Um Chamado para Despertar

Prólogo

    Eu estava brincando no sofá com Nico quando a campainha tocou. A babá foi correndo atender – Já era bem tarde pensei que pudesse ser os meus pais voltando do jantar.  – Quando olhei pra porta tinha um policial parado, falando alguma coisa que não consegui ouvir direito, mas deduzi que fosse sobre os meus pais. Fiquei muito assustada por que policiais só apareciam quando algo de ruim acontecia. O policial se curvou um pouco pro lado e olhou pra mim e pro Nico que estava do meu lado brincando com o seu carrinho. A babá parecia muito assustada, em seguida ela fechou a porta e demorou um pouco para se virar. Com a expressão bastante assustada não conseguia falar. Eu não aguentei a agonia de não saber o que estava acontecendo então tomei a iniciativa de falar com ela.

– O que ouve?... Cadê o papai e a mamãe? – Quando falei ela colocou a mão no rosto e começou a chorar, mas rapidamente limpou as lagrima se sentou do meu lado pegando em minha mão tentando se controlar para não cair em lagrimas novamente.

– Duda... O papai e a mamãe... Eles...

Com tantas pausas percebi que as coisas estavam muito seria peguei meu irmão e o abracei muito forte. Tive a sensação que ele iria precisar de mim. Eu demorei um pouco para acreditar que os meus pais tinham morrido, os policiais disseram para minha babá que eles perderão o controle do carro e caiu na ribanceira. Quando fiquei sabendo do acontecido imaginei que eles provavelmente estavam discutindo, pois era o que eles mais faziam nos últimos cinco meses. Eles viviam brigando pelo os cantos e tentavam de tudo para que eu e Nico não víssemos – mas eu sempre via – apesar de ser apenas um bebê de um ano e nove meses e não entender muita coisa meus pais tinham muito cuidado com ele. De vez ou outra eu escutava as discussões quando meu pai chegava tarde do trabalho. O motivo, quase sempre a secretaria do meu pai minha mãe tinha muito ciúmes dela. Mas antes dessas brigas constantes eles foram muito felizes mesmo com esses ciúmes da mamãe, eles eram ótimos pais Nico e eu eramos muito apegado a eles.

No dia seguinte a irmã da mamãe de Detroit, veio para o enterro e para levar eu e Nico pra morar com ela. Eu já tinha visto ela uma ou duas vezes no ultimo natal que passamos com a vovó, ela não parecia nada com a mamãe, tinha uma aparência diferente mal cuidada e um cheiro distante de álcool. Mamãe disse que ela era alcoólatra isso explicava o cheiro distante do álcool. Tudo pra mim ainda estava muito estranho até parecia mais um pesadelo, eu sentia uma dor dentro de mim que não sabia como explicar ou me expressar. Só ficava quietinha no meu canto, mas sabia que tinha que ser forte.

Quando estava perto da hora do velório Nico não parava de chorar já estava sentindo muita falta da mamãe (e eu confesso que também estava e muita). Quem me arrumou foi a minha babá, ela estava muito abatida. Vestiu-me um vestido preto de mangas longas que usei no enterro da vovó há dois anos, estava um pouco mais curto e velho mais não liguei até por que quem iria reparar na roupa de uma menina de oito anos que acabou de perder os pais. Ela fez uma trança em meus cabelos deixando o resto solto. Logo ao terminar de me arrumar fui encontrar meu irmão que estava sentado no sofá soluçando e achando estranho o movimento da casa que nunca estava cheia.

– oi meu pequeno – ele estava com um olhar tão triste. Agachei de frente para ele e Nico veio para mais perto de mim e me abraçou – vai ficar tudo bem meu amor. 

Quando chegamos ao funeral tudo parecia estranho, até o frio daquele inverno parecia mais intenso e profundo. Fiquei a maior parte do lado da babá e de Nico, olhava para todos e não conhecia nem a metade daquelas pessoas, provavelmente deveriam ser os parentes do papai que nunca víamos, pois eles não gostavam da mamãe e por isso nunca iam nos visitar. Eu e Nico fomos os últimos a sair dali sentamos ao lado dos caixões nos abraçamos e ele chorou muito como se estivesse entendendo o que estava acontecendo, em seguida a babá foi se despedir da gente. Ela se ajoelhou pra falar comigo tentando segurar as lagrimas e com a voz embargada.