me desculpe pela confusão, mas

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Era como uma frequência de rádio quase imperceptível, mas que estava ali o tempo todo. Eu apenas não queria admitir; e não importava o quanto Cas tentasse mudar a estação, ele não conseguiria.

O QUE EU FIZ DE ERRADO IMPRESTÁVEL ERRO HUMANO BICHA ESTRANHO e socos e chutes e afogamento VERMES PARA AQUELES QUE MORRERAM NÃO DEVERIAM ESTAR AQUI e cortes e queimaduras e pílulas smile COMO VOCÊ SE SENTE SOBRE ISSO DEAN?

Eu sentia que havia nascido morto dentro de um verme ensanguentado. A minha mãe sorriu pra mim e me vestiu de azul. Meu pai bagunçou o meu cabelo e me chamou de Dean.

Mas dentro daquele corpo sem firmeza eu já era apunhalado. Inúmeras vezes. E desde um feto eu já sabia que amar Castiel seria errado, com seu sobretudo creme e seu topete e sua moto perigosa e seu pau nos meus dedos.

Então nos meus braços eu escrevi com lâminas as constelações que me faziam mais feliz, com os meus cigarros eu desenhei olhos amigos e com minhas pílulas eu comecei a ser feliz.

E dentro da minha loucura, eu sabia que Castiel odiava tudo aquilo que eu fazia. Enquanto eu fingia dormir depois de alguma foda na sua casa da árvore, ele chorava baixinho e me pedia para não continuar aquilo. Mas ele tinha 35 anos e eu 17.

Eu ainda não esta a vivo e nem a salvo. Ninguém nessa idade está. Ninguém com os braços e coxas e barriga e ombros assim está.

Meu nome era Dean, mas eu gostava de azul Cas e rosa bebê. Eu era humano, mas morto. Talvez eu já tivesse sido considerado normal, mas um dia me viram. De verdade, não aquela casca horrorosa.

De verdade eu era lindo.

Mas me afogaram em uma bacia, me espancaram com os nós dos dedos e destruíram minha cabeça.

Morrer não é nada para quem já está morto. Foi o que eu disse para Cas quando nos vimos de novo. Eu estava com três dentes lascados e eu sorri com a maior felicidade do mundo, pois eu o vi chorar.

- Obrigado por se importar com a minha morte Cas.

E na escola Benny me deu uma arma. Eu apontei o cano para o rosto dele, mas ao invés de medo houve euforia. Seu pescoço mostrava a veia pulsando e seu sorriso era insano.

Eu esperava não ter sorrido assim para Cas, pois eu era lindo de verdade, e não um monstro. E nós nos amávamos.

Ficou difícil de suportar. Então eu desenhei flores em meu corpo para mostrar a minha beleza, queimei olhos para me vigiar -, pois Cas estaria melhor vivo do que deitado comigo - e engoli pílulas de felicidade.

Tudo na vertical. Em um quarto suicida.

E eu sei que Cas chorou. Ele já sabia o que aconteceria, mas não sabia como ajudar. Eu o amava e era errado; e era isso.

E enquanto eu posicionava na minha boca o cano gelado e grosso eu vi meus cabelos loiros espalhados pelo chão, empapados de vermelho.

Não era azul Cas, não era rosa flor, mas para quem estava morto aquilo não fazia muita diferença.

suicide room 》destiel fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora