Júlie acordava com o barulho de de panelas no quarto. O barulho era tão alto que todas as crianças acordaram também . Ela se levantou da cama e olhou para a porta, era uma mulher batendo com uma colher de pau na panela .
- Fala sério . - disse Júlie . Uma garota ruiva que dormia na parte de cima da beliche ouviu o que Júlie disse .
- Isso é mesmo um saco . - disse a ruiva descendo da cama e colocando seus chinelos . - Prazer , me chamo Rafaela . - estendeu a mão para Júlie, mas ela só olhou para a mão da menina e deu os ombros . Rafaela sorriu e foi atrás de Júlie. - Sabe acho que podemos ser amigas. - disse a garota indo atrás de Júlie.
- Não tenho amigos. - a garota fechou o sorriso que tinha em sua boca.
- Legal, eu também não . Ninguém aqui gosta de mim, a maioria me chamam de louca . - dizia ela enquanto descia as escada junto com Júlie.
- Eu te entendo .
- Então, acha que podemos ser amigas? - Júlie se virou para ela, e disse:
- Não tenho amigos . Acho que podemos ser conhecidas. - e então ela continuou a descer as escadas e as duas foram até o refeitório onde as crianças poderia pegar o que quiser para comer. Júlie pegou um lanche leve, já que não era acostumada a comer tanta comida, mas já Rafaela pegou o tanto que podia . E então as duas foram para uma mesa que ficava no fundo.
- E então, gosta desse orfanato ? - perguntou Rafaela colocando uma maça na boca.
- Nem um pouco . - Júlie comia seu lanche .
- Eu também não gostava daqui antes, mas já me acostumei , também me acostumei a ser a excluída de tudo .
- Eu também era assim no outro orfanato. Mas mesmo assim sinto saudades de lá.
- E por que sente saudades de um lugar que não te fez bem ? - perguntou Rafaela. Júlie ficou em silencio por cinco segundos e depois respondeu.
- Minha mãe também morou naquele orfanato . Ela foi deixada na porta de lá quando apenas era um bebê. E lá foi um lugar muito especial para ela. Foi lá que ela conheceu meu pai, ele era filho do diretor na época . E lá consigo sentir a presença da minha mãe em toda a parte. - Rafaela sorriu.
- Isso é incrível . Mas, o que aconteceu com seus pais ? - Júlie abaixou a cabeça e respondeu:
- Eles foram mortos. Meu pai tinha muito dinheiro e então ele era conhecido bastante na cidade que nós vivíamos . - uma lagrima caiu dos olhos de Júlie .- E então foram atrás dele e mataram ele e minha mãe esfaqueados. Eles tiveram pena de mim e então me levaram para um orfanato , fingindo que tinham me encontrado na rua, mas não é verdade. E então até hoje tenho guardado esse segredo e não contado para ninguém . Até agora.
Rafaela estava boquiaberta com a situação de Júlie. Era uma história triste, mas se ela contou isso para ela talvez ela já a considerava como amiga . E então será que elas poderiam confiar uma na outra ?
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A Pequena Estranha
Historical FictionEsse livro conta a história da pequena Júlie. Que vive em um orfanato desde quando tinha cinco anos , hoje com nove anos ela tenta se enquadrar com seus colegas de quarto,por ter ser tão diferente e ter um pensamento estranho , seus colegas acabam f...