Clarke começou a correr sorrateiramente entre as prateleiras do mercado fechado. Estava brincando de esconde-esconde com as câmeras e seus sensores.
Ela passou pelo corredor de comidas desistratada que eram vendidas para os Orcs de Gloscow, criaturas de aspecto horendo devido seus amarelados dentes ressaltados e a pela roxa gosmenta, mas de uma inteligência essencial para a evoluída tecnológica do planeta.
Quando Clarke estava pronta para dar uma cambalhota em direção ao corredor de comidas enlatadas de cor azul - Os Jekers que habitavam Gloscow tinha essa chatíssima mania de apenas comer comida azul -, quando uma sirene começou a soar pelo, antes quieto, mercado.
Clarke nem tentou fugir, ela apenas se sentou no chão revoltada e bufou. Ela sabia que não tinha chance contra os monstruosos cães dos guardas. Os latidos cavernosos começaram a vir de longe e lentamente Clarke foi se colocando de pé e colocando as mãos para cima.
Instantes depois dois cachorros que podiam ser facilmente confundidos por dois sapos gigantes espumando pela boca, vieram acompanhados de um guarda de dois metros de altura e de pele azul com prateadas fileiras de metal desenhando algumas linhas do seus rosto, apontou a lanterna para Clarke, que no instante que a luz chegou aos seus olhos, teve que fecha-los devido a claridade.
- Clarke Foster. - O guarda suspirou. - Roubando o mercado de novo?
- Russel! É um prazer vê-lo novamente. - Clarke disse com sarcasmo na voz. - Eu tenho que fazer algo se não vou acabar enlouquecendo.
- Entendi. - Russel falou seguido de mais um suspiro. - Abra a bolsa.
Clarke abriu a bolsa de mau gosto e Russel deu uma olhada. Ele tirou de lá uma pequena caixa de metal, que ela tentou impedir que abrisse.
- Isso não é seu! - Clarke gritou.
Russel apenas a olhou e abriu a misteriosa caixa, que para sua surpresa, estava cheia de tranqueiras consideradas importante para Clarke.
- O que são essas coisas? - Ele perguntou tirando um pedaço de pano para olhar e o devolvendo para a caixa.
- O que restou da minha mãe. - Disse Clarke, praticamenre cuspindo as palavras.
Russel levantou o olhar para ela, que estava cerrando o punho. Ele soltou mais um de seus suspiros e devolveu a caixa para Clarke, que a colocou rapidamente na bolsa e só ai percebeu o quanto estava tensa.
- Você chegou mais rápido dessa vez. - Falou Clarke. - Nem deu tempo de eu chegar no corredor de eletrônicos.
- Ótimo, pode me agradecer mais tarde por ter chegado na hora certa. Agora vamos, vou te levar para casa.
Russel colocou a mão sobre seu ombro esquerdo e começou a guia-la para fora do mercado. Clarke andava batendo os pés de raiva, não de ter sido pega, mas por ter que voltar para um lugar aonde não queria estar.- Aquele lugar não é a minha casa.
- Olha garota, sua relação com os Peters não é problema meu. Mas me faça um favor e abaixe a bola viu? Você não é indestrutível.
Clarke bufou e, para juntar a sua gigantesca pilha de momentos detestáveis, desejou não ter nascido. Ou pelo menos não ter ido parar na casa dos Peters.Ela entrou no carro sem rodas prateado que fazia os olhos arderem e com o logo da polícia no capô. Russel prendeu os cães na parte de trás da viatura e entrou logo depois. Durante a viagem o silêncio constrangedor se impregnou no carro, junto com o fedor de doer as narinas dos cachorros.
Quando Russel parou o carro na frente da consideravelmente grande casa dos Peters, Clarke ficou mais emburrada e impaciente, já sabendo o que lhe esperava atrás daquela porta.
Ela saiu do carro e foi acompanhada por Russel até a entrada. Ele tocou a campainha e minutos depois Rose Peters, com seus cabelos bagunçados e roupão velho, abriu a porta. Ela olhou para Russel e abaixou o olhar para Clarke e, quando entendeu o que estava acontecendo, passou as mãos pelos cabelos e fez uma expressão de cansada.
- Boa noite Sra. Peters, vim trazer Clarke de volta.
Clarke ficou surpresa em perceber que Russel não havia citado o mercado e, mesmo que algo em sua cabeça dizia que Rose já sabia por onde ela andou, ela torceu para que ele deixasse o ocorrido fora de conversa.
- Obrigada Russel e desculpe mais uma vez.
- Não se preocupe senhora. Só continue a vigiando.
Rose olhou para Clarke mais uma vez e abriu caminho para ela entrar. Clarke foi direto para o seu quarto, mas percebeu que Rose e Russel continuaram a conversar.Depois da morte misteriosa de sua mãe, Clarke foi parar no Orfanato da Tia Suzi com 9 anos de idade. Rose e Josh Peters, um casal que compartilhava das mesmas características, como a pele e o cabelo da cor rosa e olhos de um roxo cintilante, abriram a casa para ela anos depois, e durante uns anos as coisas foram boas.
Então Rose acabou engravidando do tão esperado bebê. Clarke tentou manter otimismo e até chegou a ficar feliz com o fato de que logo teria algum irmãozinho, mas as coisas não tomaram esse rumo. Quando Jeremaia nasceu, ele se tornou o centro do universo dos Peters e Clarke virou apenas um meteorito que só é percebido quando estava causando problemas.
Ela jogou o casaco preto na cadeira, tirou os tênis e caiu na cama enquanto se preparava psicologicamente para a conversa que estava por vir, mas ela não estava com paciência para a mesma conversa de sempre, que se resumia em: " Por que você faz isso?" "Não sei" " Você quer me matar com suas façanhas Clarke?" " Não." " Você tem que tomar jeito menina, você sabe que nem sempre vou estar aqui para abrir a porta, não sabe?" "Sei", então Rose saia do quarto e a vida seguia.
Vários minutos depois, quando Clarke ouviu a porta do seu quarto abrindo, ela permaneceu parada com a intenção de que Rose pensasse que ela estava dormindo. Ela ouviu sua respiração por longos segundos e então ela ouviu os passos seguidos do barulho da porta se fechando.
Clarke enfiou a cara no travesseiro e seus pensamentos viajaram pela galáxia até que o sono foi mais forte e ela acabou deixando ele vencer, caindo assim em um sono profundo.
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Skyrice: O Planeta Esquecido
Science FictionDepois de perder a mãe quando pequena, Clarke Foster foi adotada pelos Peters. Com um passatempo um pouco perigoso, ela acaba sendo chamada para participar de um roubo de uma espaçonave, mas nem tudo sai como planejado.