_ Becca, você está me irritando! Eu já disse, não vou pra porcaria de festa nenhuma!
_ Mano, como você é injusta. O que custa? Você foi quando a Elena te chamou, qual a diferença entre a gente?
_ Olha, eu não estou nem um pouco a fim de ter que ficar de vela e ainda por cima depois ter que ficar aguentando suas crises de bêbada. A Elena não bebê, e o dia que fomos foi há uma pizzaria.
_ Qual é Sam, por favor! _ Implorou juntando as mãos frente ao queixo.
Que droga! Às vezes a Becca me irrita, qual é, será que ela não tem controle sobre ela mesma pra poder ir para uma porcaria de festa sozinha?
_ Certo. _ Falei vencida massageando as pálpebras. _ Mas veja só, se por acaso você não me encontrar mais lá, não venha me encher a porcaria da paciência, por que não sou obrigada a aguentar pessoas bêbadas e desiludidas.
_ Obrigada, obrigada! _ Gritou batendo palmas feito uma foca louca, e indo para o banheiro.
_ Poxa Sam, no que você foi se meter. _ Disse a mim mesma depois de me jogar na cama.
Vesti uma roupa qualquer e soltei os cabelos, não me importo com a roupa que vou, não estou indo para agradar ninguém. Na verdade, meu sonho é de poder ir e fazer minhas amigas idiotas ficarem envergonhadas, e nunca mais me chamarem pra nada.
_ E aí, como estou?
_ Parece um traveco com essa maquiagem toda, você sabe quando você fica bêbada, chora igual uma desiludida, e borra toda a maquiagem. _ Respondi dando de ombros e entrando no elevador.
_ Você não entende de nada queridinha. _ Jogou os cabelos e apertou o botão do saguão.
E prefiro não entender.
Cheiro forte de bebida e droga invadia meu nariz. Não posso negar que gosto muito de música eletrônica, mas só quando estou na minha cama enquanto faço minhas unhas, e ai eu posso dançar feito uma lontra desengonçada.
_ Fala gostosa. _ Sorriu para mim. Era um cara bonito, devo admitir, mas só pela forma que falou comigo, já sei que é um idiota. Francamente, não sei de onde tirei tanta sorte. O que faço é apenas sorrir em desprezo. Que bafo de vodca. _ Fazendo o que aqui sozinha?
_ Conversando com um camelo.
_ Sério? Cadê? _ Perguntou olhando para os lados. Fala sério, que droga foi essa que esse cara usou?
_ Cara... _ Me aproximei dele, encostando meus cotovelos na bancada do bar. _ Você nasceu assim ou o quê?
_ Ah lindinha, minha mãe me fez bem. _ Riu e deu um arroto logo em seguida.
Ah não, isso já é apelação.
_ Eca! _ Peguei minha bolsa e sai batendo os saltos. Pra que lugar que eu vou nessa merda?!
_ Caraca, eu não acredito, sabe quem apareceu aqui na festa? O Stewart, ele tá aqui, é ele tá aqui! _ Uma menina disse enquanto retocava o batom frente ao espelho.
_ Quem é esse?
_ Como assim você não conhece ele? Ele é simplesmente o cara mais gato das baladas, e é muito difícil de achá-lo em alguma festa.
_ Ah. _ Sorri com a "grande" informação, e sai rumo ao bar.
_ Caramba, teu pai é padeiro? Por que tu é um sonho. _ Um homem com voz de menino disse se aproximando de mim. Era bonito até, cabelos loiros e olhos azuis, mas essa cantada barata acabou com tudo.
_ Ótima cantada, muito original. Por acaso está em seu PlayBook? _ Me referi a uma das minhas séries preferidas de humor, Friends. É que um dos protagonistas tem um livro de conquistas, ou seja, cantadas, o Barney.
_ Ah, então a senhorita assiste séries? _ Perguntou se aproximando mais de mim. Pelo menos ele conhece sobre séries.
_ É o que parece, não é mesmo?
_ Qual é linda, por que do mau humor?
_ Amigo, você está com um hálito de matar qualquer um, eu estou em uma festa que nem o DJ sabe fazer música, e os caras daqui são uns todos desmiolados, então dá pra entender o meu mau humor?
_ Não deveria ser tão grossa com as pessoas, senhorita Pierce.
_ Como sabe meu nome? Não vai me dizer que foi até a lista de convidados e me futricou nas redes sociais?!
