Capítulo 1

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O tempo estava instável, frio e ventava muito. Um dia cinzento e típico de inverno em New York City; os flocos de neve caíam em espiral e eram lançados contra as vidraças do Aeroporto Internacional John F. Kennedy. Alguns passageiros amedrontados olhavam para as baixas e cinzas nuvens que cobriam a região em torno do aeroporto. Espantavam-se com a velocidade que a neve era lançada e quão se amontoava sobre as aeronaves, paradas na pista de pouso.

Funcionários do aeroporto tentavam movimentar-se dentro da tempestade, para com mangueiras e escovões retirar a neve grudada nas engrenagens dos aviões e no embarque e desembarque de bagagens. O vento forte e a grande quantidade de roupas de inverno que vestiam, dificultava o trabalho.

Essas estavam sendo as temperaturas mais baixas já registradas na região de New York, nos últimos 10 anos. Voos nacionais e internacionais foram cancelados; passeios turísticos de barco em torno da ilha de Manhattan foram remarcados e o topo do Empire State Building foi interditado para visitações, devido às condições severas do tempo.

Dentro do aeroporto, em um dos saguões de embarques internacionais, a temperatura encontrava-se mais agradável e amena, mas os passageiros apresentavam-se tensos e preocupados com o clima lá fora.

Com os voos cancelados por tempo indeterminado, o turbilhão de vozes no saguão só aumentava. Empresários da Wall Street em seus celulares resolviam problemas e negócios de última hora; pais ligavam para seus filhos para explicar o atraso em sua chegada; turistas remarcavam conexões ou reservas em hotéis; e os demais simplesmente conversavam com amigos, via redes sociais, atualizavam seus status com selfies em modernos smartphones; mas a maior agitação e algazarra vinha dos estudantes de história da Universidade de New York que ali estavam a mais de quatro horas, devido ao cancelamento de seu voo para o Egito.

Alex era um garoto tímido, porém muito estudioso do subúrbio de New York. De estatura mediana, poucos músculos, cabelos escuros, olhos verdes e rosto assimétrico; estava perdido em seus pensamentos, olhando através da vidraça em direção à pista de pouso onde a neve caía. Repassava assim, os acontecimentos das últimas semanas.

Há três semanas sua turma se inscrevera, de última hora, em um concurso nacional de trabalhos universitários com o tema: A História Egípcia. Nos dias seguintes leram, escreveram, redigiram e entregaram o trabalho final a banca julgadora em Washington D.C.. O trabalho consistia em desenvolver um programa ou método de incentivo para crianças de níveis fundamentais a interessarem-se por história, sendo esse o projeto que sua turma desenvolvera. Uma semana depois com a revelação do resultado, tornou-se oficial o segundo lugar da premiação a sua turma. Como prêmio receberam uma viagem de estudos ao Egito, com direito a passagens, hotel e demais despesas pagas. Alex achava um ótimo prêmio! Mas o primeiro lugar era, como dizia Alex, um pouco melhor. Além de ganhar a mesma viagem, o grupo vencedor receberia um prêmio de 10 mil dólares e uma coluna especial descrevendo o trabalho ganhador, na National Geographic do mês seguinte.

A última semana em especial fora umaloucura para Alex e sua turma, passagens e conexões para marcar, hotel epousadas para reservar, sem falar de guias turísticos, entradas de museus,parques e expedições. Alex estava no comando, como líder da turma de formandosda graduação em história da universidade deste ano. Organizou e conferiu tudodiversas vezes, para que tudo acontecesse corretamente e não perdessem nadadesta viagem que prometia ser a melhor de suas vidas. Porém dois dias antes doembarque o clima literalmente fechou. Caiu a maior nevasca já registrada em NewYork e vinha piorando muito nos últimos dias. Agora ali estavam, quinze alunose dois professores, presos em um aeroporto por mais de quatro horas e nadapodiam fazer, a não ser esperar que a neve parasse de cair e o vento gélido desoprar.    

O Efeito ThothOnde histórias criam vida. Descubra agora