Capítulo 02

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16 de outubro de 2016.

Caro celular,
O capitalismo nos tornou ignorantes. Nos fez valorizar o individual e desprezar o coletivo. Quando penso nisso, lembro naquele modelo de vida no qual o único propósito é gerar lucro com trabalhos patéticos e desagradáveis...

E isso me lembrou o filme Clube da Luta cujo a ideia, no meu ponto de vista óbvio, é uma crítica a essa sistema. Ele trabalha tão bem com metáforas, assim que o terminei fui ver a vídeos no YouTube sobre o filme. E é tão incrível como tudo foi montado... o que mais me chamou atenção foi o trabalho do "protagonista" em que é um escritório com cores frias no qual ele trabalho com uma copiadora e todos os dias dele naquele lugar são iguais... A casa dele onde ele preenche o seu próprio vazio com móveis e mais móveis... Eu enlouqueci tanto com aquilo que não consigo pensar em mais nada.

Depois disso tudo eu comecei a pensar na forma como nos relacionamos com os outros. É como se atualmente estivéssemos tão artificiais... Usamos os bens materias para nos completar e isso acaba nos tornando cada vez mais vazios. As pessoas costumam usar como exemplo as redes sociais no qual construímos uma ideia do que queríamos ser, o que entra de novo em Clube da Luta mas eu não vou entrar muito nesse detalhe.

Eu sempre enxerguei a internet como um lugar onde todos vão para esquecer de seus problemas e extrair o melhor que tem de si mesmas. Só que essa só é uma forma de preenchemos nosso vazio e eu me pergunto que vazio é esse? Que falta é essa? O que não nos torna completos? O que nos deixa de fato infeliz?

Com amor,
Manuelita.

17 de outubro de 2016.

Caro celular,
Eu apenas quero morrer. Nos dias atuais, esta frase começou a perder o seu sentido de tão dita, e até mesmo sentida. Nós a vemos tanto que deixamos de nós sensibilizar ou nos importar. A morte é tão presente... quantas vezes em um almoço, numa segunda-feira você ouviu a notícia de quem alguém se foi? Mas não se importou, afinal não conhecia... não era relevante... havia algo melhor para fazer.

O desejo de tirar sua vida passou a ser normalizado também. Não há mais empatia... será que algum dia já teve? Ninguém se importa com a mente, entende?

Com amor,
Manuelita.

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