Baile de Beneficiência

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"Vem lá!" – suplicou Patrick. – "Quase toda a escola vai!"

"Essas coisas não fazem o meu género. Eu prefiro ficar em casa a ver uma série." – recusei.

Havia dias que o Patrick me tentava convencer a ir ao Baile de Beneficência anual. O baile decorrerá no ginásio da escola e quando entras tens que fazer uma doação. Por mínima que seja. O problema é que eu não me apetece dançar toda a noite com um vestido elegante. Não é o meu estilo, nunca foi.

"Por favor. Fá-lo pelas crianças que precisam!" – o professor fez olhinhos de carneiro mal morto e eu não resisti. – "És a melhor. Eu até tenho o teu vestido ali no quarto, vou buscá-lo!"

Quando chegou à sala, ele trazia um vestido lindo. Era rosa claro, ficava justo ao corpo até à cintura e era comprido e elegante. Os sapatos tinham um salto enorme e eram prateados, a combinar com a espécie de diamantes na parte de cima do vestido.

"Eu ainda nem tinha dito que sim!" – exclamei espantada com o vestido.

"Eu sabia que te ia convencer. Eventualmente!"

Revirei os olhos e saí do apartamento do Patrick. Voltei para casa e avisei os meus amigos que ia ao baile e o meu querido amigo Logan vem buscar-me por volta das 20h.

Quando desci já arranjada, os meus pais fartaram-se de me elogiar. Acho que eles nunca me viram tão aperaltada.

Entrei no ginásio e nem parecia o mesmo sítio onde os alunos correm e suam apenas para agradar ao professor. Tinha uma bola de espelhos no teto, umas fitas roxas penduradas nas paredes e balões e confettis no chão. Os rapazes estavam todos de fato e gravata e as raparigas de vestidos e agarradas aos namorados.

"A menina concede-me a honra desta dança?" – perguntou uma voz atrás de mim. Virei-me e vi o Patrick de fato e com a mão estendida. Tenho de admitir, ele é bastante atraente.

Dançámos um slow e tínhamos os olhos da Sr.ª Prince postos em nós. Foi extremamente desagradável. Antes de nos afastarmos ouvi-o sussurrar: "Diverte-te!"

"Tu e o Sr. O'Neil ficam tão giros juntos!" – comentou a Rachel.

"O que é que queres dizer com isso?" – perguntei.

"Que vocês fazem um casal fofinho. Eu vi como estavam todos agarradinhos!" – troçou Rachel com um sorriso maldoso.

"Não sejas parva Rachel. Ele é professor e a Bella é aluna. Ele nunca se envolveria com uma aluna!" – defendeu-me Mack.

"Obrigada Mack. Ele só me convidou para dançar porque tinha um bom motivo!" – desculpei-me. As duas raparigas ficaram a olhar para mim com os olhos muito abertos. – "Eu não vou contar!" – o olhar delas era suplicante e eu sou uma fraca. – "Ele estava a tentar fugir da Sr.ª Prince."

"Da Sr.ª Prince? Porquê?" – perguntaram em uníssono.

...

2 horas mais tarde, eu e um rapaz loiro, de olhos verdes e alto estávamos a dançar ao som de uma música pop. Ele chama-se Ethan e é muito simpático, um pouco estranho, mas simpático. Dançámos algumas músicas, até que fui buscar uma bebida. Cheguei-me perto da mesa e ouvi um choro misturado com gritos. Perto da mesa das bebidas estava uma porta que dá para o que presumo ser a divisão onde guardam os produtos de limpeza. Aproximei-me mais da porta e os gritos eram cada vez mais perceptíveis. Coloquei a mão na maçaneta e rodei-a bem devagar devido ao medo e insegurança que cresciam dentro de mim. Abri a porta com receio e esta rangeu ruidosamente. Quando olhei lá para dentro estava Phoebe caída no chão com o vestido cheio de sangue e lavada em lágrimas.

"Alguém me tentou matar. Ajuda-me!" – pedia com a voz um pouco fraca devido aos gritos e à falta de sangue no organismo.

"Patrick, Patrick!" – quase gritei quando cheguei perto dele.

