Capítulo 82

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– Precisamos conversar Dulce, eu...

Ignoro as palavras de Christopher e me levanto da cama imediatamente e corro para a porta tentando abri-la e grito...

– ANAHÍ GIOVANNA! ABRE ESSA PORTA!!!

– SÓ QUANDO VOCÊS TIVEREM CONVERSADO – Anahí responde do outro lado da porta.

"AHHHH NÃO ACREDITO!" grito para mim mesma, respirando fundo para me acalmar.

– Christopher, por favor, pede pra Annie abrir essa porta. Eu não quero conversar. – Digo.

– Amor eu... – Eu o corto.

– NÃO ME CHAMA DE AMOR! – Grito.

– Desculpa, Dulce... Mas me perdoa. Por favor! Preciso me explicar. – Diz Christopher chorando.

– Christopher, já disse que não quero explicações. Já disse. Vai embora!!

– Dul... Eu não quis te fazer sofrer... Não foi minha inte... – Respiro fundo e o corto novamente.

– Christopher, você matou... Matou... MATOU O MEU MELHOR AMIGO! EU TE ODEIO!! – Grito indo para cima dele e começo a soca-lo com muita raiva.

Christopher somente protege o rosto e me deixa agredi-lo com tapas e socos e somente diz...

– Me bata Dulce, pode descontar toda sua raiva em mim... Eu mereço. Eu sou a pior pessoa desse mundo, principalmente por fazer você sofrer.

Quando ele diz isso, meu coração se quebra e eu caio de joelhos em sua frente e desabo a chorar com as mãos no rosto. As lágrimas rolam por meu rosto como um rio. Sinto muita raiva. E agora sinto raiva de Annie por deixar esse assassino trancado comigo.

– Dulce... – Ele diz – Eu preciso que você me ouça. Mesmo que nunca mais queira me ver.

– Você quer explicar o que? O que eu já sei? – Pergunto.

– Não Dulce. Você não sabe o quanto isso tudo é doloroso pra mim também...

– Ah, qual amigo você perdeu? O Christian? Ele só foi preso e você logo logo vai fazer companhia pra ele. Pode ficar tranquilo.

– Dulce, não é isso. Me escuta! – Ele exclama se abaixando em minha frente. Me olhando com seus olhos avermelhados, imagino que seja de tanto chorar. – Me deixa te contar?

– Tá! Tá bom. Se só assim você vai me deixar em paz eu te escuto. Fala! – Respondo.

– Dulce. Eu... No dia do assalto quando eu matei o... Enfim, eu não esperava gostar de você. Quando eu te vi, eu... Eu quis largar tudo e estar perto de você... Quis te beijar... Te abraçar... – Christopher põe uma de suas mãos em meu rosto e eu viro imediatamente. – Dulce, depois que o banco reabriu eu tive a oportunidade de te rever, de te procurar, mas eu não queria namorar com você. Só queria ter uma noite com você e pronto, mas não foi o que aconteceu. A primeira vez que ficamos juntos, foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Você me completou e eu me tornei totalmente o oposto do que eu era antes. Eu nunca fui romântico, nunca tive um relacionamento. E quando fiquei com você senti vontade e comecei a fazer tudo isso por você... – Eu somente olho nos olhos de Christopher e ouço tudo o que ele diz – Eu sabia que um dia você teria que saber da verdade, e sabia que seria difícil, mas eu não sabia como te contar. Se eu te contasse a verdade eu poderia te perder como eu perdi agora. E eu não sei como vou viver sem você. Eu não sei. Eu não tenho pra onde ir. Tudo o que tinha era roubado e agora eu não tenho nada. Nem onde morar. Aquela história que te contei sobre morar na rua foi verdade e meu pai começou a assaltar para dar de comer a mim e minha mãe e assim eu aprendi com ele... Segui seu exemplo e aqui estou. – Eu choro a cada palavra que Christopher diz. É muito doloroso ouvir isso, tudo isso é uma tortura. – Mas de tudo o que aconteceu, Dulce... Eu não me arrependo. – Christopher conclui.

– O que? – Pergunto perplexa.

– Se eu não tivesse passado por tudo isso, eu não teria te conhecido e não teria vivido os poucos, mas os melhores dias da minha vida ao seu lado. – Christopher diz.

– É? – Pergunto. – Pois eu não. Queria nunca ter te conhecido. Talvez eu teria meu melhor amigo do meu lado. A Annie teria o namorado dela, e a Maite um dos melhores funcionários. Você estragou a vida de muita gente. Inclusive a minha. Eu tive a dor de sofrer por perder o meu melhor amigo. E agora tenho outra dor por ter amado você.

– Dulce, não fala isso... Me desculpa. – Ele diz aos prantos.

– Eu te escutei e agora você pode pedir a Annie para abrir essa porta? Eu quero ir embora!

– Dulce, você precisa ao menos me perdoar. Eu... Eu... – Christopher fecha os olhos e diz – Eu te amo, Dulce.

Nem acredito que ele disse isso. Só pode estar sendo tudo um pesadelo. Ele disse que me ama e na pior hora possível. Não posso me deixar vencer por seu joguinho...

– Christopher, pelo pingo de respeito que tem por mim, e se tiver... Pede a Anahí para abrir a porta?

– Dulce, me perdoa? – Christopher implora.

– ANNIE, EU JÁ CONVERSEI COM ELE! JÁ PODE ABRIR! – Grito para Annie.

– ANNIE, ABRE PRA ELA – Grita Christopher.

Ouço Annie destrancar a porta. Assim que ela abre me movo para sair do quarto quando Christopher agarra em meu braço...

– Dulce, não esqueça. Eu te amo. – Solto meu braço das mãos dele.

Quando vou sair do quarto encaro a Annie e digo...

– Obrigada, traidora.

– Mas Dul... – Nem deixo Annie terminar. Eu saio de seu quarto e logo me retiro para fora do AP de Anahí. Assim que chego a rua, ligo para a polícia e digo que Christopher está no apartamento de Anahí. E logo em seguida vou para o meu apartamento.

Aquele Olhar - VONDYOnde histórias criam vida. Descubra agora