Para sempre

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Ao vê-la ali sobre aquela maca maldita, não sei descrever, mas senti a maior dor de toda essa minha vida, tristeza comparado ao que senti - era como se tivessem enfiado uma grande agulha em meu coração, só lágrimas caíram e eu não consegui pronunciar nenhuma palavra a mais, e soluçava como uma criancinha desolada - ou pior.
Enquanto eu chorava juntamente com Dionatha, ouvi algumas pessoas ao redor dizendo que tinham visto o ocorrido ouvi com atenção.
- ..não eu vi sim, eu tava passando aqui bem na hora em que ela se jogou. Cara foi horrível, a madeira seca fez um estrago ao meio daquela moça, coitada...- Dizia um homem para um conhecido. Dionatha olhava pro nada e água fluía de seus olhos.
Lívia estava morta.
- Por-por quê fez isso!!? Era pra você ter fugido, na..não se matado, Liv..Minha ir-irmã de o-outra mãe.. - Eu disse em voz alta em meio as lágrimas.
- Amora - Dio finalmente falou - o que será de nós? - Nos abraçamos e senti um aperto muito grande no coração, algo me dizia que, o pior ainda viria à tona, mas o quê? Será que Peter ainda estava vivo? Será que eu ainda poderia ser feliz? Talvez não.
Agora não adiantava chorar, ninguém volta à vida. Só me restava Peter e Dionatha por companhia. Estes quatro dias foram os piores de minha vida, perdi minha melhor amiga - duas vezes, só que agora foi para sempre, não sabia mais o paradeiro de minha mãe os outros sumiram e não deram mais notícias; então era isso o que o destino me reservou? Amargura, dor?! Não! Ele queria um pouco mais.
- Como vai ser Dionatha? - Falo desapontada.
- Minha mãe, ainda não a avisei.
- Céus! E agora?
- Temos que fazer isso. - Dionatha disse e se levantou, ergueu sua cabeça e respirou fundo. - Tudo vai acabar bem - Ele disse.
- ...
Fomos devagar andando na calçada - Dio ainda machucado por minha causa - eu nada disse e nem ele também. Só a devastação imperava em nossos corações, só nós sabíamos o que estávamos sentindo. Saber que não veria mais Lívia sorrindo, brincando e se divertindo com a gente; olhei para Dionatha, uma pequena lágrima escorreu sobre sua face. Continuei em silêncio, pois nada do que eu dissesse - ou qualquer outro - iria mudar a situação de Dionatha - e minha também. Finalmente achei coragem para falar:
- Catherine estará em casa..?
- Não sei...- Ele respondeu frio.
- Não acha bom ligar para saber onde ela está?
- Eu não me importo! - Ele disse arrogante. Apenas baixei minha cabeça - além disso, eu também o machuquei, mental e fisicamente.

Ao chegarmos em sua casa, a porta estava entreaberta, havia pegada de barro por toda parte, a casa estava cheia de lama. Chamamos por Cath mas ninguém respondeu, o semblante de Dionatha de frio tornou-se preocupado. Sua irmã amada cometeu suicídio, e se sua mãe agora, estivesse em perigo? Eu me preocupei com ele, somente com ele, talvez a pessoa por detrás de tudo isso fosse uma das mais perigosas, psicopata maluco ou coisa do tipo. Eu não quero que Dionatha se machuque, muito menos que morra. Aprendi a amá-lo e só quero que ele viva a sua vida.
De súbito Dio, se vira para mim e me puxa com força ao encontro de seu corpo e aperta-me em seus braços.
- Você pode ir, não tem que se preocupar comigo Amora, você tem toda uma vida pela frente, não faça dos meus problemas os seus... - Tentei retrucar mas não foi possível, ele recostou minha cabeça sobre seu peito, e me abraçou ainda mais forte.
- Estude, alcance seus objetivos. Esqueça o que houve aqui. Tudo. ME esqueça, não faria bem a você ficar perto de mim e lembrar tudo de ruim que nos aconteceu. Saia dessa cidade, e seja feliz! - Ao terminar de dizer isto, olhei para ele e vi lágrimas molhando seu rosto perfeito, as enxuguei e o beijei.
Um beijo mais que perfeito. Seus lábios macios em harmonia com os meus, pude sentir pela primeira vez um frio na barriga e a vontade de nunca mais o deixar ir, de nunca sair daquele abraço, daquele beijo; tudo tão perfeito, até que ouvimos aquela voz que me arrepiou até a "alma".
- Ora ora, eu não sabia que iria seduzir e matar o irmãozinho também queridinha, que lindo em. Te ensinei d-i-r-e-i-t-i-n-h-o! - Senti um calafrio dos pés à cabeça;  terror, medo, dúvida, raiva, o pior. Não há descrição para um sentimento assim. Me virei para "a" escada juntamente com Dio, eu já sabia de quem era aquela voz. Dela, a sumida, sem paradeiro, a mentora principal, o verdadeiro monstro da história, minha doce e amada dona Maleena!
- Você não achou que ela estava apaixonada por você, achou? - Minha perguntou para Diobatha.
- Não, eu não achei. - Ele respondeu de cabeça baixa.
- Não Dio, não acredita nela, eu não sou sua cúmplice, eu não fiz nada, nem matei ninguém!!! - Eu gritei desesperada.
- Eu não acredito em você, Amora. Você me seduziu, me embebedou, me dopou, e ainda torturou minha falecida irmã. Como eu confiaria em alguém assim? - Ele disse com desprezo.
- Não Diobatha, eu não quis te matar, eu fui tomada pelo desejo de vingança e ..
-  E O QUÊ? IA MATAR A LÍVIA? CONSEGUIU!! - Ele disse em voz elevada. Mamãe soltou uma gargalhada de prazer.
- Como é lindo ver uma pessoinha sendo desprezada, que amor, você deveria mesmo matá-lo, ele não te quer, não vê?
- Cala a boca!!! - Falei entre os dentes e chorando, de raiva.
- O que você fez com a minha mãe? - Dionatna pergunta furioso.
- O quê? Não estou ouvindo..
- Cadê a minha mãe???!!! -bufou.
- Não se preocupe coisinha linda, eu até tentei trazê-la para cá; ah, mas ela é determinada, disse que não e pronto. Diferente de você, já que está aqui, com mãe e filha, de mesmo gênio conturbado...

Dionatha disparou em direção à minha mãe - que infelizmente era mesmo.
- NÃO! DIONATHAAA! - Gritei, de imediato me atirei entre os dois e senti em minha face aquele ardor juntamente com o calor e meu cabelo que estava preso num coque alto recaiu sobre meus olhos.
Levantei a cabeça e pus minha mão no rosto. Dionatha estava sem reação, deu um passo para trás e me fitou.
- Por que fez isso?
- Ela ainda é a minha mãe, Dionatha. - Respondi de cabeça baixa.
- E é por isso que ela ainda me obedecerá. - Mamãe completou.
- Não - disse - não vou, e não sou como você. Louca, você precisa de ajuda, você precisa ir para o sanatório.
- Nunca!! Prefiro morrer a voltar para aquele lugar!
- Seja feita a vossa vontade! - Disse Dionatha.

Psicose - A árvore forca [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora