Capítulo XV

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Aisha Radjaram

Na floresta posso pensar com clareza, mas tudo que me vem à mente é perturbador. As palavras de Débora ecoam em minha cabeça. Tudo que eu mais queria era ficar longe daquele lugar, e agora que conseguimos sair teremos que voltar.

Deitada em minha cama olhando para o teto Akira me chama.

- Ani está a sua procura.

- Onde ela está?

- Na entrada da trilha te esperando, leve suas armas. - Ele pisca e sorri como se não estivéssemos caminhando para nosso massacre.

Me levanto e passo por ele, mas antes ele segura minha mão e diz olhando em meus olhos:

- Vai dar tudo certo, prometo que vamos sair dessa. Juntos.

*****

Encontro com Anippe e começamos a treinar alguns golpes e de quebra usar os nosso poderes novamente. E ela está levando muito a sério.

A egípcia tira uma flecha da aljava rapidamente, põe no arco e acerta uma folha amarela, prendendo-a no tronco de uma árvore.

- Ah! Que delícia estar com meu arco novamente!

Puxo uma adaga e atiro logo abaixo de sua flecha. Olho para a folha que pega fogo imediatamente.

- Ah, que saudades dos meus poderes!

Ela vai até a árvore e retira a flecha do tronco. Dança o instrumento entre os dedos, fazendo-o desaparecer.

- Eu queria poder prever o que vai acontecer amanhã, e não ficar nessa aflição. Queria saber se a Sophia tá bem, ou se estão fazendo perversidades com ela... - e passa a mão no rosto.

Me aproximo dela e seguro sua mão.

- Eu desejo de todo o coração que ela esteja bem. Vamos sair dessa, não é a primeira vez que um de nós fica. Mas vamos superar isso juntos.

Ela se aproxima de mim e me dá um beijo na testa. Sorrio com as bochechas coradas e ela diz:

- Você é fofa, sabia? Não é à toa que Akira te ama tanto.

- Você é incrível, Ani. Por isso que ele te ama - digo, correndo para pegar a minha adaga, fazendo minhas tranças se soltarem das fitas.

- É, Akira me ama. Nossa. Ainda tá estranho de falar isso. Ele te contou do que ele fez pra me pedir em namoro?

Pego uma fita grande que estava enrolada em meu pulso e prendo meus cabelos em um rabo de cavalo.

- De onde você acha que ele tirou aquela fita? - dou uma risadinha quando ela ameaça correr atrás de mim. Ela me olha de viés e ri.

- Vai ter volta, garotinha - ela diz alto, enquanto vou até a árvore pegar minha adaga novamente.

Ouço o som de galho se partindo quando olho para Anippe que, com um olhar maroto, diz:

- E a vingança vem a galope.

A garota se camufla para que eu veja o recém chegado.

Um sorriso se forma em meu rosto antes que eu perceba, e vou até ele.

- Vai chover - é a única coisa que diz.

Olho ao redor percebendo que o sol já sumira, e pesadas nuvens se prostram em cima de nós.

- Então acho melhor corremos pra não nos molhar - falo sussurrando, quase como uma brincadeira.

Ele se aproxima e põe a mão no meu rosto no exato momento que começa a cair um tímido sereno de fim de tarde.

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