O Dourado

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Maxy se encolheu no banco de trás do carro quando os soldados passaram. Seus passos ecoando na cidade fantasma, a coluna de soldados passando na rua com imponência e ordem, mas o garoto sabia que estavam longes de seu objetivo final: O Centro de Manhattan. Raymond e Maya estavam espalhando armadilhas, empilhando carros no meio da rua, jogando moveis em lugares estratégicos para atrasar a marcha.

- Marchem ! Mantenham a Coluna, os Sentinelas seguirão pelo ar ! - Uma voz feminina gritou, ordenando.

As sombras cobriam toda a cidade, o que tornava praticamente impossível saber que horas eram, ainda mais com todos os aparelhos eletrônicos desligados. Eram três adolescentes contra um exercito inteiro armado, mas precisavam tentar, não poderiam perder a cidade sem resistência. O garoto se concentrou, imaginando uma fantasma de si próprio, e logo conseguia ver todo o poder ofensivo que Avalon havia colocado para invadir a cidade.

Tendas estavam colocadas na parede do grande domo de sombras, formando um acampamento em forma de C. A força principal marchava pelas ruas, mas alguns poucos soldados estavam dispostos na frente de cada tenda, trazendo um rifle em mãos. Dentro das tendas estavam os equipamentos médicos e alimentos, tinham tanta comida que poderiam passar meses ali sem precisar recuar.

- Preparem os portais, quando os Sentinelas chegarem derrubaremos a ÍNDIGO. - Um rapaz moreno falou enquanto carregava um grande círculo dourado, parecendo um espelho, mas o vidro do meio era de um verde-escarlate sobrenatural. Outros quatros soldados traziam o mesmo, colocando-o um ao lado do outro. - Os pilotos já estão prontos ?

Okay, Maxy já tinha as contas. Eram cinquenta soldados armados protegendo as tendas, cinco rapazes de média estatura sem nenhuma proteção ou equipamento e outros cinco pilotos que estavam chegando em pouco tempo. Conseguiria sair do carro sem ser notado, mas nem com muita magia seria possível invadir o acampamento.

Seus olhos mudaram para um castanho-escuro e seu cabelo ficou da cor de cobre, uma ilusão fácil de manter mas que lhe ajudaria muito. Com movimentos rápidos e silenciosos, saiu do carro e correu para um beco próximo, arrombando a porta de um prédio e se escondendo lá dentro. Um pouco de concentração e Pronto ! Estava usando um dos uniformes dos guardas, com direito a rifle e tudo.

Indo pelo lado do acampamento, Maxy conseguiu infiltrar-se no meio do exército, embora ainda sentisse um leve desconforto em estar bem na boca do leão. Os outros guardas nem repararam quando passava, nem mesmo o questionavam de qual trabalho estava fazendo, isso era ótimo. O garoto seguiu, marchando, até a última das tendas. Estava cheia de armas modernas e "medievais", Arcos, Lanças, Espadas, Adagas, Bestas e escudos. Todos eram prateados e com o símbolo de um corvo roxo.

- Muito bonito, não é ? - Perguntou-lhe um jovem rapaz dentro da tenda, diferente dos outros guardas usava uma armadura esmaltada de roxo e um elmo em forma de corvo, mostrando apenas seus olhos dourados, assustadoramente brilhantes. - Apenas verdadeiros descendentes de Avalon conseguem usar a Prata Lunar, e poucos sobreviveram a Primeira Queda.

- Eu sei. - Maxy disse inconscientemente, lembrava-se de ver tais armas em sua visão, mas não conseguia puxar nada agora que fizesse referência aos olhos dourados. - Com licença, Senhor.

- Hey, não lhe dei permissão para sair ! - O rapaz disse antes que Maxy conseguisse se virar, dando um sorriso para o menor. - De que esquadrão você é, soldado ?

Um nó se formou em sua garganta, não conseguia lembrar-se nada sobre esquadrões, e aquela luz dourada parecia deixar-lhe ainda mais nervoso. Deveria ser uma missão silenciosa, chegar e queimar tudo, mas agora sabia que teria que lutar. Maxy jogou o rifle na direção do rapaz, que colocou os braços na frente do rosto, mas a única coisa que lhe atingiu foi uma poeira branca. O menor correu, puxando um bracelete negro que trazia uma corrente roxa ao redor, colocando-o em seu braço com pressa.

- Hm. Tem sangue de Avalon ? Vai ser uma boa briga. - O rapaz gritou, gargalhando em seguida. - E alias, meu nome é Jeffrey.

Rápido como um raio, Jeffrey tentou golpeá-lo com a espada, mas a corrente amarrou-se em sua lâmina. A corrente parecia obedecer os pensamentos de Maxy, ordenando que puxasse a espada para si, mas a força do outro foi maior. Com um puxão, Jeffrey arrancou a espada de volta para si, dançando com a lâmina na direção do menor. Seus golpes eram rápidos, mas ineficazes contra a defesa que a corrente lhe dava. A lâmina batendo na corrente e gerando faíscas, faíscas que em segundos começaram a se transformar em uma pequena chama e que logo virou um incêndio.

Nenhum dos dois parecia perto de desistir, mas as chamas engoliam a tenda e esquentavam suas armas, deixando queimaduras em ambos. O disfarce de Maxy se desfez, agora era o azul de seus olhos contra o dourado de Jeffrey, o poder fluía entre eles de maneira impressionante.

- Acha que está a salvo na ÍNDIGO, garoto ? - Jeffrey rosnou, voltando a golpeá-lo. - Não sabe de nada, eles apenas usam seus poderes para beneficio próprio, depois vão te descartar como lixo !

Maxy queria apagar aquela chama que parecia engolir seu corpo, mas quando escutou as palavras de Jeffrey, deixou que explodisse.

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