_ Hum. _ Deu uma risada irônica. _ Tão parecida com ele. _ Deixou a cabeça tombar para o lado me analisando.
Sabe uma coisa que me irrita? São ironias, se não for eu que estou as fazendo, então as odeio. O cara senta do meu lado, começa a falar várias asneiras e sabe meu nome, como assim?! Minha vontade agora é de pegar aquela barba e ir tirando um pelo por vez.
_ Para de graça moço, o que diabos você quer comigo? _ Bati na mesa me levantando.
Ele então pegou pelo meu braço e saiu me puxando em meio as pessoas. Minha reação foi dar longos e fortes pontapés em sua canela, mas o cara nem se queixava, o que me irritou muito, também olha o tamanho dele, parece um hipopótamo.
_ Para! Seu idiota. _ Puxei meu braço, enquanto ele cruzava o braço frente ao tórax.
Estávamos do lado de fora da festa. Haviam alguns bêbados, e eu tinha quase certeza que a gosma branca no chão era vomito. Eca.
_ E então, o que você quer?
_ Por que trata os homens assim?
Ele só pode estar de sacanagem. Eu não trato homem de jeito nenhum, eles que se tratam assim. Qual é? Esse homem virou a voz dos homens agora? Se é que eles tem voz, do jeito que são dementes mentais.
_ Não trato os homens de jeito algum, amiguinho. E outra, você me puxou do meio da balada, pra falar isso?
_ Ah Sam, acho que você não está se lembrando de mim, não é mesmo? _ Diz me fazendo franze o cenho.
_ Não, quem é você, ou melhor, o que é vocÊ?
_ Sempre tão simpática. Ah, mas você deve se lembrar sim. _ Diz dando voltas em torno de mim. _ Na terceira série, um garotinho disse que era apaixonado por você, e o que você fez? Jogou a bolsinha escolar dele na privada!
Pensei um pouco. Poxa, já fiz isso com tantos, apesar de que jogar a bolsinha no vaso foi apenas um...
_ Ah claro, Noah. _ Revirei os olhos. Isso não podia estar acontecendo.
Eu tinha uns nove anos, quando um garoto disse pela primeira vez que gostava de mim. Desde pequena, meu pai havia me colocado no Karatê, e sempre disse que quando um garoto tentasse se aproximar de mim era pra eu usar um golpe, que chutava no meio da pernas - ou seja, ia doer muito. Mas como eu já havia feito isso uma vez com meu irmão, Ian, e vi que ele se machucou muito, não tive coragem de fazer com ele, afinal Noah sempre teve um rostinho de anjo e sempre foi sido muito legal comigo, então tive piedade.
_ Você é uma bruxa sabia? _ Perguntou com um sorriso sarcástico.
_ Estava com saudade de você, até... _ Falei dando de ombros.
_ Claro, na faculdade não deve ter nenhum idiota que faça suas atividade escolares! _ Disse me lançando um olhar fulminante de raiva.
Ah, qual é? O garoto gostava de mim, então eu aproveitava disso. Sempre que ele perguntava se eu gostava dele, eu dizia: "Só se você fizer o trabalho para mim." E então ele ia igual um bobo sorrindo, fazer minha atividade.
_ Credo, eu hein, você ficou preso ao passado por acaso? Vem me dá um abraço aqui pra passar. _ Falei já com medo da expressão que seu rosto tomava. Vai que se tornou um psicopata desiludido no amor ( que coisa mais ridícula de se dizer) e tenta me matar.
_ Não fique brava comigo, é para o seu bem. _ Disse já no abraço, e então senti algo estranho na minha cabeça, como se não houvesse mais gravidade, e eu estivesse flutuando.
Não consegui responder, apesar de querer muito saber o que ele estava dizendo. A única coisa que me lembro depois daquilo, foi ele me levando para um carro, e me deitando no banco de trás.
Ah, mal sabia eu que tudo dali pra frente seria diferente. Por que se eu soubesse, teria arrebentado a cara daquele desmiolado ali mesmo.
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O Belo e a Fera
RomanceA bela e a Fera sempre foi o conto preferido de Samantha quando criança. Já na fase adulta, na correria que a cidade de Nova Iorque proporciona, ela simplesmente esquece os seus tempos de criança e se embarca em uma nova etapa da vida. Por ter uma b...