Desculpas ao Toby

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Adormecer no sofá com o namorado só é romântico nos filmes. Acordei com mais dores nas costas que a minha tia Margo e isso é quase impossível.

Procurei por Toby por todos os recantos da escola sem dar muito nas vistas. Fui dar com ele a falar com os membros do clube de debate. Assim que a sua animadora conversa sobre casas de banho públicas com Joe acabou ele veio ter comigo à mesa do pátio.

"Toby, preciso de falar contigo. Agora. Vamos para uma casa de banho." – pedi.

Como era de esperar o rapaz levou-me para a casa de banho dos rapazes. A que está fora de serviço. Assim que entrámos naquela casa de banho mais nojenta que uma pocilga tirei os óculos e encarei Toby.

"Mas tu não eras... cega?" – perguntou o rapaz confuso.

"Longa história. Eu nunca estive cega, eu fingi porque é extremamente importante. Mas eu só te queria pedir desculpa." – revelei-lhe toda a minha complicada história de vida, referindo também o facto de ter desconfiado dele. – "Desculpa. Eu já não sei em quem é que eu ei de confiar. Mas tu és um bom amigo e eu não ter duvidado disso." – por fim abracei-o.

"Eu não te censuro. Eu já matei pessoas. E tu também és uma boa amiga." – disse Toby de forma meiga. – "Quem é que te tem ajudado com isto tudo? Quer dizer, é muita coisa só para uma pessoa!" – constatou Toby.

"Não podes dizer a ninguém. O Sr. O'Neil tem-me ajudado e o Theo também desde que chegou a Ludgate Hill." – revelei. A cada pormenor que eu contava o rapaz ficava mais espantado. – "Eu hoje vou para casa dele. Se quiseres vir." – eu acabei de oferecer uma casa que não é minha. Porque não?

...

"Acham que uns sofás a mais davam jeito? É que a minha casa mais parece uma sala de reuniões!" – perguntou Patrick sarcasticamente.

"Se calhar davam jeito!" – afirmei e ele forçou um sorriso assim como eu. – "Estou farta de fingir que sou cega. Acreditem ou não é cansativo!" – queixei-me.

"Pois. Fingir ser uma coisa que não se é nunca é fácil." – rematou Patrick. Ele hoje está de mau humor porque a Melissa acabou com ele. Todos temos maus dias!

"Estava aqui a pensar." – informei. – "Que se calhar o Oliver pode ser o "assassino". Ele nunca gostou de mim e talvez tenha matado os meus amigos para se vingar." – sugeri.

"O Oliver pode ser um idiota, mas daí a ser um assassino vai uma longa distância." – opinou Theo.

Porém ninguém me tirava essa ideia da cabeça. A única maneira de eu saber se era ele era saber quando é que ele voltou para Dublin. Toby que tem alguns conhecimentos em termos de invadir sites ilegalmente conseguiu saber que ele foi para Dublin dia 30 de outubro depois de eu o ameaçar que ia à polícia denuncia-lo por me andar a perseguir. Um dia antes do dia das Bruxas e um dia antes do que aconteceu na casa assombrada.

Eu estou cada vez mais longe de descobrir quem matou o Connor, a Liv, a Kelly e a Martha.

Pensei em voltar ao Bethlem Royal Hospital para falar com a Mary, mas eu não ia obter qualquer tipo de resposta satisfatória. Como é que o "assassino" pode ser alguém óbvio. Eu nunca tive inimigos e que eu saiba os meus amigos também não.

"Patrick, tu não serias capaz de matar ninguém pois não?" – perguntei antes de conseguir deter as palavras.

"Tu estás a insinuar que fui eu que matei os teus amigos e a tua irmã?" – perguntou Patrick. Por momentos pensei que ele se sentiria ofendido, mas ele estava apenas triste. – "Eu ajudei-te todos estes meses e tu desconfias de mim?"

"Patrick, eu..." – comecei.

"Nunca pensei que me fizesses sentir tão mal." – admitiu. – "Eu vou dar uma volta."

"Vocês têm de conversar." – aconselhou Theo. – "Eu e o Toby vamos comprar um descafeinado para todos. Falei à vontade!"

"Patrick desculpa. Eu sei que fui injusta." – falei assim que os rapazes saíram com a desculpa do descafeinado. – "Eu não ando nada bem. Eu fui uma estúpida. Eu só não quero perder a tua amizade por uma coisa estúpida. Perdoas-me?"

"Eu só quero que entendas que eu nunca te faria mal. Eu adoro-te! Nunca mais desconfies de mim." – pedi o meu professor de biologia que com o passar do tempo se tornou o meu melhor amigo. Acenei com a cabeça e abraçamo-nos.

No exato momento em que nos separamos do abraço senti o meu telemóvel a vibrar. Peguei no mesmo e li a mensagem:

"Amanhã vem ter comigo perto do rio. Encontramo-nos no velho carvalho. Preciso de falar contigo.

- Shawn."


Está quase, quase a acabar!! 

Ghosts of the PastOnde histórias criam vida. Descubra agora