Com alguns minutos caminhando, percebo alguém me seguindo, quando olho para trás, Bryan me surpreende estando bem perto de mim.Tomo um belo susto e grito dizendo:
- Que merda, cara! Qual é o seu problema? Pensei que você já estava bem longe.
- Calma, Cler, só achei que você iria adorar ter a minha companhia.
- Sai fora, cara! Por que você é tão babaca, hã? Que merda!
- Eu sei que você quer a minha companhia- Disse Bryan sorrindo.
Já irritada, revirei os olhos respondir:
- Quer saber, você quer ficar me seguindo, então fique, só não me atrapalhe e nem me encha o saco!
- Tudo bem, Cler. - Disse Bryan e continuou - A verdade é que só quero uma companhia mesmo, mas se estou atrapalhando...vou te deixar em paz.
Bryan se virou e já ia embora quando falei:
- Bryan, espere, me desculpe, tenho sido uma grossa, você me ajudou quando eu mais precisei, pode contar com minha companhia sim.
Bryan olhou pra mim com cara de " Você é bipolar ou o que?!" , mas respondeu:
- Está bem, Cler...É que...sabe, estou há um bom tempo por aí, sinto falta de conversar com alguém. Meus pais morreram, fiquei morando com minha tia uns anos, mas ela sempre me tratou muito mal, até que cansei dela só ficar falando coisas ruins para mim, certo dia respondi para ela, foi aí que discutimos e ela não pensou duas vezes em me expulsar de casa. Desde então tenho dormido por aí nesses abrigos, mas hoje não conseguir e tive que ir procurar outro local e achei você naquele Galpão.
"Pro meu azar"- pensei, mas apenas respondi- Que barra, cara...
Bryan me olhou nos olhos , dava para ver bem seu semblante entristecido e seus olhos brilhavam como se a qualquer momento pudessem se acabar em lagrimas, mas apenas falou com a voz embargada.
- Não sei porque as pessoas que mais amamos de repente vão embora, assim, do nada e tudo que deixam é uma bomba aqui em nosso peito chamada saudade que a qualquer momento pode explodir e nos arrancar a alma. Foi assim que meus pais foram tirados de mim, Cler, de uma hora para outra, sem se despedirem, sem um beijo na testa, sem um até logo... Em uma bela noite você estar com seus amigos no cinema se divertindo e chega uma mensagem em seu celular dizendo que seus pais tinham sofrido um grave acidente e pela gravidade não tinha resistido...
Bryan parou por um instante, parecia esta buscando forças para não chorar. E continuou.
- Cler, quando li aquele mensagem, parecia que o meu mundo tinha acabado naquele momento e entre tantos sorrisos dentro de uma sala de cinema com um filme de comédia na tela, eu não conseguia ouvir nada mais que não fosse o meu coração acelerar e então eu cair no chão, não desmaiado, mas fraco, pois uma parte de mim tinha morrido com os meus pais, então eu só pensava em ir embora daquele local, me trancar em meu quarto e chorar até dormir, tentar esquecer, fugir daquela realidade esmagadora...
As palavras de Bryan me tocaram de tal maneira que a única coisa que conseguir pronunciar foi um "eu lamento..." e ficamos alí em silêncio até que eu pudesse o abraçar e falar em seu ouvido
- É assim mesmo, Bryan, o que resta é a saudade...
- Saudade não é opção, você não escolhe se quer sentir ou não, o mundo coloca em seu peito, o mundo é uma viagem perdida em que a saída é a morte, Cler.
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Até Nada É Alguma Coisa
RandomClarice é uma menina de 17 anos que perde o pai em um grave acidente quando ela ainda era criança, desde então Cler(como ela gosta de ser chamada) passa por muitos dramas em sua vida chegando até tentar se matar, pois além de perder o pai que ela am...