Capítulo 28

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Sabe aquele momento em que tudo a sua volta congela (não literalmente, é claro!), parece que tudo para. Isso pode acontecer em momento de pânico, um susto, uma surpresa, e por ai vai.
Bom, ali naquele momento, enquanto eu olhava o Arthur parado na porta, o tempo havia para parado para mim.
Ele estava lindo... Com o cabelo um pouco bagunçado e a expressão um tanto séria, mas não deixava de estar incrivelmente lindo! Eu só não esperava que ele estivesse falando sério.

- Mas e se eu quisesse?- Ele repetiu a pergunta novamente.
- Arthur o que você está fazendo aqui?- Perguntei quando consegui me livrar dos meus pensamentos.
- Eu estava aqui na casa dos meus pais, e decidi vim te visitar e acabei ouvindo a conversa. - Ele se aproximou e olhou em meus olhos, se eu permitisse, era capaz dele enxergar minha alma com a intensidade do seu olhar. - Ester, e se eu quisesse casar com você, você aceitaria?

Acho que essa era a maneira nada sutil dele me pedir em casamento.

- Arthur não é tão simples assim...- Ele me interrompeu.
- É sim, você aceita casar comigo para salvar seu emprego, sim ou não?- A expressão dele estava séria, o que descartava a possibilidade daquilo ser uma piada de mau gosto.

Senhor me dá uma ajudinha aqui?

- Arthur essa não é uma decisão que eu possa tomar assim de uma hora pra outra, além do mais eu estaria te prendendo a mim, quando você pode ser feliz com alguém que você ame.
- E o que eu tenho que fazer pra você entender que é Você que eu amo, que é com Você que eu sou feliz.

Certo, nesse momento eu fiquei paralisada, acho que essa foi o jeito formal dele se declarar.

Acho que eu tô ficando um tanto lesada.

Só então em percebi que estava parada encarando os olhos castanhos do Arthur e ele por sua vez me encarava também. E percebendo que eu não falaria nada, ele decidiu quebrar o silêncio que se instalou entre nós.

- Ester, me deixa fazer isso por você, pra te ajudar, viveremos como amigos se você quiser. - A essa altura eu não sabia o que fazer .

Simplesmente case - se com ele!- Minha consciência decidiu intervi na conversa. As vezes eu não consigo controlar meu próprio subconsciente.

- Filha, aceite se casar com o Arthur, ele está certo.- Eu até havia me esquecido que minha mãe ainda estava naquela sala, que parece que se tornou pequena demais com o Arthur tão próximo a mim, e repito ele estava lindo, a sua expressão séria o deixava com um ar enigmático que eu desejava desvendar.

Eu disse, essa situação está mexendo com minha consciência.

- É isso mesmo que você quer? - Perguntei esperando que a sua resposta fosse negativa, e ao mesmo tempo positiva.
- Sim, nós podemos fazer de um jeito simples , só no cartório, e quando tudo se acalmar podemos entrar com o pedido divórcio. - Assenti.
- Tudo bem! - Foi só o que consegui dizer, o que mais eu poderia dizer, afinal acabei de aceitar o "pedido de casamento" do meu ex e atual melhor amigo.

Conversamos mas um pouco sobre o casamento, depois minha mãe teve que ir embora,e o Arthur foi comigo buscar o Miguel.
Entramos no carro em silêncio, o Arthur ia dirigindo e eu fui observando a paisagem. Senti o carro parar mas não havíamos chegado ainda, olhei para o Arthur esperando uma explicação.

- Ester, por favor não deixa essa situação acabar com a nossa amizade, não suportaria te perder de novo. - Falou olhando em meus olhos.
- Também não quero que isso acabe nossa amizade, eu não vou deixar que isso aconteça, só que essa situação toda está muito confusa, é muito coisa pra minha cabeça, o Rafa , a empresa, esse casamento repentino... Você!

Ele não falou nada, apenas me puxou para um abraço, não havia segundas intenções, era um abraço de conforto, e ele conseguiu me confortar, depois ele deu partida no carro novamente e seguimos para a casa do pastor, ainda em silêncio mas dessa vez um silêncio bom, só ouvindo a música no rádio, que parecia que sabia o clima que estava havendo ali e decidiu tocar uma música romântica.

Só podia ser brincadeira!

Decidi não dá muita atenção pro rádio. 

De vez em quando o Arthur me lançava olhares e eu o retribuía com um sorriso.

Chegamos na casa do pastor e logo avistamos o Miguel correndo com o João. Cumprimentei o pastor e sua mulher que estavam sentados no pátio da casa pastoral.

- Mamãe, o pastor falou que o João poderia dormir em casa se a senhora deixa , deixa mamãe por favor!
- Claro meu amor, ele pode sim.
- Eba. - Miguel comemorou e me deu um abraço.

Eu e o Arthur ficamos conversando com o pastor e sua esposa, depois voltamos para casa, o Arthur deixou eu, o Miguel e o João em casa e depois foi embora. Mandei os dois para o banho enquanto eu fui preparar o jantar.

[...]

- Boa noite meninos. -Dei um beijo no topo da cabeça dos dois é sai deixando a porta entreaberta. Depois fui tomar banho e verti uma roupa mais confortável para dormir.

Eu estava sem sono então aproveitei para meditar na palavra de Deus, com a correria do dia a dia eu tinha que me esforçar bastante para ter tempo para meu filho e principalmente para Deus, pois Ele tem me ajudado até hoje.

Peguei minha bíblia e abri aleatoriamente, caiu em João 15:7.

"Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito." João 15.7
Fiquei alguns minutos meditando nessa palavras até que escutei vozes vinda do quarto do Miguel, me levantei e fui até lá ver.

- Então você não tem papai? - João perguntou parecendo triste.
- Não! - Miguel suspirou. - Papai do céu levou ele.- Falou no mesmo tom de tristeza. Não entrei, fiquei do lado de fora ouvindo - Mas eu ainda tenho minha mamãe, ela cuida de mim.
- A gente não pode escolher outro papai?- João se sentou na cama.
- Acho que não, mas se eu pudesse escolher eu escolheria o tio Arthur, ele é meu melhor amigo. -Sai sem deixar que eles me vissem, talvez eu casar com o Arthur seja bom para o Miguel.
Mas isso não muda o fato de eu ainda achar essa ideia maluca, muito maluca.

Continua

"Porque para Deus nada é impossível." Lucas 1.37

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