DEZESSETE

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Adolescentes são passíveis de realizar travessuras. É comum, acontece naquele momento que escapa à normalidade. Jesus Cristo aos doze anos teve um momento que escapou da normalidade, deixando seus pais, Maria e José, preocupados por dias. Tinha 12 anos, José levou-o juntamente com Maria em peregrinação até Jerusalém para as festividades da Páscoa Judaica. Decorridos os dias da festa, enquanto voltava para casa, Jesus ficou na Cidade Santa, sem que José e Maria percebessem. Depois de tê-lo procurado por três dias entre a multidão de peregrinos, encontraram-no no templo, discutindo as Escrituras com os doutores da Lei. Maria, sua mãe, o repreendeu, falando-lhe da sua preocupação assim como a do marido. Jesus, por sua vez, afirmou ter Deus por Pai, na presença de José, em público. Penso que foi doloroso a José ouvir e ver a reação dos demais quando Jesus afirmou ter outro pai diferente dele.

Nasci em um dezenove de março, dia de São José. Família ideal, estruturada e normal. O pão de cada dia não sobrava, não faltava. Com meus pais, amor incondicional. Com irmã, amor e brigas. Irmãos parecem que nascem para brigar, desperdiçam tempo com ressentimentos desnecessários e, na maioria das vezes, incabíveis. Inquietude na infância, viagens, mudanças de cidades e amigos. Índole dócil, sério sem tristeza com risos momentâneos. Planos abundantes que cresceram assim como a vida. Eu que segui as orientações dos meus pais, numa única travessura que fiz não houve segunda chance. Sei que meus pais, filhos de Deus, me perdoaram. Assim como também perdoaram àqueles que me levaram a tal travessura. Iniciarei contando como os conheci.

Estava num evento festivo. Era o maior corso do mundo segundo Guinness World Records, o Corso de Teresina, capital do Estado do Piauí, Brasil. É um evento que ocorre anualmente no final de semana anterior ao feriadão do carnaval.

O alegre desfile ainda não havia sido concluído, encaminhei-me para casa, eram dezenove horas. Combinara com minha mãe que chegaria às vinte horas. Estava no táxi, avistei um jovem desmaiado na calçada e outro a pedir ajuda. Reconheci o que acenava. Dias antes jogando futebol na quadra de esportes do colégio, competimos time contra time, seu nome era Jean. Parei. Ambos entraram no táxi, perguntei o endereço. Havia melhorado um pouco, chamava-se Vitório. Ambos descerem no endereço da mãe do Vitório, Senhora Lis, que nos recebeu na porta:

— Obrigada, meu rapaz, atos como o seu mostram que você é filho de Deus, ainda creio na humanidade — disse aquela senhora aos prantos quando eu entrava de volta no táxi rumo a minha casa.

Dias depois, resolvi visitá-lo por solidariedade. Já medicado, ainda debilitado. Estávamos nós três. Senhora Lis, eu e Vitório, deitado na cama, no seu quarto. Ela começou a falar:

— Vitório, meu filho, vê o exemplo deste rapaz, ajudou você sem conhecer. Veio visitá-lo, está na hora de você ver exemplos bons e deixar de usar drogas — desabafou.

— Não estamos sós. Para que falar disso? — retrucou envergonhado.

— Qual seu nome, bom rapaz? — indagou aquela mãe machucada.

— Marco Polo — respondi rapidamente.

Eu não havia percebido que tal desmaio fora motivado pelo uso de drogas. Fiquei mais envergonhado que ele. Depois de poucas conversas, resolvi despedir-me.

Vez por outra estávamos, nos mesmos lugares e nos cumprimentávamos. Por vezes, meu grupo de amigos se juntava ao deles, já que havia sempre alguém que era amigo comum.

Procurei conversar com minha família sobre o que ocorreu. Dentro do carro estavam: meu pai a dirigir, minha mãe, minha irmã e eu. Achei a oportunidade. Relatei que conhecera duas pessoas, sem citar nomes, que eram usuários de drogas, que embora às vezes estivéssemos juntos eu não concordava com o que eles faziam e cheguei a dizer-lhes que não ofertassem a mim, do contrário poderíamos chegar a uma briga. Meu pai pediu que me afastasse imediatamente. Retruquei:

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⏰ Última atualização: Sep 28, 2016 ⏰

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