Enemy or not?

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Saímos do posto de gasolina e o Leon parou no meio da estrada, bem longe do mesmo.

— Por que paramos? —perguntei confusa.

— Você precisa fazer um curativo nesse braço, antes que infeccione. Tens algum kit de primeiros socorros por aqui?

— Acho que sim, deve estar no porta-malas.

Ele desceu do carro e foi até o porta-malas pegar o kit. Enquanto ele procura por lá, eu tiro o casaco e tento ver como está o corte. Mas, só de tocar de leve, doía bastante. Não entendo dessas coisas, mas deve estar infeccionando.

Logo o Leon voltou com uma caixa em mãos. Quando entrou no carro e colocou os olhos em mim, eu me lembrei que estava sem a minha blusa e que meu sutiã dava um "up" nos meus seios.

— Desculpa! —arregalei os olhos e rapidamente peguei seu casaco para cobrir meu corpo com o braço que não estava machucado. Fiquei um pouco corada, mas por que eu estava com vergonha dele? Eu tinha que conquistar a confiança dele e esse era o único meio que eu sabia que funcionaria.

Ele acendeu a luz interna do carro, me tirando de meus pensamentos, e pediu, carinhosamente, para que eu me virasse e deixasse ele cuidar do machucado. E eu obedeci, como uma boa menina que sou.

— Ai! —exclamei enquanto ele mexia no meu machucado.

— Calma, já vai passar. —ele me deu um sorriso calmo e acolhedor e eu senti meu coração pulsar duas vezes mais rápido. Sensação estranha...

— Pronto, terminei. —guardou as coisas de volta na caixa e a colocou no banco de trás. Então me lançou um olhar preocupado.— Como você está se sentindo?

Pensei, pensei e pensei novamente. Mas a verdade era que eu não sabia o que sentir sobre o que tinha ocorrido. Daí simplesmente dei de ombros e abaixei o olhar para minhas unhas.

Era estranho pensar que eu estava prestes a ser estuprada e quem me salva de uma coisa terrível dessas é o filho do homem que eu mais odeio, o homem que matou meus pais a sangue frio e não quis saber se eles tinham filhos para criar ou não.

Senti sua mão tocar a minha suavemente e eu ergui meu olhar para ele timidamente.

— Você vai ficar bem, fique tranquila. —um sorriso fraco brotou em seus lábios.— Quer que eu te leve para casa?

Balancei minha cabeça em confirmação e a apoiei no banco do carro. Fiquei o observando enquanto ele me levava para casa. Ele havia sido tão bom para mim, que não merecia um por cento do ódio que sinto por ele.

— No que está pensando? —perguntou sem tirar os olhos da estrada.

— Em você...

— Em mim? —me lançou um olhar admirado e eu assenti.— Está pensando o que sobre mim?

— Você está sendo tão bom comigo, sendo que nem nos conhecemos direito.

— Se quiser meu número, não precisa enrolar... —fala com um tom de diversão e um sorriso involuntário se forma em meu rosto.  Se fôssemos normais e tivéssemos vidas normais, me entregaria a esse homem sem pensar duas vezes.

Ao nos aproximarmos da minha casa, vimos que quase todo mundo estava indo embora e que um carro da polícia estava parado bem na frente.

Olhei para o Leon, para fazer um comentário sobre a cena, mas vi que ele estava tentando controlar sua raiva, pois apertava o volante com muita força. Tanta força que a ponta dos seus dedos já estavam brancas.

Não ousei falar com ele, apenas voltei a olhar para frente. Então eu vi a Camila, o Diego e a Francesca tendo uma enorme e conturbada conversa com dois policiais. , cadê a Ludmi?

Ele estacionou o carro na garagem, mas continuou lá dentro. Parecia tentar controlar sua raiva e isso estava me deixando preocupada.

— Calma, —coloquei a mão sobre a sua no volante quando o carro já estava desligado.— não deve ter sido nada grave.

— Eu conheço minha irmã. Ela sempre se mete em confusões. —ele fechou os olhos e deu um longo suspiro.

— Mantenha a calma e confie em mim. Se eu estou falando que não foi nada grave, é porque não foi. Minha intuição nunca falha. —pisquei o olho para ele e desci do carro.

Apertei o botão para fechar o portão da garagem e acendi a luz do mesmo. Quando me aproximei do carro novamente, tive a chance de ver o Leon descer do carro, sem o casaco, já que estava comigo. Seus braços eram tão fortes e definidos, e, mesmo com a camiseta, dava pra ver que todo seu corpo era musculoso e definido. Ele me flagrou o observando e deu um sorriso incrivelmente sexy.

Esse homem está brincando comigo, só pode...

Senti minhas bochechas queimarem, mas deixei essa sensação de lado e decidi que também podia brincar. Ele continuou parado, encostado no carro e me observando. Ergui a cabeça e caminhei até onde ele estava, ficando de frente a ele.

Devagar e olhando em seus olhos, tirei o casaco. Mesmo estando um pouco fora de forma, eu me sentia atraente. E quanto mais ele me olhava com seus olhos ardentes em um misto de sentimentos, eu me sentia poderosamente atraente.

— No final das contas, nem precisamos do gelo... —falei com um sorriso irônico e devolvi o casaco para ele.— Obrigada.

Dei as costas pra ele, enquanto o mesmo continuava a me observar, e fomos para a sala. Quando eu estava a um passo de sair até onde a Francesca estava conversando com um policial, o Leon me segurou pela cintura. Sentir suas mãos em meu corpo era muito bom.

— Vá colocar uma blusa. —falou, em meu ouvido, com um tom autoritário, como se mandasse em mim, e depois foi atrás dos seus irmãos. Sorri comigo mesma com o jeito que ele me tratou e fiz o que me mandou.

Antes de descer e saber o que aconteceu, procurei a Ludmila no seu quarto mas não a encontrei. Um medo tomou conta de mim e fui logo atrás da Fran para ter alguma notícia.

— Francesca, o que aconteceu? —perguntei quando o policial deu um último sorriso para minha irmã, entrou na viatura e foi embora.

— Problemas com a Camila e a Ludmi. Depois te explico melhor. —ela olhou por trás de mim.— O Leonard está vindo.

Falou baixinho e eu virei para trás apenas para ter certeza.

— Eu queria pedir desculpas pelo incidente que minha irmã causou. —falou apenas com a Francesca, como seu eu não estivesse ali e nem existisse.— Se tiver alguma coisa em que eu possa ajudar, é só me ligar. —ele entregou um cartão para a Francesca.

— Não precisa se preocupar. A Ludmi deve estar bem...

Então ele deu um simples sorriso para a Fran, como se tivesse dizendo um "tchau", deu as costas e saiu.

Ah querido, você acha mesmo que vai sair sem falar comigo?

— Ué, não rola nem um "até logo" comigo? —falei parando em sua frente e o encarando séria.

Ele me encarou por um tempo, como se estivesse me avaliando. Um sorriso meio que forçado brotou em seus lábios e ele me abraçou. Me aproveitei e coloquei dentro de um bolso do seu casaco, um recadinho.

Ele estava me tratando de um jeito tão estranho, o que pode ter acontecido em menos de 5 minutos pra ele ser assim comigo?

— Até logo. —falou ao se afastar e quando vi que ele estava muito estranho, dei um beijo em sua bochecha, quase perto de seus lábios.

— Até logo... —sussurrei em seu ouvido da forma mais sensual que eu pude.

Dangerous LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora