"Isso aconteceu mesmo?" – perguntou Patrick depois de eu lhe contar o que se tinha passado na casa assombrada.
"Sim. Ele anda a perseguir-me. Eu tenho mesmo de saber quem ele é urgentemente!" – disse dando voltas de um lado para o outro na pequena sala do apartamento do professor de biologia.
"Qual é a tua ideia?" – indagou Theo levantando-se do pequeno sofá preto com uma cara séria.
Encolhi os ombros e comecei a roer a unha do polegar a pensar no que devia fazer. Confiar na polícia está fora de questão, andam a fazer investigações que não dão em nada e só atraem mais mortes.
"Já sei o que podemos fazer. Mas vou precisar da tua ajuda!" – disse olhando para o Patrick.
"Tinha de sobrar para mim." – exclamou o dono do apartamento.
Contei-lhe tudo o que precisava que ele fizesse. É arriscado, mas para grandes males, grandes remédios! 'Eu não vou fazer isso!'. Dizia repetidamente o Sr. O'Neil. Insisti e insisti até que o Patrick, por exaustão, dissesse que sim.
"Mas para que é que tu queres que ele faça isso?" – interrogou-me Theo confuso.
"Só vos posso dizer uma parte do plano. Eu preciso de tirar os meus pais daqui e para isso temos de falar com o patrão do meu pai, que por acaso é o marido da professora de português." – eu tenho noção de que a minha explicação foi muito vaga, mas o meu plano vai dar resultado. Espero eu!
...
Mais uma aula de biologia. Como sempre estava toda a gente atenta à aula. Normalmente os alunos dormem durante as aulas, mas toda a gente adora o Sr. O'Neil, talvez por ele ser novo e as aulas até são interessantes.
Por mais interessante que a aula fosse os meus pensamentos eram todos sobre o plano. Discretamente, tirei o telemóvel da mochila e mandei uma mensagem ao Patrick: "Já descobriste alguma coisa sobre o Sr. Prince?".
Instantes depois ouviu-se um toque de telemóvel. Patrick ficou um pouco embaraçado e pediu desculpa. Escreveu no quadro uns quantos exercícios do livro e sem ninguém reparar respondeu à mensagem: "Não. Eu tenho uma vida e não é assim tão fácil descobrir informações sobre uma pessoa que nem sequer conhecemos. Agora faz os exercícios e não mandes mais mensagens ou eu sou obrigado a confiscar-te o telemóvel."
Fiz alguns exercícios, mas cheguei a um mais complicado e chamei o professor. Ele olhou para mim e caminhou até mim.
"Diga Bella. Qual é a duvida?" – perguntou profissionalmente.
"É nesta pergunta." – respondi. Ele chegou mais perto e eu sussurrei: - "Apressa-te. Isto é importante, se não descobres a vida do homem o "assassino" mata mais alguém." – ele não disse nada e apenas me explicou o exercício. – "Já percebi. Obrigada Sr. O'Neil."
...
Nos últimos 2 dias o Patrick tem evitado falar comigo. Vejo a andar pelos corredores a falar com os alunos, com os professores, mas assim que me vê volta costas e ignora-me, nem me atende o telemóvel.
"Bella, no final da aula preciso de falar consigo." – informou o Sr. O'Neil no início da aula.
Finalmente ele quer falar comigo. Passei a aula inquieta e desconcentrada. Talvez ele já tenha as informações necessárias.
"Vais finalmente dizer-me porque é que me andas a ignorar?" – perguntei assim que toda a turma saiu da sala.
"Desculpa. Eu sabia como era importante para ti eu descobrir coisas sobre o patrão do teu pai e como eu não tinha nada decidi manter-me afastado." – retorquiu o professor.
"Não faz mal. Estive com o Theo, mas então descobriste alguma coisa?" – inquiri ansiosa.
Ele contou-me tudo sobre o Sr. Prince e a sua vida paralela ao casamento. A Sr.ª Prince tenta engatar o Patrick e o Sr. Prince trai a esposa com a mulher das limpezas. Ao menos não a trai com a secretária.
Parece que hoje vou fazer uma paragem na Sony. Até pode ser giro.
...
"Preciso de falar com o Sr. Price!" – anunciei assim que cheguei perto da mesa da secretária. Já percebi porque é que ele não traiu a Sr.ª Prince com a secretária. Já vi dinossauros mais novos.
"Tem marcação?" – perguntou olhando para mim por cima dos óculos.
"Não, mas acredite que ele vai querer falar comigo. É mesmo importante." – avisei. A senhora encarou e voltou a olhar para uns papéis quaisquer.
"Sem marcação não há conversa para ninguém. Tenha um bom dia." – disse a senhora cinicamente.
"O meu pai trabalha aqui, será que não pode dar um jeitinho? Eu sou filha do Jake Marin. Por favor!" – pedi delicadamente.
A secretária olhou para mim e suspirou. Pensei que não ia conseguir entrar no maldito gabinete, mas a senhora levantou-se e entrou na divisão.
"Pode entrar." – anunciou a senhora.
Entrei no gabinete e que gabinete! Tinha uma parede toda em vidro e era muito sofisticado.
"Diga depressa o que precisa. Tenho mais que fazer!" – disse o dono da empresa de forma arrogante.
"Claro que sim. Eu preciso que dê ao meu pai umas férias. De mais ou menos 4 meses. Pode ser?" – pedi como se pedisse para tirar um rebuçado da taça em cima da mesa. Pela primeira vez desde que entrei no gabinete captei a atenção do Sr. Prince.
"Isso é impossível. O seu pai trabalha aqui há pouco tempo. Lamento imenso!" – disse sem emoção na voz.
"A sério? Tem a certeza? É que eu posso dizer a toda a gente que tem um caso com a empregada da limpeza. Pode escapar-me esta informação!" – disse aproximando-me da porta.
"Chantagista!" – fingi-me chocada e abri a porta. – "Espere! Eu dou as férias ao seu pai, mas só se me disser porque é que o quer de férias."
"Acho que não está em posição de fazer exigências. Amanhã quero uma carta na minha caixa do correio com passagens para um cruzeiro pago por esta empresa. Uma passagem para duas pessoas. Não se esqueça, amanhã sem falta."
...
Espero bem que o patrão do meu pai mande os bilhetes. Tê-los em Ludgate Hill não me dá jeito nenhum. Levantei-me e ouvi os meus pais a falar entusiasmadamente. Aproximei-me da cozinha e assim que deram por mim calaram-se.
"De que é que estavam a falar?" – perguntei esfregando os olhos.
"Nada." – responderam em uníssono.
Olhei por cima da mesa e vi lá dois bilhetes para um cruzeiro espectacular. Peguei neles e olhei para os meus pais.
"Não comeces a pensar coisas. Nós não vamos!" – avisou logo a minha mãe.
"Porque não? Eu já sou crescidinha e vocês precisam de um tempo a sós." – incentivei. Eu já sabia que ia ser difícil convencê-los a ir.
Ambos concordaram em pensar e dois dias depois da conversa na cozinha os meus pais disseram-me que iam para o cruzeiro, mas disseram-me que o Patrick ia estar de olho em mim.
Fizeram as malas e uma semana depois já estavam a entrar a entrar no cruzeiro e eu estava mais feliz do que nunca. Eu vou finalmente descobrir quem é o "assassino"!
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Ghosts of the Past
Misterio / SuspensoUma nova cidade, um novo começo... Depois do acidente, Bella nunca mais foi a mesma, mas é em Londres que vai resolver tudo sobre o seu passado. É em Londres que Bella faz novos amigos e tenta começar de novo, mas os fantasmas do passado não vão dei...