Capítulo 70

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O quarto, que deduzo ser de Christopher quando pequeno, está limpo, lindo, e em perfeito estado. No chão do quarto há uma toalha quadriculada forrada com um cesto de piquenique no chão.

- Meu Deus! Christopher... Não acredito.

- O que foi? Não gostou?

- O que é isso?

- Assim que desligamos o telefone eu corri para cá para arrumar esse quarto. Tive a ideia enquanto falava com você. - Ele diz me olhando.

- Ai, amor... Esse era seu quartinho? Que lindo.

- Sim, era. Eu quis compartilhar com você um pouco da minha vida.

- Christopher... - Chego pertinho dele e passo uma de minhas mãos em seu rosto - Que lindo.

Quero beijá-lo, agarrá-lo, tê-lo neste exato momento.

- Eu não quero esconder nada de você, Dulce. Eu tenho uma vida cheia de segredos.

- Nossa! O homem misterioso. - Brinco fazendo voz de surpresa.

- É sério Dulce. - Agora ele está sério - Mas eu não posso te contar tudo de uma vez. - O olhar de Christopher começa a ficar triste e então eu digo olhando em seus olhos...

- Amor, tudo o que aconteceu antes de nós dois é passado. Não importa mais.

- Mas Dulce, as coisas não são... - Eu o corto.

- Christopher, meu amor. Passado! Esquece.

Ele assente com a cabeça e respira fundo. Nós nos abraçamos e ficamos mais ou menos um minuto assim. Sinto o coração de Christopher disparado. Nunca o vi assim. Mas só pelo início de sua historia, já imagino quanto ele sofreu. Não quero que ele me conte coisas que o machuquem. Isso não vai ajudá-lo em nada. Me afasto dele...

- Então, amor... Este é seu quartinho não é?

- Sim, de quando eu morava aqui. - Christopher respira fundo.

- Que lindo. - Pego um dos brinquedos em uma caixa ao lado de uma caminha de criança.

- Eu adorava esse brinquedo. Não levei quando fomos embora porque só podíamos levar roupas e cobertas. - Ele diz.

- Agora você o tem de volta! - Digo sorrindo tentando levantar o astral de Christopher. E ele sorri.

- É verdade. Vou levá-lo comigo desta vez.

- Quem arrumou esse quarto? - Pergunto.

- Eu mesmo. Tive a ideia enquanto falava com você e assim que desligamos corri para cá e arrumei tudo.

- Lindo o seu quartinho, amor.

- Eu sempre dizia a minha mãe que traria minha primeira namorada aqui em casa, e que iria fazer travessuras com ela no meu quarto. E aqui está você. - Agora Christopher está com um sorriso lindo e maldoso - Eu devia ter uns dez anos. Naquela época e a travessura que eu imaginava era "guerra de travesseiros" ou algo do tipo, mas hoje...

- Hoje o que? - Sorrio maldosa.

- A travessura é outra - Christopher e eu caímos na gargalhada.

Christopher me estende a mão para sentarmos no chão onde está a toalha quadriculada e abre a cestinha como várias coisas gostosas. Pãezinhos, frutas, guloseimas, suco.

- Não é um piquenique tradicional, mas eu quis juntar um pouco de tudo. - Ele diz.

- Eu amei sua ideia, Christopher. Você foi muito criativo. Nunca tive nenhum piquenique com namorado algum.

- Sério? - Christopher pergunta surpreso - Sem querer ofender, mas... Você só namorou idiotas antes de mim.

- Como? - Pergunto.

- É isso mesmo! - Ele diz.

- Então me prove que você é melhor que eles.

- Só se for agora.

Christopher chega para mais perto de mim, põe uma de suas mãos em minha nuca, me dá leves selinhos antes de começar a me beijar com vontade. Um beijo de arrepiar, mostrando realmente que ele foi melhor do que todos os outros. Ele passa a língua em meu lábio inferior, morde-o e repuxa-o e sinto uma pontadinha de dor muito deliciosa.

- Isso te prova alguma coisa? - Ele pergunta.

Apenas sorrio e o respondo com outro beijo. Após essas trocas de carícias Christopher recorda...

- Ah! Dulce, acabamos perdendo o foco.

- Foco de que? - Pergunto.

- Você me ligou e queria falar , me contar algo.

- Ah sim - Concordo com ele assentindo - Bom, você sabe do assalto que teve no banco né?

- Sim - Christopher responde com os olhos arregalados.

- Houve alguma coisa amor? - Pergunto.

- Não. - Ele responde.

- Ok. Então... - prossigo - Foi horrível aquele dia. Eu vi meu melhor amigo ser morto na minha frente graças a um idiota de um assaltante que não tem nenhuma respeito à vida das demais pessoas. Se você soubesse o quanto eu o odeio.

- Mas as vezes ele não teve a intenção de te magoar.

- Como assim Christopher? Ele nem me conhece. Ele não estava nem aí pra ninguém.

- Por isso mesmo. Ele não te conhece e não sabia que você iria sofrer pelo seu amigo.

- Sendo meu amigo ou não, ele não tinha direito de matar ninguém. Se ele quer roubar, legal, mas matar? É demais.

- Dulce?

- Sim.

- Você perdoaria ele se o visse novamente?

Aquele Olhar - VONDYOnde histórias criam vida. Descubra agora