Capítulo 17 : Um café antes de tudo

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"Eu sei que tem pessoas que dizem
que essas coisas não acontecem, e
que isso serão apenas histórias um
dia. Mas agora nós estamos vivos. E
nesse momento, eu juro. Nós somos
infinitos."
-As Vantagens de Ser Invisível

     Eu estava me sentindo exatamente assim, como no filme que eu amo tanto, mas precisava que nada disso do que eu estava vivendo fosse ficção e sim a pura verdade e era.

     Depois que acordei com o senhorzinho mexendo comigo com sua vassoura, fui comprar um bom café da manhã com o dinheirinho que eu tinha.

     Caminhei por alguns minutos até chegar a uma lanchonete a poucas quadras de onde dormi.

     Pois bem, antes de chegar a lanchonete, deixe-me contar como foi essa primeira experiência de dormir embaixo de uma árvore na praça, (mas que fique claro que não pretendo viver assim).

     Bem, o sono foi bom, mas admito, não é nada confortável, amanhecir com algumas dores no corpo, mas acredito que logo vai passar, é só movimentar um pouco essa estrutura, pensei. Tenho 17 anos, mas pareço uma velha de 80 anos, credo!

____

     Cheguei na lanchonete, logo sentir o cheiro do café quentinho saindo da cafeteira, isso mexeu ainda mais com minha fome, pois o meu estômago parecia esta comendo os orgãos ao seu redor de tanto que reclamava, parecia até conversar comigo, ou será que estou ficando louca?! Só eu que converso com meu estômago?! Meu Deus! É melhor eu pedir logo esse café, falei para mim mesma.

     Fui até o balcão onde tinha um rapaz magro, alto e um tanto atrapalhado atendendo, ele estava caracterizado conforme os padrões da lanchonete, ou seja, uma camisa branca com listas vermelhas na vertical e um chapéu que parecia com aqueles de cabeça de papel, que louco,pensei, isso me lembra uma músiquinha, a do" macha soldado cabeça de papel, se não machar direito vai preso no quartel", acho que é assim, não lembro por completa a letra, mas chega de pensar tanto Cler, sussurrei para mim mesma, vai comer que você ainda tem um longo dia pela frente.

     Chamei o cabeça de papel e logo ele veio me atender.

- Ei, cabeça de papel, anota aí o meu pedido, por favor, estou morrendo de fome.

     O cabeça de papel pegou um bloco de notas que estava em cima do balcão e falou:

- Pode falar, moça. E apropósito, não me chame de cabeça de papel, já basta o meu pai me colocar aqui para trabalhar e os meus amigos me zoarem por causa desse visual.

- Me desculpe! Não foi minha intenção, mas cá pra nós, esse seu visual aí é bem "descolado".

-Eu sei... Mas fazer o que?! Fale logo o que você vai pedir, moça.

-Tudo bem! Anota aí.
Um café com leite
Um pão com queijo
E uma salada de frutas.

     Somente isso. E, por favor, não demore, estou com muita fome.

- Todo mundo aqui esta com muita fome- Disse o Cabeça de papel fazendo uma cara de impaciênte.

     Então olhei ao meu redor e vir que tinha muitas pessoas também esperando, então não pude evitar e:

-PUTA MERDA!

     Na mesma hora parei e vir que tinha falado alto demais e as pessoas ficaram me olhando, fiquei meio sem jeito mas dei de ombros e falei:

- Atire a primeira pedra quem nunca falou um PUTA MERDA. Ah!

      Logo cada um tirou os olhares de mim e continuaram o que estavam fazendo e eu tornei implorar para o Cabeça de papel.

-Por favorzinho, faça o possível para não demorar.

- Tá, tá. Vou ver o que posso fazer por você.

-Obrigado! Cabeç...

     Ele me fitou com cara de irritado e logo tratei de  me desculpar.

-Foi mal, é força do hábito, desculpe rapaz do balcão.

     Dessa vez foi a vez dele de soltar um :

-PUTA MERDA! Desisto! Só para ver se melhora as coisas, meu nome é Fábio, por favor, me chame assim.

     Fiquei calada e apenas concordei com a cabeça, então o F.Á.B.I.O foi embora em direção a cozinha entregar meu pedido.
Enquanto isso aproveitei para ir ao banheiro da lanchonete fazer minha higiene bucal.

Até Nada É Alguma CoisaOnde histórias criam vida. Descubra agora