Meu nome é Jhon Morrison , e vou lhes revelar o lado oculto de um passado que até hoje me atormenta , a história de como consegui escapar das garras da morte , mesmo depois de ter olhado ao fundo de seus olhos , os momentos aterrorizantes que passei no lugar que é a própria personificação do medo.
Tudo começou quando decidi me mudar, não aguentava mais o stress da cidade grande, o transito caótico, o barulho incessante, todo aquele movimento não me fazia bem . Fui embora para um interiorzinho, distante, com pouco mais de mil e quinhentos habitantes, era o lugar ideal pra um cara como eu .
Logo me habituei, consegui um emprego como carteiro, eu não tinha mulher ou filhos, nem parentes próximos, por isso levava uma vida sem muitas preocupações .
Eu frequentava uma taberna que ficava no caminho de casa, todos os dias ao fim da tarde, não tomava mais que duas cervejas e saía . Sempre as mesmas pessoas, os mesmos sons, eu até que gostava .
Num certo dia, estava tudo normal , o despertador tocou as 6:00h, como de costume, levantei cambaleando, ainda com muito sono, mas naquela manhã algo me chamou a atenção, havia uma movimentação estranha na casa ao lado, era o início das férias de verão, acabava de chegar de mudança a mulher mais linda que os meus olhos já puderam focar . Eu olhei pela janela e lá estava ela, nos braços uma caixa de papelão com suas coisas dentro, até aquele momento nunca algo me motivou tanto a permanecer naquele local quanto aquela presença divina .
Eu já ia sair para o trabalho, e não tive coragem de oferecer minha ajuda, peguei minha bicicleta, e antes de montar, uma troca de olhares aconteceu, foi meio estranho, acho que pelo receio de dizer "bom dia" e não receber resposta, de fato não nos falamos .
Na velha taberna, um sujeito novo, trabalhando como garçom, me serviu uma bebida e saiu para trás do balcão. Era meio estranha a forma como ele me observava enquanto limpava os copos com uma flanela, um olhar frio, suspeito e esquisito. Eu não estava muito à-vontade frente aquela situação, resolvi ir pra casa mais cedo, também cansado em decorrência do trabalho exaustivo .
Já em casa, eu tentei ler um pouco, porém não consegui, algo me incomodava, foi quando lembrei dela . Corri pra janela da cozinha, que dava de frente com a janela do quarto dela, apertei um pouco os olhos e consegui perceber a figura da moça à arrumar o ambiente, ainda se adaptando a nova casa . Foi quando ouvi baterem na porta, era o velho Jimmy, cobrança de aluguel. Expliquei a minha situação a ele, pedi mais um tempo pois não havia conseguido ainda o dinheiro. Ele era um cara compreensivo, não fazia muita questão, ele odiava aquele lugar, acreditava que era uma "cidade amaldiçoada". Ele desejava muito me vender a casa, mas eu, no momento, não tinha condições de comprar a residência.
Naquela noite o sono não me veio, parecia que todos os meus sentidos se manifestam ao mesmo tempo, não dormi, passei a noite olhando o relógio que parecia estar parado. As 4:00h eu estava de pé, tomei o café da manhã, sentei no sofá e tentei entender o que havia acontecido, "Foi coisa da minha cabeça." Pensei eu, e aceitei essa suposição pois o que aconteceu naquela noite não se repetiu .
Os dias iam se passando, eu ainda observa a nova vizinha, permanecendo no anonimato, porém num dia qualquer de serviço, algo inesperado e surpreendente aconteceu . Eu tinha uma correspondência para entregar no endereço dela ! Era tudo o que eu precisava para uma aproximação promissora.
Enfim descobri o nome dela . Bati na porta, mãos suadas, pernas trêmulas, a porta se abriu :
- Pois não...
Ha! Aquela voz... Tomei fôlego e perguntei:
- A senhora Ashley Christine se encontra?
- Está falando com a própria.
- Correspondência para a senhora.
- Ora, por favor - Eela se desmanchou em gargalhadas - Senhora? Estou no auge da juventude, pra que tanta formalidade? Me contento com Ashley . Queira entrar deve estar uns quarenta graus aí fora.
- Muito obrigado. Mas não quero incomodar.
- De forma alguma, faço questão. E a propósito, qual o seu nome?
- Jhon Morrison, a sua disposição.
- Prazer em conhece-lo Jhon.
- Ora, o prazer é todo meu.
- Sente-se, volto já.
Eu consegui! Agora era uma questão de tempo até eu conquistar sua amizade. Ela me ofereceu uma xícara de café, acertou em cheio no meu ponto fraco.
- Então Jhon, já somos vizinhos a um bom tempo, acho que já estava mais do que na hora de nos conhecermos, não acha ?
- Creio que sim, porém o tempo não espera, os dias estão se tornando mais curtos, mal sobra tempo pra dormir. Mas sempre esteve nos meus planos uma aproximação, só lamento ter sido em tal ocasião, tão repentinamente.
- Oh, claro. Concordo com você, minha rotina tem sido cada vez mais exaustiva, acredita que ainda nem almocei?
Nos conversamos bastante, me identifiquei muito com ela, éramos muito parecidos, acho que ela se sentia só, eu conseguia enxergar em seus olhos a empolgação de quem, a meses, não tinha um bom momento de diálogo com nenhum outro ser humano.
Ela abriu a correspondência e, do nada, seu ânimo se transformou, era uma carta de sua mãe pedindo-lhe que voltasse pra casa, ela tinha se desentendido com seus pais e decidiu sair de casa pra morar sozinha. Seus pais eram pessoas de influência onde moravam, queriam submetê-la a um casamento arranjado com um rapaz da alta sociedade, ela nunca aceitou, por isso foi embora. Todos os detalhes ela me contou durante a conversa e isso me fez perceber que tudo o que Ashley precisava era desabafar. Ela gostava de flores, abriu sua própria floricultura na cidade, de onde tirava os recursos necessários para se manter.
O horário se foi e eu precisava voltar a trabalhar, nos despedimos mas ficou o convite para uma futura visita, o que me animou muito. Eu não podia acreditar no que acabara de acontecer, uma mulher tão graciosa desabafando com o carteiro, mas de qualquer forma, não poderia ser melhor
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Presas do Labirinto
Mystery / ThrillerJohn é um cara comum, leva uma vida simples , mas tudo isso pode mudar. Um sequestro inesperado , um labirinto misterioso, será que ele vai sobreviver a todos os acontecimentos, que prometem mudar sua vida ( ou oque restar dela) para sempre? Acompan...