Aquele Olhar - VONDY

Capítulo 27

– Onde aprendeu a bater assim? – Pergunto curioso.

– Fiz defesa pessoal quando tinha 12 anos. Minha mãe me obrigou...

Fico sem reação. Porque ela não me bateu no dia do assalto? Teria sido humilhante apanhar de uma mulher em um assalto. Ainda bem que ela não reagiu.

– Você deve estar se perguntando por que eu não me defendi no assalto que teve no banco, não é mesmo? Sua cara diz tudo.

Além de ser linda, ter feito defesa pessoal, ainda é vidente? Então sorrio com meus próprios pensamentos.

– É, eu acompanhei na televisão.

– Bom, é mais difícil você reagir com um homem que tem uma metralhadora imensa apontada para você e seus amigos. Não me arrependo de não ter reagido. Se meu amigo tivesse feito o mesmo, talvez ele estivesse aqui.

Vejo que os olhos de Dulce começam a se encher de lágrimas e sinto um remorso grande por eu ser o grande culpado de sua dor. Quero abraçá-la bem forte e dizer que tudo vai ficar bem. Mas como posso consolá-la se sou seu pior pesadelo?

– Dulce... Eu... Sinto muito. – Dou uma mão para ela e em seguida a puxo para abraçá-la. Ela encosta sua cabeça em meu peito e eu a abraço forte, coloco uma mão em sua cabeça e acaricio até que as lágrimas começam a rolar em seu rosto molhando minha camisa. Como ela pode ser segura, forte, corajosa e ao mesmo tempo sensível e frágil? Nunca conheci uma mulher assim. Tenho vontade de voltar no tempo e apagar tudo o que fiz naquele assalto, mas não se eu não tivesse feito esse maldito assalto, eu não a teria conhecido.

– Ai... Meu Deus! Desculpe-me... – Ela se afasta de mim, secando suas lágrimas – Eu nem te conheço e olha como estou.

– Não tem problema, Dulce.

– É Christopher seu nome, né?

– Sim.

– Olha, Christopher obrigada pela ajuda, mas tenho que ir.

– Não posso te deixar ir embora sozinha uma hora dessas. – Digo de imediato – Eu acompanho você até sua casa.