[Capítulo 1: Faro]

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— Novamente, Giulia? Ser apenas uma aluna excepcional não basta. Deve-se seguir as regras... — o interrompi —...regras foram feitas para o bem estar, e para serem seguidas.

Não dirigi meus olhos aos do senhor à minha frente.

— Vez ou outra você é enviada até aqui, pela inspetora. Mas a pergunta é: por que disso? — observei enquanto ele desfolhava um caderno robusto, provavelmente o de ocorrência. Mesmo eu tendo percebido que ele não queria uma resposta, bufou algumas vezes perante meu silêncio.

Destacou aquele pedaço da folha e anotou algo que não avistei.

— Segunda-feira, quero teus pais aqui. Sem falta desta vez. Entendido?

Acenti, afirmando.

Ao fundo, havia um burburinho que gradativamente aumentava. E se tornava mais estridente e estridente... Um bate-boca absurdamente irritante, com alguns "dane-se isso!" ao fundo.

Aquele som todo começava a me incomodar, a ansiedade me fazia cutucar a pele sensível de meus lábios ressecados. Quando o som começa a diminuir, logo foi findado com um sonoro: "Chega! Sentem-se aqui os dois! Agora!".

Segui os dois rapazes com os olhos, tentando conter minha curiosidade.
Por mais estúpido que pareça, o diretor havia me pedido para esperá-lo sentada ao lado de um deles, enquanto ainda pareciam brigar um com o outro.

O garoto era um tanto palerma, fazendo o estilo "jogadão" e despojado, mas era tão inexpressivo quanto uma pedra. Seu nariz farejava algo e seguindo a direção do odor, insistia em encontrar o tal cheiro misterioso.

Suas narinas vinham em minha direção, enquanto me afastava na medida em que ele se aproximava.

— Cigarros? Sinto esse cheiro de tabaco à quilômetros — Disse com um olhar acusador.

Fiz que sim.

— Estou aqui pelo mesmo motivo. Nada que eu não esteja acostumado. Hoje foi apenas uma exceção — Apontou para o garoto ao lado — Mas me diga... por que tem fumado?

Neste momento, virou-se para mim, enquanto eu passeava com os olhos em direção ao outro menino, nitidamente aborrecido ao responder as perguntas que lhe eram feitas.

Pensei bem numa resposta plausível, mas eram tantos motivos... Queria encontrar uma forma de emendar todos.

Logo o diretor interrompeu meu pensamento, pedindo para que eu saísse de sua sala, dando-me aquele papel, tendo ele em minhas mãos, agora carimbado. Levantei-me, indo em direção a porta:

— Ouvi por aí uma vez, que cigarros são poesias para quem nunca sabe o que dizer...

Parei, ao ouví-lo rir sozinho.

- Os glutões morrem pelo estômago. Mas somos parte de uma pequena fração daqueles que morrem... mas pelos pulmões.

Saídas dramáticas e contundentes são sempre as melhores.


-][-

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⏰ Última atualização: Aug 19, 2018 ⏰

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