A noite de ontem acabou com o Harry a trazer-nos a casa e com o Sam a gozar-me quando o ser de olhos verdes beijou a minha bochecha.
Já passava das três da tarde e estava com o Sam a apanhar sol cá fora nas espreguiçadeiras, enquanto íamos conversando. O facto de ele não largar o telemóvel e de estar com um sorriso estúpido no rosto era verdadeiramente engraçado, pois eu sabia que ele estava a falar com a Sarah.
- Ainda não me contaste o que aconteceu ontem no jardim... - mumuro, tentando incentiva-lo a contar-me.
- Nada de especial. - um sorriso malicioso aparece nos seus lábios, denunciando a sua mentira.
- Mentir é feio, menino Sam.
- Só te conto se também me contares o que se passa entre ti e o Hazza! - sinto as minhas bochechas ganharem uma cor carmim e arqueio uma das minhas sobrancelhas. - É justo, Martha! Eu conto-te sempre tudo e tu nunca me contas nada!
Rolo os olhos e lá acabo por aceder ao acordo.
- Então foi assim... - ele começa. - Na noite anterior, nós tínhamos falado por mensagem e ela disse que ia pensar na cena de voltarmos a ser amigos, então lá no jantar ela estava a falar comigo na boa. Então tipo quando fomos para o jardim ela estava lá na dela a contar-me não sei o quê e nunca mais se calava, até que eu me fartei de a ouvir e a interrompi para falarmos de coisas sérias. De nós. Lá a convenci a ignorar aquilo que os outros dizem e no fim beijamo-nos e essas cenas.
Ele cora ligeiramente na parte final, fazendo-o ficar com uma expressão adorável. O meu irmão olha-me do tipo agora-é-a-tua-vez e lanço um suspiro, fixando os olhos no chão.
- Não se passa nada entre mim e o Harry, apenas beijamo-nos algumas vezes.
Mesmo estando com a cabeça baixa, sei perfeitamente que o Sam está com um sorriso malicioso nos lábios.
- Gostas dele, maninha?
Levanto a cabeça bruscamente e olho-o como se ele tivesse acabado de dizer a maior barbaridade do mundo (o que não está lá muito longe da verdade!).
- Achas? Apenas... Apenas... Sei lá! Mas eu não gosto dele! - afirmo, um pouco atrapalhada.
Estava Sam a gozar com a minha súbita atrapalhação quando nos entra pelo jardim um Liam completamente lavado em lágrimas e perturbado. O mesmo senta-se na relva entre as duas espreguiçadeiras e apoio os cotovelos nas pernas, tapando a cara com as mãos.
Soluços abafados saem da sua boca e sem pensar duas vezes levo a minha mão aos seus cabelos curtos, afagando-os.
- Liam? - tento chamar.
- O que é que se passou? Desembucha logo. - Sam fala, um pouco frio.
- A-a Cynthia a-acabou co-comigo. - ele confessa, tentando parar os seus soluços.
Acabaram? Então mas num momento estavam super apaixonados ao ponto de ele não nos ligar nenhuma e agora acabaram? Não entendo nada disto!
- Então porquê? Cansaram-se do conto de fadas?
Repreendo o Sam com o olhar e fico feliz por o Liam o estar a ignorar.
- Mas o que aconteceu? - questiono, continuando a acariciar a sua cabeça.
- E-ela diz que e-eu estava a fi-ficar muito dependente d-da re-relação e que era m-melhor as cenas terminarem a-agora do que m-mais tarde. - apesar de já ter controlado as suas lágrimas, a sua voz continuava tremida.
Por muito que concorde com a opinião dela, penso que ela não tem noção do quanto o Liam gosta dela.
- Mas então ela já não gosta de ti? - Sam questiona.
- G-gosta, ela também se fartou de ch-chorar, mas c-continuou a dizer que era o melhor para os dois.
- Liam, talvez ela tenha razão... Por muito que te esteja a custar agora, talvez seja mesmo o melhor e nada nos garante que vocês não vão voltar mais tarde. Tens é ter paciência e viver um dia de cada vez.
