Há uma citação de uma música que mudou todo o meu conceito sobre viver; "viva rápido, morra jovem. Seja selvagem e se divirta".
Eu nunca tive problemas fora de casa. Minha vida era resumida em uma detestável adaptação da palavra monótona. Além disso, como se não bastasse, havia uma guerra na minha cabeça. Uma lamentável disputa por uma personalidade e, efetivamente de acordo com a lei, a pior delas ganhou.
O clube de leitura de todas as terça-feira, o passeio pelo parque nas manhãs de quinta e até mesmo as conversas no jantar com mamãe; foram substituídos por novas experiências. Festas, drogas e mais festas.
Mas eu não estava tentando mudar isso...
— Vamos pra casa? – perguntou-me Francielle, em um tom alto e desconcertado, a voz lenta e debilitada.Olhei a séria por alguns segundos. Minhas ações também estavam lentas e aquelas luzes coloridas me impunha em um ridículo estado vultoso em que tudo o que eu fazia era automático.
Eu balancei a cabeça positivamente concordando em ir para casa. O álcool estava afetando todo o meu psicológico, fazendo com que eu me sentisse triste, a alegria que ele te provê é – infelizmente – passageira.
— Eu posso dormir na sua casa, sim?
— Eu já disse que sim. – respondi súbita.
— Por que está usando a palavra já como se eu já tivesse perguntado isso e você já tivesse me respondido isso antes?
— Porque você já me perguntou isso.
— Não, eu não perguntei.
— Perguntou sim, Francielle. – insisti.
— Que seja, vou pra minha casa.
Abri a porta do velho xodó Altima preto da tia Clara, mãe de Francielle, e me joguei contra o banco traseiro.
Meus pais estariam preocupados com a hora que cheguei em casa se não tivessem – de fato – ocupados demais discutindo sobre erros do passado ou trabalho.
Minha mãe estava em casa, jogada no carpete vermelho da sala acompanhada por uma taça de vinho. Embora não fosse normal vê-la tão quieta, ignorei-a e subi para o quarto.
Joguei-me na cama. Olhos fechados e fones de ouvidos. Tentei refletir sobre minha existência, mas é difícil quando se tem uma mãe para interromper com barulhos. Alguns minutos de vida são ignorados até que uma fumaça e um mal cheiro invada meu quarto.
Com o coração acelerado e um péssimo pressentimento, abri a porta do quarto. Uma luz avermelhada e uma onda quente me ocorreu. Era fogo, a minha casa estava pegando fogo.
Procurei por algum espaço que não estivesse ocupado por fogo para que eu conseguisse fugir e procurar pela minha mãe, mas falhei, permiti consequentemente entrar em pânico.
— Mããe! – gritei, desesperada. — Socorro!
Corri até minha janela e retornei a gritar por socorro. Infelizmente, as casas eram separadas por uma boa distância, o que deveras dificultasse que alguém visse a casa.
Vi alguém, corria para o lado oposto da minha casa, vestia preto e capaz.
— Por favor, me ajude! – berrei para ele, mas não fui correspondida. — EI! Cof cof.
A fumaça já havia invadido completamente o quarto, quase impossível enxergar, naquela situação eu já havia inalado fumaça suficiente para estar fraca.
Meu pai em um momento desses me diria para sentar e manter a calma, e assim fiz como pensara, me sentei ao lado da cama, tossindo, quase inconsciente.
Pude ouvir alguns ruídos do primeiro andar, deduzi que fosse apenas os móveis se quebrando aos poucos, mas eu estava errada. Um homem adentrou meu quarto, ficou alguns segundos me olhando para em seguida me pegar no colo. Talvez fosse alucinação, mas eu vira que em todo lugar por onde ele passara, a chama se apagava aos poucos.
— Não dorme. – ordenou ele, inexpressável. — Vou tirá-la daqui, a polícia deve estar a caminho e suponho que não queira resolver isto agora.
Pôs-me no banco traseira do carro e seguiu adiante para um lugar qualquer.
Assustada, porém, já tomando consciência, optei por continuar em silêncio. Eu não vira o rosto do rapaz quem me salvara, e aquilo tão pouco me importava naquele momento.
— Você viu a minha mãe? – perguntei.
— Não.
— A gente precisa voltar.
— Precisamos não, como eu disse, a polícia já estava a caminho. – disse ele, cortante.
— Você tem consciência de que ela não pode ficar nem mais um minuto por lá? Me leva de volta!
— Não.
— Para o carro! – exigi.
Ele freou, muito rápido fazendo com que meu corpo se chocasse contra seu banco. Saí do carro a passos pesados.
Andei sem rumo por cerca de 20 minutos. A estrada era vazia e escura, me sentia uma completa medrosa pronta para chorar.
Olhei ao meu a redor pela vigésima vez, de longe pude ver o carro prata do rapaz que me salvou. Acelerei meu passo. O mesmo atravessou o carro no meu caminho e desceu.
Fiquei sem reação.
Ele tinha aparência estranha. Pele muito clara e rosto realmente coberto por tatuagens, como previ que o resto do seu corpo também fosse. De primeira impressão, assustador.
— Desculpe, Marjorie, não posso te deixar.
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.Espero que tenham gostado do primeiro capítulo!
Não esqueça de deixar uma estrelinha para ajudar. Obrigada a você que leu até aqui! Sz
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El Diablo
FanfictionMarjorie nunca levara uma vida normal ao lado de seus pais separados, embora isso decerto nunca tivesse afetado sua boa educação; sempre oprimindo seus pensamentos maldosos e irrelevantes. As mudanças se inciam quando misteriosamente sua casa pega f...