16 • Engano

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Eu - Sim, a minha mãe ainda demora.

Diogo - Ok. Para a semana temos de voltar a combinar alguma coisa.

Assenti e abracei-o fortemente. Não sei quando vou voltar a vê-lo, porque não vivemos assim tão perto um do outro e eu não tenho sempre boleia para andar a passear onde me apetecer.

Eu - Diogo?

Diogo - Sim?

Eu - Eu amo-te.

Diogo - Eu também bebé. Muito.

Beijámo-nos e eu fiquei alguns segundos a vê-lo afastar-se, até deixar de o ver.

De seguida sentei-me à beira-mar e olhei para o céu, coberto de nuvens irregulares. Uma brisa fresca está a bater-me na cara e a despentear-me os cabelos, e sabe bastante bem sentir o ar do verão.

Quando peguei no telemóvel para tirar uma foto, vi que a Rita me estava a ligar.

Eu - Olááá!

Rita - Bi...anca.

Ela está a chorar.

Eu - Rita? Porque é que estás a chorar?

Rita - Eu... fiz merda... com o Ri...cardo.

Eu - Acalma-te e explica-me tudo em condições.

Ouvi-a a assoar-se e, após alguns segundos de silêncio, ela finalmente disse, mais calma:

- Eu já convidei o Ricardo para vir a minha casa várias vezes e, como correu tudo bem, eu pensei que ele também me podia convidar para ir a casa dele. É algo que eu acho normal, sabes? Conhecermos a família um do outro.

Assenti com a cabeça, embora saiba que ela não me consegue ver. Não sei como é que ela encara este assunto com tanta naturalidade, eu nunca pensei em ir a casa do Diogo. Só de imaginar a ideia e o que pode acontecer, fico arrepiada.

Rita - Eu perguntei-lhe várias vezes se podia ir a casa dele, mas havia sempre uma desculpa para eu não ir. Eu achei estranho, por isso fui até casa dele e escondi-me para tentar perceber...

Eu - Rita...

Rita - Merda Bianca!! Eu sei o que estás a pensar, eu fui uma grande cusca, mas não consegui evitar!!

Não lhe respondi, pois a explosão dela assustou-me.

Ela respirou fundo e continuou, mais calma:

- Eu vi uma rapariga a chegar e... ele abraçou-a... Eles estavam tão cúmplices... e eu percebi logo o que se estava a passar, ou achei que percebi. Comecei a chorar feita idiota, por ter sido enganada...

Eu - Espera! Eu percebi bem? O Ricardo... enganou-te?

O Ricardo? O meu amigo Ricardo? Não pode ser... Como é que ele foi capaz de fazer isto à Rita?

Eu - Sei que não estavas à espera que ele fizesse isto, nem eu estava, mas...

Rita - Não Bianca, não estás a perceber, ele não me enganou...

Eu - Ele... fez pior que isso?

Rita (gritando) - Ele estava com a irmã!! Com a irmã que já não via há imenso tempo!! E eu fui tão estúpida ao ponto de pensar que ele me estava a trair!!

Eu afastei o telemóvel do ouvido para evitar ficar surda, mas tive de o aproximar novamente, pois ela começou a murmurar:

- Ele ficou tão triste Bianca... eu nunca o tinha visto assim, com tanta desilusão estampada nos olhos. Ele não me vai perdoar.

Eu - Vai sim! Ele ama-te demasiado para não te perdoar. Só precisa de tempo.

Rita - Espero que sim. Obrigada por me teres aturado. Agora tenho de desligar.

No fim de arrumar o telemóvel, ouvi alguém a gritar:

- Biancaaa!!

Borboleta Lutadora (✔)Onde histórias criam vida. Descubra agora