Minha mãe entrou no meu quarto com pressa, eu estava na sacada quando ela abaixou o volume do home Heather enquanto tocava minha música predileta.
Fiquei desconfiada com aquele comportamento, ela raramente me procurava. Sai imediatamente do conforto das minhas amofadas, e do vento gostoso que vinha do Jardim, e falei:
- Aumenta isso, eu quero escutar essa droga!
Ela ignorou meu ato de rebeldia e pediu para que eu descesse na sala de jantar. Não estava entendendo, que eu me lembrasse isso nunca havia acontecido, me chamar para ir na sala de jantar? so no Natal quando ela tinha que fazer o papel de mãe amorosa para a família.
Ela mal passou da porta e desceu a escadaria, fui logo depois, sabia que não era coisa boa, eu não tinha aprontado nada se nao ja teria bloqueado minha Internet. Enquanto eu passava pela imensidão do corredor deserto, me questionei onde estariam os empregados, isso estava cada vez mais estranho.
Ao chegar, fiquei sem reação, meu pai estava lá, sentado à cabeceira da mesa e isso era uma coisa totalmente improvável.
Meu pai ficava muito tempo fora de casa, eu sentia muita saudade, nunca entendi o porque de uma pessoa largar a família por causa do trabalho, mas eu nunca disse nada porque eu adorava a vida confortável da quel ele me proporcionava.
Logo que eu o vi, desci os últimos degraus que faltavam de pressa.
Corri para os seu braços, dei um abraço apertado que durou uns eternos 15 segundos, e ele falou:
-Acho que esses cinco meses longe de mim te fez bem, filha, olha como está gorda.
Eu sorri.
Eu estava tão feliz por ele está ali que nem me importei com o fato de ter sido chamada de gorda, a única pessoa que me amava de verdade era o meu pai, eu me sentia acolhida, querida. Logo depois eu me dei conta de que algo estranho estava acontecendo. Mesmo com o senso de humor não pude deixar de notar seu olhar de derrota.
-Brincadeiras a parte, precisamos conversar sério - ele continuou.
- Pai, aconteceu alguma coisa?
- Sente-se!
Eu me sentei a mesa junto com os dois, meus pais não tinham uma boa relação, e mesmo assim continuavam "juntos".
- Gabriela, falta pouco para você completar dezesseis anos, acho que você pode comprender a seriedade do assunto - disse minha mãe.
- Então fale logo para termos a comprovação. - eu falei em um tom irônico.
-Gabi, pare de falar assim com sua mãe.
- Tá - respondi seca e fria.
-Você lembra quando eu te disse que te daria tudo? Eu não menti, pois você sempre teve tudo que quis -ele fez uma pausa- Mas as coisa nao vão mais continuar assim, eu sinto muito, filha, não queria fazer isso com você, acabei fazendo umas coisas erradas e espero que você me perdoe, me perdoa, Gabi. - lágrimas escorreram dos olhos do meu pai, ele estava desesperado.
- O que aconteceu? Me falem logo - eu disse, já sem paciência.-Estamos falidos, Gabriela, perdemos tudo, simplesmente, TUDO! - disse a minha mãe.
- Vocês estão loucos, como assim estamos falidos? COMO ASSIM? O que eu vou fazer da minha vida agora? Vamos morar em baixo de um viaduto? É isso? ME RESPONDAM! - perdi totalmente o controle.
- ABAIXA O TOM DE VOZ, GABRIELA, QUEM GRITA NESSA CASA SOU EU! - ela diz vindo pra cima de mim, com um olhar totalmente ameaçador.- PAREM! - meu pai gritou -Estamos no meio de uma crise e vocês querem brigar, esse é o momento mais difícil das nossas vidas, não é só você que vai perder o conforto, Ane, eu e a Gabriela também, vamos manter a calma, e vamos dar um jeito nessa situação. E não, Gabi, não vamos morar em um viaduto.
Minha cabeça estava a mil, meu pai estava tentando manter o controle da situação mas acho que não tinha como diante de uma situação daquela, minha mãe estava rodando os 4 cantos da sala com as mãos na nuca.
Aquilo era de mais pra mim, precisava sair dali, então eu encarei os dois e disse: - Preciso ficar sozinha! - Não aguardei uma resposta, levantei da mesa com a visão um pouco turva. E fui para o jardim em busca de um puco de paz. Sentei no balanço que ficava próximo a piscina. Escutei passadas vindas de trás de mim ( Aaah não, meu pai de novo? Estou de saco cheio).
Eu n queria me mover então falei sem olhar:
-Olha, pai, não quero papo agora. Da um tempo.
- Ei ei, calma sou eu.Assim q ouvi a voz de Henri, senti toda a paz que estava à procurar. Levantei em sua direção e o abracei com toda força que eu ainda tinha.
- Que bom que é você!- Falei ainda o abraçando.
- Nossa! Porque isso agora? Eu pensei que ainda estivesse com raiv...
- Não toca mais nesse assunto não, chega de brigar. Preciso de você aqui. - disse antes dele completar a frase.
- O que ouve, Gabi?Henri era filho da minha babá, nós nos conhecíamos desde crianças pois quando não tinha com quem o deixar, ela trazia Henri para cá. Com isso, criamos um laço forte.
Estávamos sentados no gramado, eu com a cabeça no colo de Henri contando o que avia acontecido. Está com ele era reconfortante, ele me deixava calma, me fazia acreditar que tudo era possível, e desta vez não foi diferente, ela fazia parecer que tudo era possível.
Enquanto, ele fazia carinho em meu cabelo, falou:
-Gabi, isso é uma coisa muito séria, vai mudar a sua vida completamente, não so a sua, a dos seus pais e a minha também.Henri estava certo, com a falência dos meus pais, a mãe dele perderia o emprego, e não teria como ele completar a faculdade. Pronto! Agora eu tinha mais uma preocupação, o Henri, por culpa dos meus mais a vida dele também ficaria mais difícil
- Henri, oque vamos fazer agora, sua faculdade como vamos fazer para..- shiiiiiii... Eu vou dar um jeito, agora eu quero ajudar vc, esqueça os meus problemas.
Ele se apaixonou de mim e simplesmente me beijou. Bastou o toque sutio do seu beijo pra me fazer esquecer tudo aquilo.
O beijo foi interrompido por uma ligação. Era a tia Lúcia, a mãe do Henri.-Gabi, vou ter q ir, minha mãe tá precisando de mim.
- Você quem que ir mesmo? - falei com voz arranhada.
- Infelizmente sim.Eu não aguentei, estava difícil de mais pra mim. Eu desabei, deixei as lágrimas rolarem, não iria mas me fazer e dura.
- Não, Gabi! Não faz assim por favor, tudo que eu queria era ficar . - Vou passar no seu quarto hoje, pode ser?
- Sim! -disse enquanto me levantava.E assim ele se afastou de mim.
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A Do Contra
Non-FictionEu sempre fui acostumada a ter tudo que eu quis, e não aceito o fato disso ter mudado. EU QUERO A MINHA VIDA DE VOLTA!