IV Rex -o cão paraplégico(vira lata)

55 4 0
                                    


 Ainda era a época do orkut, e naquele dia recebi um pedido de ajuda por parte de um senhor que morava na região do zoológico de São Paulo. Eram exatamente seis da tarde quando abri minha página e vi a postagem.

"Preciso de ajuda para que alguém resgate este cão da foto(abaixo continha a foto do cão .Ele está próximo ao zoológico de São Paulo, tomando toda chuva desses dias. Faz uma semana que o tenho alimentado, mas vejo que as condições do tempo não ajudarão nos próximos dias e temo que ele fique doente. Improvisei uma cabana, feita com sacos plásticos, mas com os ventos não tem derrubado e acabei por encontrá-la todo dia ao amanhecer, encharcado. Detalhe: ele é paraplégico locomove se arrastando.

Deixo meu telefone para quem possa resgatá-lo. (xxxxxxx)"

Li aquela mensagem e meu coração partiu ao meio, não podia crer que alguém que tenha coração abandonou aquele ser num lugar , sozinho e com chuva, ainda deixou o cobertor do pobre animal, e um animal que se locomovia arrastando-se. Bem, aquela era uma situação de emergência, como eu poderia ajudá-lo? então conversamos em casa de como poderia fazer para ajudar aquele ser indefeso e sem locomoção. Aquela noite liguei para o rapaz do pedido de ajuda e ele descreveu mais detalhes, mas o empecilho era as horas, já eram 11:00 da noite, apenas no dia seguinte conseguiríamos fazer alguma coisa.

Combinamos com ele de encontrá-lo às 7:00 da manhã no local combinado. Não consegui dormir pensando no pobre cão, pois a noite toda uma chuva forte se abateu sobre a cidade de São Paulo.

Como não conseguimos dormir fomos ao local , chegamos às 4:30 horas no grande muro do zoológico que podemos ver as grandes árvores do lado de fora. O mato cobria toda calçada, e todo cuidado era pouco, pois no lugar onde o rapaz havia falado que ele estava, não o encontramos, apenas a coberta toda molhada, a cabana no chão. Reviramos tudo, acreditávamos que ele poderia estar embaixo dos sacos plásticos, mas não estava, e então começamos a procurar pelo mato com a lanterna.

Enquanto procurávamos, poucos carros passavam na avenida com grandes poças de água. Mas alguém do outro lado da calçada grita meu nome:

—Dona Vilma, é a senhora que viria buscar o caramelo? Nos cumprimentamos e ele falou:

—Estou aqui desde às duas da madrugada, quando começou a chover não consegui dormir então vim pra cá e não encontrei ele, acredito que alguém o resgatou.

—Será, mas alguém escreveu ou ligou pra você?

—Não , senhora.

—Então vamos continuar a procurar. Enquanto conversava com ele, meu esposo corria toda área à procura do cão, e foi ele que o encontrou, encostado no muro, onde árvores faziam uma copa, como um guarda chuva. Ele deve ter procurado abrigo quando o temporal caiu( e animais não raciocinam).

O pobre animal estava todo molhado, gelado . Fez festa para nós, que recolhemos tudo e nos despedimos do rapaz, e partimos para casa.

Mas antes de passarmos pelo veterinário, foi feito raio x que constatou lesão na vértebra, por pancada. A lesão na pele confirmava. Do restante parecia estar bem, mas foi coletado exame de urina e sangue e só teríamos resultado em alguns dias.

Diante da triste constatação, ele ficaria paraplégico para sempre, então tomamos banho e o levamos para casa. Fiz campanha para conseguir uma cadeirinha, colchão de casca de ovos para ele. Enquanto isso, os cuidados de por ele em uma área que pudesse ser arejada, e que não se machucasse caso se arrastasse, conseguimos em tempo recorde um colchão casca de ovo, o que foi ótimo porque em dias já começava a despontar pequenas feridas no corpo.

Quando os exames chegaram com os resultados, Rex já apresentava falência dos rins. Seus órgãos começaram a se deteriorar, o cão que chegou alegre, brincalhão, havia ficado apático ,não queria comer, nem papinha de frango com arroz o animava.

E em poucos dias, não se movia mais, e foi embora, movendo as patinhas como andando, salivando como se estivesse correndo sentido ao céu dos cães.

Essa experiência, começava me mostrando que mesmo os animais têm um destino certo, que mesmo fazendo de tudo, já está predestinado sua caminhada por aqui. |Infeliz a pessoa que o espancou, afetando seu órgão fígado e rins, danificando uma vida com paulada, sabe Deus quantas!

Sempre penso quando isso acontece que pelo menos teve um fim digno, uma cama quentinha e alguém para amar ele por apenas e só e nada mais. Que ele teve quem o fez mal, mas teve também alguém que o amou.

Realizamos o resgate desse cãozinho abandonado. Ignorado por tudo e todos que o viam, ele sofria sozinho. Mas, por nós ele jamais foi ignorado e, quando recebemos a denúncia, imediatamente nos dirigimos para fazer o resgate. Fazer a diferença neste mundo é crucial nos dias que vivemos. A sensação de estranheza que acomete boa parte da Humanidade terrestre neste período de alvorecer de uma Nova Era de regeneração.

A Terra é uma grande escola e, como tal, passamos pelas mais diversas disciplinas, objetivando a nossa formação. Quando aceitamos a nossa condição de aprendizes e não de mestres, as dificuldades continuam existindo, mas a nossa percepção as conduz à sua verdadeira importância. Não devemos dar valor maior ou menor que o necessário às nossas provas neste planeta. Assim como na escola, podemos passar a vida reclamando ou aproveitando as lições.

Não são somente os Espíritos elevados que nos dão exemplos de felicidade verdadeira. Apesar das dificuldades que naturalmente encontramos em nossa existência terrestre, vemos em nosso dia a dia pessoas comuns, no sentido social da palavra, que experimentam um estado de felicidade que muitas vezes não julgamos possível na situação em que se encontram.

Toda imperfeição é, por sua vez, causa de sofrimento e de privação de gozo, do mesmo modo que toda perfeição adquirida é fonte de gozo e atenuante de sofrimentos. Isso significa que a nossa rota para a felicidade plena passa pela nossa evolução moral, pela prática da caridade e do amor (verdadeiro) ao nosso semelhante. Por sorte, ele nem se parecia mais com aquele cãozinho triste de antes! se recuperava dos maus-tratos sofridos pelo tempo em que viveu nas ruas. E a maior transformação sofrida nesses meses de tratamento não está em seu pelo ou em seu peso, mas sim, em seus olhos. E para nós de casa era prazeroso ver os olhinhos gratos de Félix, assim o chamamos.

Reino Animal, um Amor  IncondicionalOnde histórias criam vida. Descubra agora