A Infância de Jessica

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Dez anos antes...

Mais um sábado de manhã em Alto Jequitibá sem conseguir dormir. Cachorros latindo, som alto, gente gritando... Não era assim que funcionava os finais de semana.
Jessica bufa e se senta na cama.

— Pourra, o plano era dormir até depois do meio dia viado. — Reclamou com a mão no rosto. — Fala sério, são oito da manhã!

O jeito era sair da cama e viver a cansativa vida de sempre. Mesmo que, necessariamente, não fizesse quase nada.
Jessica se trocou, escovou os dentes e deu bom dia para seu gato Bilada na janela do quarto. Prendeu o cabelo em um rabo e passou reto pela cozinha. Era uma euforia só: mãe discutindo com a avó com Jonathan no colo (seu irmão mais novo, 3 meses); uma cachorrada entrando e saindo pra correr atrás de seu outro irmão, Michael (5 anos); brinquedos espalhados no chão por toda a parte...
Jessica ignorou tudo aquilo e finalmente saiu de casa. Era bom viver na vizinhança, todos conheciam todos. Então não tinha nada do que se preocupar, exceto que...

— Sim, temos vizinhos novos.

Comentou Rafael, ao lado de Jessica. Era um de seus amigos por ali.

— São os vizinhos da última casa do bairro? Aquela que estava por alugar, é?

— Exatamente. Vão vir amanhã, acho. — Rafa deu de ombros na bicicleta. — Mas já estão trazendo as mobílias.

— Pouco me fodo. Vamo brincar!

— Vamos!

E era assim que passavam todas as tardes dos finais de semana. Andavam de bicicleta, chamavam os outros amigos vizinhos pra brincar de futebol de rua, até mesmo aquele vizinho riquinho pra ele poder emprestar a bola, claro.
Com o entardecer do dia, Jessica voltou para casa, jantou, tomou aquele banho relaxante ( ͡° ͜ʖ ͡°)
e, por fim, foi dormir com seu gato Bilada em sua cama.

[...]
No dia seguinte, sua mãe não foi lhe acordar. Era estranho, nunca dormiu tão tarde e... Ah, o relógio só acabou a bateria. Eram 10:12 AM.
Bilada estava observando da janela a bagunça lá fora. De repente, começou a miar, como se chamasse para Jessica assistir também. Jessica foi até a janela e olhou lá fora. Os novos vizinhos tinham acabado de chegar mais hoje cedo. E, de repente, eis que surge das profundezas do inferno– digo, da última casa do bairro, uma garota. Cabelos longos, magrela, jeito de piranha e olhar de quem não vale nem 1 centavinho. Ah, Jessica conhecia bem esse tipinho.

Mas enfim, afinal era tarde. Depois do almoço Jessica saiu para brincar com Rafa e seus amigos. Porém, só Rafa compareceu, sempre com sua bicicleta.

— Onde estão os outros?

— Você não sabe? Desde que aquele povo daquela casa dos vizinhos novos, toda vizinhança parece que babam-ovo deles. Até nossos amigos foram na deles, junto com a Lara e os outros garotos...

— Quem é Lara?

— A filha dos donos da última casa do bairro. Você é sempre a última a saber das coisas?

Então a dita cuja era chamada de Lara. Mal chegou neste bairro e já quer mandar em tudo, inclusive roubar os MEUS amigos?! Pensou Jessica.
Mas as coisas não funcionavam assim. Era só questão de tempo.

Continua...


As Aventuras de JéssicaOnde histórias criam vida. Descubra agora