25° Capítulo

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— Como vai senhorita Mary? Pelo jeito parece assustada. Acho que você está impressionada com meu novo carro, estou certo? — perguntou Chris, seu vizinho, e deixou ela ainda mais nervosa e desesperada.
— Não estou nem um pouco impressionada, apenas pensei que fosse outra pessoa. Eu ficaria muito melhor se fosse a pessoa que eu estava esperando. Olha que essa pessoa não tem muita importância para mim. Não estou acreditando que você só parou aqui pra me dizer isto.
— Pode acreditar querida. Só passei para lhe mostrar o que você não tem, olha que carro perfeito, acabou de sair da concessionária. Eu fico imaginando a diferença entre ele e sua lata velha que não tem nem ar-condicionado.
— Prefiro não ter o que você tem, e não ser essa pessoa arrogante que você é.
— Eu não estou sendo arrogante, apenas sou verdadeiro.
— Eu poderia ter o que você tem se eu quisesse.
— Nem se quisesse teria o que eu tenho pobretona! Se você fosse médica ainda, teria matado mais pessoas.
— Quantas vezes tenho que dizer que não matei sua mulher? Eu fiz o que estava no meu alcance. Eu não posso fazer milagres.
— Poderia ter feito um pouco mais. Sua carreita foi péssima.
— Talvez você tenha razão, mas não foi péssima porque sua esposa morreu e sim porque eu desisti muito rápido.
— Eu sempre tenho razão, e você realmente é muito emocional, não aguenta nada.
— Eu sofri muito para ficar assim. Quem sabe um dia eu volte a ser quem eu era antes.
— Sugiro que não, pois você será expulsa do hospital e ficará envergonhada.
— Eu não ligo mais para o que você pensa. Eu sei que eu era uma boa médica, muitos se recuperaram através de mim.
— Claro que não liga, você baba por mim. Aliás você está muito gata, pelo menos isso você tem de bom — piscou.
— Saia daqui agora, você não merece nem a comida que você come. Eu nunca babarei por você.
— Não se esqueça que se eu não tivesse te levado no hospital você teria morrido. Eu quero um retorno!
Chris mandou um beijo para Mary, ergueu o vidro do carro, e saiu rapidamente.
Mary realmente estava bonita, seu cabelo marrom estava mais liso do que antes e seus olhos chamativos estavam brilhando. Ela não estava usando uma roupa vulgar, pois este não era o seu estilo, mas mesmo assim ela estava bonita.
—  Meu nervosismo e minha ansiedade está acabando comigo, não acredito que Chris nunca vai esquecer que a mulher dele morreu nas minhas mãos. Eu sei como é difícil, porém ele não a amava de verdade. E como eu pagarei ele por ter me levado no hospital? Ele é uma pessoa muito ruim, pode me ameaçar — Mary pensou e começou chorar, fazendo com que seu rosto ficasse manchado com sua maquiagem.
Entrou dentro de sua casa para limpar seu rosto, mas ele continuou inchado. Refez a maquiagem e sua aparência já estava um pouco melhor.
Se a pessoa que eu estou pensando vir mesmo aqui, eu vou acabar desmaiando. Não acredito que eu cheguei nesse ponto de querer ver a pessoa que mais me fez mal só para esquecer Jack. Quando ele chegar vai se assustar com a minha aparência, mas eu preciso disfarçar, fingir que nada aconteceu — Quando pensou isso escutou uma buzina, e saiu com o coração disparado.
Espero que não seja Chris novamente — pensou
O homem estava de moto, Mary o reconheceu quando ele tirou o capacete e mexeu o cabelo. Ele era realmente quem ela esperava. Era alto, estava mais forte e musculoso, e muito mais bonito.
Seu sorriso era o mesmo, ou até melhor, o seu semblante havia mudado, parecia um homem verdadeiro e com mais educação. Mas ao mesmo tempo ele parecia um homem cheio de mistério, seu olhar malicioso aparentava esconder muitas coisas. Sua idade também parecia ter mudado, mas não para mais velho, ele parecia mais novo e muito mais atraente.
Ele já não estava mais barbudo, como na época em que ele não se cuidava e mal tratava Mary. Ele mostrava ser uma pessoa melhor naquele momento, com outros pensamentos e com outro caráter.
O coração de Mary começou bater mais rápido, e sua respiração começou a ficar mais ofegante. Ela estava paralisada e sem reação.
Lembrou novamente da xícara caindo lentamente quando ela falava com ele na casa de Jane e imaginou o desastre que havia acontecido naquele dia.
Ele havia ficado nervoso ao saber que estava falando com Mary.
Os pensamentos dela voltaram ao passado, e ela recordou quando era feliz.
A festa de aniversário daquele homem. Ele era apenas amigo dela, mais ele havia a conquistado. A música da festa tocava em sua mente e ela imagina os passos da dança junto dele e o primeiro beijo. Parecia um sonho, mas não era, aquilo realmente havia acontecido, porém a única coisa que havia restado foram as lembranças, que foram tão passageiras.
Relembrou de quando sua vida era igual a de uma princesa, quando o suposto homem havia catado-a no colo no dia da festa do seu casamento.
O sorriso e a alegria de sua pequena filha, que veio logo depois de alguns meses de casada.
As brincadeiras até de madrugada, e as gargalhadas das piadas daquele homem.
Mas logo, tudo havia acabado, o conto de fadas tornou-se um filme de terror.
Ele era uma pessoa tão boa, espero que ele tenha voltado a ser como antes. Será que eu estou ficando paranoica? Ele morreu.

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