24 - Relembrando o passado com um ombro amigo.

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Eu não acredito que depois de anos chorando, sem saber pra onde eles foram, sozinha nesse mundo, eles tem a cara de pau de aparecer quando a minha vida estava começando a se resolver com o tempo do meu esforço.

Agora com os meus vinte anos eles estão aqui, sorrindo para mim como se nada tivesse acontecido. Como se todos os anos que eu passei sozinha no mundo enquanto passava dificuldades para me sustentar não passasse de um pesadelo.

Katherine e Dylan me olhavam assustados, como se temessem minha reação, enquanto Liam, esse encarava toda aquela situação com uma expressão confusa.

- O que vocês dois estão fazendo aqui? - Eu queria gritar, jogar na cara deles tudo o que eu passei depois deles terem sumido do mapa por anos, mas eu não tinha forças para isso. Eu ainda me sentia mal e talvez agora piore com esse aparecimento repentino.

- Minha filha linda, como você cresceu. - Bethânia vinha com um sorriso de orelha a orelha para me abraçar, mas eu fui para trás de Liam, querendo-a o mais distante possível.

- Não chege perto de mim!

- Isso é jeito de tratar uma mãe? - Ela me repreende como se tivesse algum direito.

Que absurdo!

- Charlotte, nós voltamos. - Carlos diz com nenhum pingo de sentimentalismo. - E pra ficar.

Eu balanço a cabeça me sentindo sufocada ali dentro. Parecia que todo o oxigênio do planeta havia sido sugado para bem longe de mim.
Me viro para Katherine e Dylan. Estava com tanta raiva naquele momento que eu seria bem capaz de desconta-la neles. E eu não queria isso.

- Por que vocês deixaram eles entrarem? Por que?

- Eles saíram entrando, Charlotte. Não foi nossa culpa. - Katherine diz em um tom aflito.

Eu olho para os dois que não deveriam de maneira alguma serem considerados como pais e semicerro os olhos.

- VÃO EMBORA AGORA!

- Aqui é a nossa casa. - Bethânia volta a se pronunciar e minha raiva só aumenta.

- Essa é MINHA casa! Casa àqual eu conquistei com MEU esforço. Lembrem-se os dois, a moradia onde morávamos e que eu achava ser a melhor de todas, ficou para trás, no meu passado como vocês.

Ambos recuam um passo como se tivessem sido acertados diretamente no estômago com um soco. Eu respiro fundo. É disso que eu preciso, é neles que eu devo descontar minha raiva. Porque de qualquer forma foram eles os causadores do meu passado triste.

- Nós não te abandonamos, se é isso que se passa na sua cabeça. Fomos procurar trabalho, lembra? - Meu pai se recompõe.

- E encontraram só agora? Eu já tenho vinte anos, eu não preciso de vocês mais! - Suspiro pesado. Liam a minha frente estava tenso com tudo aquilo. - Na verdade eu nunca precisei. Praticamente me criei sozinha.

Ver eles novamente, doía. Oh como doía. Era como se eu revesse tudo o que passei em câmera lenta, destruindo mais partes do meu coração ferido que ainda não havia sido cicatrizado.

- Olha, vamos nos sentar e explicaremos tudo o que aconteceu conosco, filha. - Minha mãe pede em lágrimas e a única coisa que faço em vê-la mal assim é rosnar. Patético da parte dela achar que com choro vai conseguir mudar o que já estava feito.

- Não! Eu me recuso a ouvir seus discurcinhos mentirosos. - Me viro para Liam que até agora não tinha falado nada e peço, quase implorando: - Me leve daqui por favor...

- Claro. - Ele me responde, parecendo ter despertado do transe agora.

- Mas Charlotte, nós...

Meu Novo Chefe EstúpidoOnde histórias criam vida. Descubra agora