Nunca fui muito boa a dar conselhos, mas penso que desta vez até nem me saí mal, pois poucos minutos depois ele levanta-se, dizendo que vai apenas lavar a cara.
- Eu acho bué estranho ela deixa-lo só por causa disso... - Sam murmura, quando temos a certeza que Liam já não nos ouve.
- Talvez ela esteja apenas preocupada com o facto de ele se estar a afastar de tudo e de todos...
O loiro limita-se a encolher os ombros e volta a deitar-se na espreguiçadeira, fechando os olhos. Rapidamente o meu Batman volta, mas desta vez com uma expressão intrigada.
- Então vocês não me contaram que o Harry tinha namorada?
A pergunta faz acelerar o meu coração a uma velocidade alucinante. Ele volta a sentar-se no mesmo sítio e olha para nós como quem está à espera da resposta.
- Ai tem? - Sam pergunta, com a surpresa evidente na voz. Agradeço-lhe mentalmente por te falado, já que eu não conseguia encontrar a minha voz em lugar algum.
- Acho que sim! Pelo menos ontem ele estava no centro comercial de mão dada com uma rapariga, bem gira por sinal! Loirinha, alta, olhos azuis... Uma autêntica Barbie!
Não fui capaz de ouvir mais nada! Levantei-me e, enrolando-me na minha toalha rapidamente, virei costas e subi as escadas até ao meu quarto.
Entrei na casa-de-banho e fixei os olhos no espelho da mesma. Toda a minha postura evidenciava raiva. Os ombros muito direitos, os olhos vermelhos e os maxilares tensos.
Como é que ele se atrevia a beijar-me e a afirmar que eu mexia com ele, quando andava a comer outra qualquer?
*No dia seguinte*
POV HarryHoje o Paul havia decidido que eu ficava na cozinha com a Martha - perfeito! Adorava ficar com ela na cozinha, porque assim podíamos conversar enquanto trabalhávamos e era bom porque acabávamos por ter privacidade.
Estou ansioso para que ela chegue, para ver como ela vai agir depois do jantar de sábado! Ontem cheguei a mandar-lhe algumas mensagens por WhatsApp, mas ela nem se deu ao trabalho de as visualizar... Provavelmente aconteceu alguma coisa que a chateou e estava irritada.
Acabo de fazer umas torradas e entrego-as ao Paul pela pequena janela.
Solto um guincho um bocado amariconado quando a Martha entra repentinamente no espaço. Ela vem com uma expressão danada no rosto e nem se quer se digna a olhar para mim, começando logo a olhar para os pedidos.
- Bom dia para ti também.
Ela ignora e começa a preparar um pedido qualquer.
- Bom dia, Martha. - repito.
Desta vez ela olha-me com frieza e profere:
- Bom dia, Styles.
Sinto um aperto na zona do peito. Ela já não me chamava Styles há alguns dias e eu levei isso como um progresso, mas agora parece que estamos a regredir.
- O que se passa? - tomo coragem para perguntar, enquanto coloco uma tosta mista a fazer.
- Nada que te interesse. - a frieza na sua voz é cada vez mais notável e magoa-me mesmo. Estou definitivamente apanhado por ela!
- O que tens, Martha? Porra, estás a ser injusta comigo!
- A vida é feita de injustiça... Agora deixa-me em paz de uma vez por todas!
Olho para ela, visivelmente magoado e ela apenas me vira a cara.
- Tu lá sabes, Martha... Mas acredita que estás a ser mesmo muito injusta... - murmuro, suficientemente alto para ela me ouvir e mais uma vez sou ignorado.
Irrita-me o facto de ela me afetar tanto, mas ao mesmo tempo gosto deste sentimento... É confuso... Ela é confusa, e dá-me cabo do psicológico todo!
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Frozen Heart √H.S.√
Hayran KurguA vida dela não é fácil. Órfã de pai e mãe teve que abandonar a sua escola e o seu sonho pelos irmãos mais novos. Ele também não tem uma vida fácil. Esteve preso 3 anos por roubar e sofreu violência doméstica por parte do seu pai. Eles odeiam-se...