Descobri que quando completamos 20 anos, para entrarmos definitivamente na vida adulta, precisamos encantar um homem. Eu estava nervosa, afinal, eu tinha horror à seres humanos e precisaria encantar um deles.
- Moana, você que já fez isso, me ajude!
- Fique calma, é uma coisa normal para nós sereias e sua hora chegou, querida irmã.
Treinei minha voz, até esperar mamãe me chamar:
- Morgana, minha filha. Sua hora chegou.
Comecei a ficar apreensiva. Mas mamãe me deu as instruções.
- Sente numa rocha, não tão perto mas não tão longe do litoral do mar. Arrume seu cabelo e comece a cantar. O resto, você aprenderá por experiência própria.
- Ah, mãe! Me ajude mais!
- Você é uma sereia, e saberá o que fazer quando a hora chegar.
Fiz exatamente como ela me instruiu. Sentei numa rocha, arrumei meu cabelo e comecei a cantar.
- As águas do rio amam as sereias e odeiam os humanos. Os peixes reúnem-se para dançar ao som da sereia, enquanto os homens nadam até seu encontro. Venha, venha. Não tenha medo. O mal que fizeste à nos, acabará antes mesmo que se lembre. -cantei lentamente.
- Oh, que voz maravilhosa! - disse o homem hipnotizado.
O homem nadou em minha direção, no início fiquei assustada, mas uma hora ou outra ele ia morrer afogado.
Ele tentou agarrar-se à minha cauda mas já era tarde demais. A água entrava pelo seu nariz e boca, e ele tentava sair, porém suas tentativas foram em vão.Assim que o homem partiu para outra vida, mamãe me parabenizou.
- Você foi excelente, Morgana!
- Obrigada, mãe. Espero não ter que fazer isso sempre.
- Agora que você atingiu a idade certa, poderá encantar os homens a hora que quiser, porém sempre se lembre, encantamos os homens quando queremos reclamar de algo que está prejudicando a natureza. Não devemos matá-los por puro prazer.
- Sim, mamãe.
E desde que eu me lembre, foi a primeira e a penúltima vez que eu encantei um homem
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Morgana
FantasiEu me chamo Morgana e era uma sereia. Eu vivia num lindo mar de água cristalina, acompanhada de meus amigos peixes e de maravilhosas algas coloridas. A ganância do homem, me matou.