Capítulo 1

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Deve fazer uns 3 meses que estou aqui, mas parece 4 anos, será que ninguém sente minha falta?

Meus pesamentos foram interrompidos, acabei de receber um copo d'água, levantei-me para pegar e beber um gole.

"Eca, gosto de terra! Como sempre...", falei decepcionada.

Voltei a minha posição fetal, sentada na cama com esse colchão fedorento, com as costas nas paredes cinzas, se bem que nessa escuridão é difícil saber a cor real.

Acabei adormecendo e fui acordada com vozes. Nossa, vozes? Faz tanto tempo que não vejo outra pessoa falando.

Me levantei animada e fui até a porta gigante que me trancava nessa prisão, era difícil ouvir, afinal, ela é muito grossa mas me esforcei.

"Cara, hoje é o dia! Estou animado!", falou um homem com uma voz muito bonita.

"É, eu sei, eu não devia estar falando por aqui, estou perto do local onde aquela garota está! Mas bem que a parede é tão grossa que não dá pra ouvir nem os gritos dela, imagina essa conversinha amigável"

"Meu deus! Então era isso", sussurrei baixinho e voltei à me escorar na porta para ouvir.

"Daqui a pouco entramos em ação, ok? Tenho que desligar, boa noite!", ele falou e logo depois ouvi o barulho dos passos dele se afastando.

Estou tão feliz, finalmente tenho algo pra fazer!

Agora posso pensar se ele estava falando de uma balada, de um encontro, posso imaginar qual o rosto dele, e agora finalmente sei que é noite e se é uma balada... Deve ser sexta-feira ou sábado!

Peguei meu copo d'água com gosto de barro, bebi um gole e logo depois recebi minha comida.

"Delícia! Eu estava com muita fome", me levantei e fui até a portinha onde passavam o meu copo e meu prato de comida.

Quando me agachei percebi algo diferente, me mandaram um garfo de verdade e não de plástico. Mais um motivo para eu ficar 'feliz'!

Comecei a comer e percebi que essa é a melhor refeição que eu comi nesses 3 meses, tinha até frango, hoje realmente é meu dia de sorte.

Depois que terminei de comer, fui até a pia limpar minha boca e voltar na minha rotina de sempre, deitar e dormir.

Quando deitei na minha cama fiquei pensando no moço que falou ao telefone, ele parecia tão amigável, será que ele tem a ver com meu sequestro? As aparências realmente enganam...


-

"O que é isso?", murmurei enquanto coçava meus olhos, "Isso é... Luz?"

Quando finalmente abri os olhos vi uma silhueta de um homem alto se aproximando. Meu deus.

"Calada, fique caladinha", ele falou pegando no meu braço e me puxando.

"Você vai me matar?", falei gritando, "Por favor não me mate, eu faço o que fo...", fui interrompida por ele.

"Cale a boca se não te coloco lá dentro de volta", obedeci as ordens desse moço alto, ele tinha olhos verdes e covinhas.

Subimos uma escada que parecia infinita, eu nunca fiquei tão cansada na minha vida, fiquei até com pena de quem me levava comida. 

Quando finalmente chegamos, eu estava fora de lá, eu estava numa rua e estava respirando ar puro! Eu havia parado de caminhar só para admirar as estrelas no céu.

"Garota, ande rápido!", ele me puxou e chegamos em um carro, ele abriu a porta e me jogou lá dentro.

Enquanto eu estava meio atirada no carro, não tinha preocupação do que estava acontecendo, afinal, eu estava fora do porão, estava quase livre.

"Qual seu nome, garota?" , perguntou o motorista, ele era alto e tinha tatuagens na mão, usava um grande paletó, assim como seu companheiro.

"É Rebbecca" , falei e ele começou à me olhar pelo o espelho do carro, "O que vocês querem de mim? Vocês vão me matar, né?"

O Homem dos olhos verdes virou para mim, ele me dava um pouco de medo, para ser sincera acho que até Britney Spears me daria medo nesse momento.

"Francamente, se te matar fosse a intenção, eu já teria te matado naquele buraco negro que você estava, né?! Qual a moral de te trazer aqui fora, só para você fazer escândalo e chamar atenção?!", ele disse meio irritado.

"Não seja tão duro com ela, olhe o que ela passou!", disse o motorista.

"Eu posso fazer umas perguntas?", eu falei com tom de insegurança.

"Desde que não seja sobre o que estamos fazendo com você, sim", disse o homem dos olhos verdes.

"Que dia é hoje? Que dia da semana é? Que horas são? A Lady Gaga voltou pro pop?", eu disse muito rápido, acho que nem eu entendi o que falei.

"29, sexta-feira, 4 da manhã, não sei e não me importo", ele disse rude como sempre.

"Ela não voltou pro pop, ela canta rock agora", disse o motorista.

"Nossa", falei desapontada

Eles pareciam legais (pelo menos o motorista), eu estava muito desesperada por dentro mas se eu fizer escândalo, eles podem me deixar no porão, então acho melhor puxar algum assunto e tentar saber o que aconteceu nesse tempo todo, pelo menos para eu ter algo para pensar caso o pior aconteça.

"Chegamos", disse o motorista, "Se assegure de que Rebbeca não irá fugir", ele disse olhando para seu companheiro.

O homem dos olhos verdes abriu a porta do carro e deu espaço para mim sair. Quando eu saí avistei uma bela casa, ou melhor, uma bela mansão, ele me pegou pelo braço e me arrastou até a porta dessa casa, o motorista à abriu e deu espaço para eu e ele entrarmos.

Eu olhei para a mansão do teto até o chão, ela era muito bonita e limpa. Como era bom sentir cheiro de casa limpa...

 Quando eu vi meus braços e minhas pernas na luz branca concluí que preciso de um banho urgentemente.

"Sente-se no sofá", ordenou o homem alto dos olhos verdes.

O Sofá era muito branco, impecável, eu estava toda suja e até senti pena de sentar lá.

O motorista ficou do lado do homem dos olhos verdes, os dois me olhando fixamente.

"Bom, finalmente iremos te explicar o que está acontecendo", disse o motorista.

Strayed |z;m|Onde histórias criam vida. Descubra agora