Continuação - 33

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Marina já estava com o rosto banhado pelas lágrimas. As alianças estavam à sua frente, nas mãos dele.

– Você deseja que eu largue tudo que eu tenho em Minas e me mude para outro Estado, longe da minha família e amigos? – perguntou com a voz frágil. – E eu agora me sinto uma filha desalmada... – Maurício engoliu seco, temendo as palavras que poderiam vir em seguida. – Uma filha desalmada por estar tão feliz que me dói o coração! – ela viu o alívio e a emoção no rosto do namorado. – Como eu poderia dizer não? Se eu despenquei lá de Minas só por sentir saudades? Minha casa já não está em um lugar há um bom tempo... Minha casa é você!

Maurício a beijou com todo sentimento e foi retribuído à altura. Logo que se separaram, trocaram as alianças e se abraçaram. E ficaram assim, chorando e rindo ao mesmo tempo.

Enquanto isso, Flávia, de longe, viu que a amiga chorava e se preocupou. Rafael viu que ela estava inquieta, olhando em direção ao casal e logo a tranquilizou, passando-lhe o braço por cima do ombro.

– Maurício está pedindo Marina em casamento, Flavinha – disse em tom solene.

Na mesma hora, ela se emocionou. Eles se abraçaram, felizes por seus amigos.

– Eles vão ser tão felizes! – Flávia exclamou, ainda abraçada ao amigo.

– Vão sim. E nós também vamos, Flavinha! – disse, sabendo da ambiguidade de suas palavras e esperando que se cumprissem. – Vamos lá! Já estão de aliança no dedo e tudo! Agora é hora de fingir que não sabemos de nada e falharmos terrivelmente nisso – falou, soltando Flávia do abraço, mas mantendo sua mão na dela.

No momento exato em que todos se encontraram, o sol despontou. Começava um novo dia e uma nova vida, com suas novas decisões e perspectivas. Os quatro se juntaram em um abraço coletivo.

– Amo vocês dois! – Maurício disse olhando para Rafael e Flávia, com emoção. – Obrigado pelo que vocês são pra nós... pra mim e pra morena. E eu sei que nossa amizade não é desse mundo! – ele sorriu.

– Não vá me fazer chorar na frente das garotas, baiano! – Rafael pediu, já emocionado. – Pretendo gastar minhas poucas lágrimas no teu casamento, porque sou cabra macho demais e preciso armazenar até lá – brincou.

Seguiram juntos para apreciar a majestade que se acordava lentamente. O sol aparecia um pouco mais a cada momento, transformando o céu escuro num tom alaranjado e esplendoroso. Decidiram que sentariam na mureta de concreto para apreciar a vista: tanto do céu, quanto do mar. Ali, ambos se encontravam.

O vento soprava forte e Rafael tratou de abraçar Flávia que tinha o nariz e as bochechas coradas.

– Saiu de BH pra passar frio em Salvador, hein, Flavinha? – ele brincou enquanto passava-lhe o braço por cima dos ombros, trazendo-a para mais junto dele. Flávia deitou a cabeça no ombro do rapaz.

– É tão lindo – ela disse meditativa. – Quase nunca vejo o sol se pondo porque estou no trabalho. E muito menos nascendo! – parecia frustrada.

– Por isso que oportunidades assim não podem ser desperdiçadas. Nunca jamais – sorriu.

Flávia respirou fundo e fechou os olhos. O som do vento era constante, misturando-se ao barulho das ondas batendo na grande rocha em que estavam. Pensava em como gostaria de ser pedida em casamento em um lugar especial. Lembrou-se do quase pedido que Gustavo fizera e de como nem chegou perto do que ela acabara de presenciar. Era romântica assumida e queria sentir algo arrebatador. Como se lesse seus pensamentos, Rafael interrompeu:

Quando o Amor Acontece: A ProcuraOnde histórias criam vida. Descubra agora