Astuta, sagaz, esperta e solitária; o rajar vermelho que tremula como fogo segue sua passagem e anuncia sua presença, apesar do instinto de desconfiança. Impossível discernir se trata de uma raposa ou de Rose Weasley.
Talvez seja o fato de serem tão semelhantes que levou este a ser o animal preferido da garota, estampado em todo e qualquer objeto pertencente à ruiva, levando a ser a marca registrada dela. Ou então tenha tido origem em sua primeira pelúcia, Lizzie, ter sido uma raposa vermelha.
Enquanto quartos de garotas comumente exibem borboletas, corujas ou até mesmo gatinhos; o de Rose não: ele estava repleto de raposas. E, verdade seja dita, a imponente raposa que se movia graças a um encantamento na parede de seu quarto era exuberante.
Sua primeira emissão mágica, ainda aos sete anos, havia sido trazer à vida Lizzie, fazendo-a mover e brincar sobre sua barriga, em uma noite que os pesadelos haviam tornado impossível cair no sono novamente. Imaginem qual foi o espanto de Ronald Weasley ao abrir o quarto da filha pela manhã e encontrar uma miniatura de tal animal selvagem a acariciar as bochechas da pequena Rose.
Aos onze anos, após ter recebido a tão sonhada carta de Hogwarts, brigou com a mãe: não queria uma coruja, ou um sapo nojento, ou ainda um gato manhoso para ser sua companhia no castelo. Queria uma raposa. "Querida, você não pode levar uma raposa para Hogwarts", Hermione lhe respondera. "Por que não?", ela erguera o nariz, num gesto tão orgulhoso quanto podia ser. "Raposas vivem livre, Rose; se aprisionadas não são mais raposas". Resignada, não aceitou, apenas se calou; arquitetando um modo de ter o animal.
Por fim, entendeu o que a mãe quis lhe mostrar. Animais como raposas tem de ser livres para simplesmente conseguir existirem. Não é um luxo, é uma necessidade. E ela entendia bem, pois era exatamente assim.
***
-Rose – o primo chamava, seguindo-a de perto após a aula de poções – Rose. Rose Weasley! – por fim gritou, clamando pela atenção da ruiva.
-O que foi Albus? – ela por fim desistiu, abraçando os livros que trazia contra o peito, como se formassem uma barreira entre ela e o outro – Não quero me atrasar para a próxima aula.
-Eu só, hun, você está bem?
-Estou ótima, por que não estaria? – sorriu, voltando novamente a seu caminho original, deixando para trás um Albus cabisbaixo, com os ombros caídos sobre o corpo.
...
-Rose? – Lucy batia na porta do dormitório da prima a incansáveis dez minutos, levando a ocupante a questionar até onde iria a persistência da loira – Rose, eu sei que você 'tá aí. Tudo bem em não abrir. Só saiba que eu, hun, estou aqui se precisar de algo, tudo bem?
De dentro do dormitório, a ruiva encarava a coloração palha do pergaminho em branco a mais tempo do que a outra batia na porta, mas nenhuma palavra ilustrava o extenso papel, a não ser as quatro únicas, bem no alto da folha: "Queridos mamãe e papai,".
"'Queridos mamãe e papai,' o que, Rose?", ela se questionava. "Queridos mamãe e papai, me desculpem por não ter ido no Natal? Queridos mamãe e papai, me desculpem por não estar apoiando Hugo? Ou queridos mamãe e papai, me desculpem por não ter ido ao seu enterro?". De supetão, ergueu-se do lugar que ocupava, amassou o longo pergaminho em uma bolinha minúscula.
-Lacarnum Inflammare – praguejou, apontando a varinha para o lixo, e observando o fogo consumir cada parte. – Como se eles fossem ler.
VOCÊ ESTÁ LENDO
F O X
FanfictionAstuta, sagaz, esperta e solitária; o rajar vermelho que tremula como fogo segue sua passagem e anuncia sua presença, apesar do instinto de desconfiança. Impossível discernir se trata de uma raposa ou de Rose Weasley. Após a morte de seus pais, lid...