4. Time And Consequence

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"Ela teve que derrubá-lo com jeito e meter uma bala no cérebro dele.
Ela disse: 'porque ninguém acredita em mim'.
"
Janie's Got A Gun — Aerosmith

><>< JANIE

Arkham Asylum. Segunda-feira, 18:24.

— Você realmente está me deixando sair? — questionei ao homem parado em minha frente.

Ele parecia extremamente desconfortável por eu estar borbardeando-o com perguntas. E isso me fazia ter uma enorme vontade de continuar. Eu adorava deixar as pessoas desconfortáveis. Ironicamente, acabei me apaixonando pelo único cara que nunca consegui deixar desconfortável. Mas isso não vinha ao caso.

— É o que parece, Srta. Prescott — ele disse.

— Me chame de Janie — pisquei para ele.

O cara em minha frente, que havia acabado de entregar uma folha de papel em minhas mãos, era Charles — o diretor de Arkham. Eu estava do lado de fora do enorme portão sombrio que tinha "Arkham Asylum" escrito bem em cima. Aquilo parecia uma pegadinha para mim. Eu era uma criminosa que fora considerada louca, insana. Por que, no mundo, iriam me deixar ir embora de uma hora para outra?

— Você está livre — Charles repetiu.

— Ainda não faz sentido algum — estreitei os olhos. — Este papel diz que estou sã.

— Você está.

— É um certificado de sanidade — quis rir. — Por que me daria isso?

— Porque, como eu já disse algumas vezes, você está sã — ele parecia impaciente, mas eu também via um pouco de medo no fundo de seus olhos.

Aquele cara e eu tínhamos definições diferentes sobre o que era ser uma pessoa insana. Eu nunca havia sido insana. Eu tive meus motivos para o que fiz. Desde que peguei em uma arma, eu nunca mais fui a mesma. Mas eu sempre tive minha mente no lugar. Continuei porque gostei. Eu adorava o calor das chamas e o quanto elas pareciam vibrar e dançar em frente aos meus olhos e eu amava o som de quando eu puxava o gatilho para colocar uma bala no cérebro de pessoas que mereciam. Para mim, isso não se encaixava na definição de insanidade; Mas abracei como "insanidade" tudo o que eu havia feito quando descobri que isso não me mandaria para a prisão. Bem, acabei em uma prisão do mesmo jeito, uma prisão diferente. E depois de três longos anos — e algumas coisas boas entre as ruins —, estava sendo liberada. O cara que eu tinha certeza que ainda pensava que eu era insana estava me mandando de volta para as ruas de Gotham.

Não tinha como ver sentido nele.

— Você sabe que eu sou a Dama de Preto e sabe do incêndio, não é mesmo? — ele concordou com a cabeça rapidamente. — Também sabe dos outros incêndios que vieram depois e que peguei uma arma e acabei com algumas vidas?

— Você estava insana, doente — explicou, meio que hesitante.

— E agora...

— Você está curada — ele falou. — Sã.

Estava prestes a deixar Charles ainda mais confortável quando uma buzina me assustou por um mísero segundo. Olhei por cima do ombro para o carro escuro que parecia aguardar alguém. Olhei bem para o diretor de Arkham e finalmente entendi. Alguém me queria fora. Alguém tinha o obrigado a me libertar e assinar um certificado de sanidade.

Abri um sorriso orgulhoso para Charles e virei-me, andando na direção do carro. Ainda que eu não tivesse ideia de quem havia feito aquilo, não poderia ser pior do que viver o resto da minha vida em Arkham, certo?

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