"Shiuu! Estamos na escola, o que é que te deu?" – repreendeu o meu professor de biologia.

"Está uma rapariga na sala dos arrumos. Alguém tentou matá-la. O "assassino" está nesta sala." – avisei-o.

Corremos de novo para a sala de arrumos e com a ajuda do Isaac, o Patrick conseguiu levar a Phoebe para fora do ginásio sem que ninguém desse conta do que se estava a passar. Assim que o vi desaparecer, corri de volta à divisão onde a tentativa de homicídio tinha decorrido, para limpar o sangue que estava espalhado no chão.

Procurei no armário um pano ou alguma coisa para limpar o chão. Ouvi a porta bater e por um impulso virei-me. Em frente à porta estava um rapaz de fato e com uma daquelas máscaras clichés que os assassinos usam nos filmes.

"Olá, Bella!" – disse com uma voz abafada pela máscara.

"Quem és tu? O que queres de mim?" – perguntei assustada.

Ele manteve-se calado e tentava aproximar-se de mim. Eu estava aterrorizada e preferia que ele dissesse alguma coisa. Aquele silêncio estava a dar comigo em doida. Tentei aproximar-me da porta, mas ele não tirou os olhos de cima de mim um segundo que fosse. A minha respiração estava acelerada e comecei a chorar de pânico.

"Não chores, Bella." – a voz dele causava-me arrepios. Ele tentou pôr a mão na minha cara, mas eu afastei-me.

"Quem és tu? Porque é que andas a matar pessoas?" – perguntei desesperadamente. – "Para com o que andas a fazer, é o melhor para ti!"

Ele continuava em silêncio. Ele aproximava-se de mim e eu afastava-me e eu estava cada vez mais perto. Assim que as minhas costas embateram na porta, virei-me e tentei abri-la. Infelizmente, ele trancou a porta sem que eu desse por isso. As minhas pernas fraquejaram com o nervosismo. Eu estava presa numa sala minúscula com um assassino.

"Abre a porta. Por favor abre a porta!" – pedi esganiçada. Eu chorava e gritava ao mesmo tempo.

Com o pânico, a ansiedade, o medo tudo junto eu já tinha a visão turva. Eu estava encurralada entre o balde com a esfregona e o armário dos produtos de limpeza. Ele estava cada vez mais próximo de mim e, sem saber o que havia de fazer, atirei-lhe com o armário para cima. Caiu tudo em cima dele e eu fui a correr para o pé da porta gritar por ajuda. Ninguém me ouvia e já não sabia o que havia de fazer.

Senti o meu tornozelo ser agarrado e quando me tentei soltar torci o pé, pois o salto dos meus sapatos era altíssimo.

Ouvi o barulho de uma porta ser aberta e por trás da porta estava Ethan. nunca fiquei tão contente por ver alguém. Sai da divisão e fechei a porta.

"O que é que aconteceu?" – perguntou Toby preocupado.

"Eu entrei ali, porque não sabia o que era e a porta fechou-se. Como eu tenho claustrofobia entrei em pânico e não consegui abrir a porta. Foi só uma parvoíce!" – menti ainda com a respiração ofegante.

"Então e o pé?" – perguntou um pouco desconfiado.

"O pé?! Torci-o. Como vês, os meus saltos são muito altos e eu não estou habituada." – disse e saí dali a coxear o mais rápido que conseguia.

Assim que senti o ar fresco da noite, as lágrimas reapareceram. Eu estive frente a frente com o "assassino". Eu posso ter matado o "assassino".

Limpei as lágrimas antes de entrar em casa e os meus pais já estavam a dormir. Tentei não fazer barulho, mas como ainda estava meio atordoada, fui contra a mesa da sala.

"Filha, está tudo bem?" – perguntou a minha mãe estremunhada.

"Sim, cheguei agora do baile."

"Torceste o pé?" – perguntou. Mas porque é que toda a gente repara que eu estou coxa.

"Torci o pé nos saltos!" – não foi totalmente mentira.

Entrei no quarto e quando estava a despir-me, recebo uma mensagem:

"Não gostei nada da brincadeira!"

Ghosts of the PastOnde histórias criam vida. Descubra agora