24° Capítulo

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Com tanta curiosidade Mary voltou atrás e aceitou o pedido de João.
— Pode vir, venha o mais rápido possível.
Sabia que não resistiria — o homem sorriu.
— Engraçadinho!
Aquele jeito convencido, fazia Mary lembrar de velhos tempos. O sorriso que havia conquistado ela pela primeira vez, os olhos atraentes e até mesmo seu cabelo. Tudo isso não saia de sua cabeça. Mesmo que aquela pessoa havia lhe deixado sequelas. Se fosse mesmo quem ela estava pensando, ela lhe daria uma segunda chance.
— Mãe! Já é meio dia, eu sabia que você deixaria eu ficar em casa — Ana pulou de alegria.
— Ainda faltam trinta minutos para você entrar na escola, pode se arrumar — Mary disse e logo se arrependeu.
Ela queria que Ana estivesse com ela quando o homem chegasse, estava com medo de ficar sozinha perto dele e algo ruim acontecer. Porém estava com mais medo de que ele fizesse algum mal a Ana.
A garotinha se vestiu, e estava parecendo uma princesa. Mary beijou seu rosto e a levou para a escola rapidamente.
No caminho aquela que estava tão linda, começou mudar seu semblante ainda mais. Ana não parava de chorar, e Mary não conseguia consola-la.
— Eu lhe imploro filha. Fala para a mamãe o que está acontecendo. Eu estou muito preocupada com você. Nós já temos tantos problemas.
— Não se preocupe mamãe. Eu ficarei bem.
— Eu espero! Pois é muito difícil ver você chorar. Você já é uma moça — Mary brincou e Ana não sorriu muito.
O carro foi chegando perto da escola e Ana começou entrar em desespero novamente. Ela havia visto o garoto que tanto a atormentava.
— Eu não posso ficar aqui — gritou.
— Eu pensei que já tinha melhorado — Mary bufou.
Com a preocupação que estava com a filha disse que falaria com os professores e com o diretor da escola para saber o que estava acontecendo. Porém Ana não deixou que ela fizesse isso, tinha medo das ameaças de Jorge.
No muro da escola ele dava gargalhadas ao ver Ana chorar.
"Ela é uma criança mimada" o garoto pensou várias vezes.
Seu tamanho dava dois de Ana, o que a deixava com mais medo.
— Quem é aquele garoto dando risada?
— Ele é o engraçado da turma.
— Parece que ele está rindo de você.
— Claro que não. Ele é bobo.
— Eu acho que não era para ele estudar nessa escola, ele é muito grande. Você está falando a verdade?
— Sim — respondeu e saiu.
Mary preocupada com o homem que ia em sua casa, acabou não pensando nas consequências de deixar Ana na escola e foi embora. No mesmo momento Jorge começou provocar Ana e rasgar seus materiais. A pobre menina começou chorar novamente, mas ninguém a socorria.
A escola onde ela estudava não era muito longe da casa de Mary, por isso Jack passou por lá quando estava indo ver Mary.
Não demorou muito para que ele visse Ana chorar. Seus materiais estavam todos no chão.
Jack pediu a Wilton para parar o carro pois ele ia sair, e foi até a porta da escola socorrer a pequena garota.
— O que aconteceu com você? — Jack perguntou.
— Jo... — Ana começou falar e parou quando viu Jorge a olhando torto.
— Eu não entendi — Jack respondeu aflito.
— Joguei meu material, nada mais.
— Você não faria isso, conta-me a verdade.
— Eu estou sendo verdadeira.
— Mas por que você fez isso? E essas lágrimas em seu rosto.
— Me leva embora — disse soluçando.
— Mas eu não mando em você.
— Me leva, por favor! Eu não aguento mais ficar aqui.
Jack vendo o desespero da garota, pegou em sua mão e a colocou dentro do carro.
— Quem é esta menina? Wilton perguntou.
— É a filha de Mary.
— Que surpresa. Agora você tem uma filha? Tudo aconteceu tão rápido.
— Que bom se tudo tivesse acontecido rápido como você pensa.
Wilton sorriu e Jack continou interrogando Ana.
— Vai falar para mim o que está acontecendo?
— Eu tenho medo.
— Pode me falar, você não confia em mim?
— Sim — disse ainda triste.
— Então me fala. Quem sabe eu posso te ajudar.

***

Mary estava sentada em um banco esperando João chegar, e cada vez mais sua ansiedade e o medo aumentava.
Ela ficava refletindo se estava fazendo a coisa certa. Mas sua raiva não deixava ela pensar com clareza.
Quando ela estava se levantando para entrar dentro de casa, viu um carro preto, com os vidros escuros parando em frente de sua moradia.
Seu coração começou bater mais forte, e o vidro foi abaixando lentamente.

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