco em seu ombro.

- Ah... Emy! - ela fala alto, devido ao susto.

- você está bem? - dou uma risada curta.

- eu... hm...- ela tropeça nas palavras - eu preciso conversar com você!.

- claro - ergo as sobrancelhas - qual é o problema?.

Ela me puxa para a curva de um corredor vazio, e segura minhas mãos. Ela estava gelada e suando frio. Mas o que raios está acontecendo?!.

- Emy, eu não sabia se eu deveria te contar isso, mas por favor... Não fique com raiva de mim - ela pede.

- me conte logo! Você está me assustando!.

- Emy, eu sei que você é uma loba! - ela fala direta.

Meu coração nesse momento para, e sinto o sangue fugir de meus lábios. É estritamente proibido que os humanos tenham qualquer conhecimento de nossa existência, já que para eles, somos apenas lendas. Quando um humano fica sabendo, eles são levados para longe ou até em casos piores, são mortos. O conselho sobrenatural jamais permitiria que nossa realidade fosse posta em perigo.

- G-Gabi... - me encosto na parede, sentindo minhas pernas bambas.

- hey, fique calma! - ela me abana - esta tudo bem!.

- não, não está! - falo aflita - você não deveria saber disso!.

- Emy, eu sou uma bruxa...- ela fala com culpa - ...eu... eu... sinto muito por não ter te contado!.

- Gabi, pelo amor da Deusa! - a abraço aliviada - eu não suportaria a ideia do conselho sobrenatural vir atrás da minha única amiga por aqui!.

- espera... você não está com raiva?.

- que?! - gargalho - é claro que não!. Por que estaria?.

- por eu não ter contado desde o início, você se sentiu uma estranha aqui nos primeiros dias. Quem sabe se você soubesse que havia outro igual a você por aqui, você ficasse mais feliz - ela explica com aflição.

- como você sabia que eu me sentia assim? - pergunto surpresa.

- eu sou uma bruxa sensitiva. Eu sinto as vibrações ao meu redor, quer dizer... - ela ri - as vezes. Por isso eu sei que você e o Leon são lobos.

- uau... isso é incrível! - arregalo os olhos.

Ficamos conversando por muito tempo até dar o horário da aula. Saber que Gabi era um ser do sobrenatural fazia muito sentido, ela transmitia suas emoções através do olhar. É como se ela pudesse ler a minha alma.

(...)

Me despeço de Gabi ao som do alarme, teríamos aulas diferentes. Caminho até o meu armário e começo a pegar os livros para a próxima aula. Escuto alguns risos e cochichos, e procuro de onde o som estava vindo. Avisto Leon e uma menina da minha sala conversando despreocupadamente no jardim da escola, e vejo quando a mão dele deslizava pela coxa dela. Eu não sei o porquê, mas aquilo mexeu comigo.

Eu nunca tinha sentido isso.

Ambos começam a se beijar, e Leon em momento algum resiste. Saio dali o mais rápido possível, e volto para o me armário. O fecho as pressas, e quando estou prestes a partir, Gabi me aborda.

- a minha aula foi cancelada! - ela fala animada - a professora pegou uma crise de sarampo.

Ela continuava a falar, mas tudo estava aéreo para mim, como se a voz dela e da bagunça do corredor estivessem longe.
Eu não conseguia falar nada, era como se eu estivesse em choque. As vozes dos alunos nos corredores faziam minha mente doer. Eu tinha que sair dali.

- Emy, o que você têm? - ela pergunta preocupada.

Conto para ela o que tivera acabado de ver, e os acontecidos sobre Leon e eu. Nunca vi Gabi verdadeiramente irritada, mas agora ela parecia estar prestes a explodir.

- aquele garoto é um babaca! - ela rosna - eu vou acabar com ele!.

Antes que eu possa falar qualquer coisa, Gabi anda a passos raivosos até o jardim. Não me preocupo em intervir, algo dentro de mim implorava por um ambiente mais calmo.
Saio praticamente correndo da escola e entro na torre do relógio, que ficava de frente para a rua. Subo as escadas com pressa e chego até o último andar, aonde havia um grande vitral e um acolchoado bem na frente.
Eu nem percebi quando as lágrimas começaram a cair, elas simplesmente saiam sem a minha permissão.

Então isso que é a sensação de um coração partido?. Bom... é uma droga.

Eu não sabia distinguir pelo quê exatamente estava chorando, uma parte de mim estava abalada... um verdadeiro caco. E a outra parte estava se contorcendo de raiva pelo meu orgulho completamente abalado. Puxo e solto o ar repetidas vezes para tentar acalmar a tempestade dentro de mim, até que finalmente as lágrimas param de sair.  Quem diria, isso parece tanto com uma daquelas cenas idiotas de filmes de romance.

Que deprimente...

- Emy...? - uma voz soa atrás de mim, e pela forma como meu coração voltou a bater mais rápido, eu sabia perfeitamente de quem era.

Leon.














Te Amo Meu Alpha-2° volume.Onde histórias criam vida. Descubra agora