Capítulo 32

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- Lembro. O dono do seu coração é meu primo não é ?

Como ele soube ?

- Quem te disse isso ?

- Sabia! Você acha que eu sou burro ou o que ? Até parece que eu não percebo o jeito que você fala com ele, o jeito que você olha pra ele. Mas me trair ? Não fazia seu tipo.

- Porra Caíque! Que saco, eu vim aqui para ter uma conversa amigável e você vem com dez pedras na mão. Eu nunca deixei de gostar de seu primo, gostava de seu primo antes mesmo de nos conhecer, eu nunca te trai, vou confessar que ele me beijou uma vez, por isso eu parei de falar com ele. Foi por isso que eu tinha dito que não queria nada sério com você, eu não sou infiel Caíque.

- Eu devia saber que eu estava sendo iludido. - se levantou e passou a mão no cabelo. - Eu fui muito troxa.

- Eu nunca te iludi Caíque, eu nunca cheguei pra você e disse que iríamos ter algo sério, eu sempre deixei tudo as claras, você não cansa de ter atitudes infantis não ? - me levantei.

- Atitudes infantis ? Como se você fosse um bom exemplo. Tudo que eu te disse um dia foi verdade. - se virou para mim. - Tudo foi recíproco, da minha parte pelo menos.

- Da minha parte também, eu nunca te iludi e nunca disse nada para te iludir. Se eu não sentisse nada pelo seu primo com toda certeza estaríamos juntos agora, não estou culpando o sentimento e nem seu primo, como não é pra você culpar também.

- Tem mais alguma coisa que você tem que me contar ?

- Eu me encontrei com ele ontem, e ele disse que sente o mesmo por mim.

- Você acredita nele ?

- Acredito, porque eu iria duvidar ?

- Porque ele é o Victor.

- Você acha que ele esteja mentindo pra mim ? - umas lágrimas escorriam pelo meu rosto.

- Eu não acho nada, não quero estragar essa sua historinha ai. Terminou ?

- Terminei, era só isso mesmo. - limpei as minhas lágrimas.

- Que ótimo. Estou me sentindo mais troxa ainda agora. - se sentou e colocou a mão no rosto.

- Eu achei que pudéssemos ser amigos agora.

- Você acha mesmo que ia dar certo uma amizade entre nós ? Se liga, Nicole.

Essas palavras doeram, de verdade.

- Saiba que você é mais falso do que qualquer menino que eu já conheci, espero que não venha mais atrás de mim, porque eu não quero mais olhar para a sua cara. - as lágrimas desciam sem eu mesma perceber, me virei e sai andando.

- Nicole. - escutei Caíque gritar.

Não pensei em me virar, não achei que ele fosse tão sínico assim.

Nem ao menos me preocupei em colocar o meu capuz, sai andando sem olhar para trás, as lágrimas desciam junto com a chuva. Eu tinha pelo menos um pingo de esperança que eu e Caíque pudéssemos ser amigos, mas pelo visto eu estava enganada.

Me sentei da calçada que ficava na frente da minha casa, coloquei minhas mãos apoiadas no meu joelho tampando o meu rosto e chorei.

Depois de alguns minutos que pareceram uma eternidade, eu me levantei, limpei minhas lágrimas que pareceram não ter fim e entrei em casa.

Subi correndo para o meu quarto, tirei a minha roupa jogando-as no cesto de roupa suja, coloquei o meu celular na penteadeira e entrei no banheiro para tomar banho. Dessa vez, eu coloquei uma calça jeans justa, uma blusa de manga comprida cinza e o meu tênis da
Vans vinho, já que o meu preto já estava todo molhado.

Sai do meu quarto e fui até o quarto da minha mãe, onde eu suponho que ela estava, e estava mesmo. Eu precisava dela agora, precisava me desabafar com ela.

- Ué. - disse.

- Eu acabei de chegar, como eu estava ensopa, eu subi correndo para o banho. - me deitei na almofada que estava no seu colo.

- Você voltou até que bem rápido, foi normal com o Caíque ? - acariciou meus cabelos que estavam molhados

- Normal ? Foi horrível.

Contei toda a história para ela, por incrível que pareça, eu não derramei uma lágrima, acho que já tinha chorado tanto, que não tinha nem mais água no meu organismo.

Minha mãe me dava conselhos enquanto eu contava tudo. Depois que conversamos por um longo tempo, fui até o meu quarto para ver o meu celular. Tinha uma ligação perdida e uma mensagem do Victor.

Victor : Você já pode vir em casa ?

Nicole Preston : Sim. Falei com o Caíque.

Victor : E aí ?

Nicole Preston : Quando eu chegar aí eu te conto.

Victor : Lembra o caminho né ?!

Nicole Preston : Lembro hahah.

Desliguei o meu celular, coloquei no bolso de trás da minha calça e fiquei com o carregador na mão. Fui até o quarto da minha mãe novamente, bati na porta e falei :

- Mãe, será que você pode me levar na casa do Victor ? Eu volto de ônibus depois.

- Claro que posso. Eu te busco filha.

- É que eu não sei que horas eu venho.

- Tome aqui qualquer coisa então. - me entregou algumas notas de dinheiro. - Você vai agora ?

- Sim. - rio.

- Está bem, vamos então filha.

Descemos a escada, saímos de casa, entramos no carro e partimos.

Fomos conversando sobre o Victor, pelo visto minha mãe até que gostou dele.

Quando chegamos lá, eu desci do carro e toquei a campainha.

Victor me atendeu na hora com um sorriso de lado, me deu um selinho e me abraçou.

- Pode deixar que eu cuido dela sogrinha. - disse para a minha mãe.

- Juízo hein. - diz minha mãe.

- Pode deixar que eu sou bem juizado.

- Qualquer coisa me ligue filha. - disse para mim.

- Ligo sim mãe.

- Se divirtam. - sorriu para nós.

- Opa. - Victor disse baixinho e eu dei um tapa em seu peito.

Minha mãe me mandou um beijo no ar e saiu.

Victor me olhou, colocou suas mãos no meu rosto e disse :

- Você está bem ?

O Menino De RolêOnde histórias criam vida. Descubra agora