Capítulo 87

207 14 5
                                    

– Vou voltar pra casa da minha mãe. Vou morar lá novamente.

– Mas e o banco?

– Vou pedir demissão. – Respondo.

– Dulce... – Annie respira fundo – Você está sendo precipitada.

– Não, não estou. – Respondo secamente.

– Tudo bem. –  Annie faz uma pausa, respira fundo e diz – Até mais então. – Ela diz virando-se e hesitando um pouco antes de sair pela porta e ir embora.

Não me aguento e dano a chorar. Eu disse que não choraria, mas Annie é minha amiga. Não quero que as coisas fiquem assim entre nós. Sei que estou sendo dura com ela e até comigo mesma, mas é como ela disse, não consigo aceitar que a pessoa que eu mais amo tenha matado outra pessoa que eu amava demais. É muito difícil.

– Você vai embora mesmo Dulce? – Pergunta Vini.

– Sim, Vini. – Respondo, em meio as lágrimas.

– Vou sentir sua falta – Ele diz me abraçando.

– Também vou sentir a sua. – Correspondo seu abraço.

Após toda essa confusão, olho no relógio e vejo que já está praticamente na hora de encontrar Maite. Então corro para o banheiro, retoco a maquiagem e saio de casa ao encontro dela.

Christopher Uckermann

Quando estou dentro de minha cela pensando nos meus quatro anos presos um guarda me chama e diz que tenho uma visita. Meu sorriso logo se abre. "Só pode ser a Dulce ou a Annie. Mas prefiro imaginar que seja a Dulce." Saio da cela totalmente sorridente, crendo que seja Dulce, mas quando chego a sala de visitas me surpreendo com que vejo...

– Mãe? – Pergunto.

– Sim, meu filho. – Alexandra, minha mãe responde.

Fico perplexo. A anos que não vejo minha mãe e de um dia pro outro ela está ali, parada na minha frente e com o olhar dos mais carinhosos que existem.

– Mãe eu...

Nem tenho tempo de respirar e ela me abraça com muita força. Posso confessar? Que saudade do colo da minha mãe.

Um policial logo vem e avisa:
– Sem abraços ou contato físico.

Nos afastamos e minha mãe diz:

– Eu sabia que esse dia ia chegar, mas esperava que com o seu pai. Esperava que ele fosse preso e ai você tomasse juízo.

– Ai, mãe que saudade. Me desculpa por tudo.

– Tudo bem, filho. – Ela sorri – E ai? Dez anos né?

– Na verdade quatro, porque vou me comportar. – Respondo.

– Que isso? Não vai fugir? – Pergunta minha mãe.

– Não. Porque? A senhor acha que eu devo?

– Não! É porque esperava que você quisesse fugir. Do jeito que você era, igualzinho ao seu pai.

– Eu mudei mãe. Pena que tarde demais. – Respondo.

– Nunca é tarde filho.

– Ah é sim. Mas eu espero os quatro anos. Não tenho outra escolha mesmo.

– Ai filhinho. Vou tentar ver o que faço.

– Christian também está aqui.

– Sério? Não o vi na TV. Você é o chefão da gangue.

– Eu nem era mais, mãe.

– Tá. Depois venho visita-lo. Vou trazer algumas coisas para você e Christian na segunda-feira.

– Mas mãe, hoje é quinta, Porque não vem amanhã?

– Tenho que resolver seus problemas, ver se arranjo um advogado que possa conseguir diminuir ainda mais esses quatro anos.

– Mãe, eu não mereço...

– Você é meu filho... Você merece pagar por tudo o que fez, mas aqui você não vai ficar por muito tempo.

– Obrigado mãe.

– Te amo meu filho.

– Eu também te amo, mãe. – Digo.

Minha mãe fica surpresa. Ela sabe que sempre fui muito difícil de dizer "eu te amo". Eu sempre fui muito mal. Muito ruim. Não amava ninguém. Só a mim mesmo. Mas depois de conhecer Dulce. Eu descobri o que é amar.

Aquele Olhar - VONDYOnde histórias criam vida. Descubra agora