Capítulo 1

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(Estou disponibilizando o primeiro capítulo do meu conto. No próximo final de semana libero todos de uma só vez)

Sabe aquelas frases clichês que sempre ouvimos? Aquelas que já estão na ponta da língua e que, geralmente são usadas por nossos amigos que não aguentam mais ouvir falar daquele carinha que estamos tão afim.

– A vida é uma só, devemos aproveitá-la. –repetiu Maria, minha melhor amiga, na quinta vez na semana em que o tal carinha é citado por mim.

Mas vou logo avisando; aquele lá de carinha não tem nada. Absolutamente nada!

Seus ombros largos, seu peitoral forte, sua barriga definida, seus gominhos...ah, aqueles gominhos! Já perdi as contas de quantas vezes me peguei babando na visão de tê-lo bem aqui do lado, malhando apenas de cueca.

Inclusive agora, Eliza. Lembra meu inconsciente mais do que acordado.

– Vai lá falar com ele. –dou um pulo de susto, levando a mão ao coração.

– Vai assustar sua mãe, André! –olhei feio para o meu querido amigo.

– Desculpa, docinho. Mas acho que se você não estivesse tão ocupada babando no garanhão ali, teria me visto chegar. –joga a verdade na minha cara, piscando em seguida para amenizar.

Mas quem sou eu para negar?

– Eu não estava babando. –fecho a cortina e saio da janela antes que o vizinho me veja. – Eu só estava vigiando, caso ele passe mal. –tento me defender. – O sol está muito quente para estar malhando ao ar livre. –Maria e André se entreolham, fazendo a típica comunicação com o olhar. 

Aposto que estão pensando se acreditam ou não na minha desculpa mais que esfarrapada.

– Eliza, faz cinco semanas que você está olhando esse homem pela janela. Está na cara que você o deseja. –é, parece que eles não acreditaram.

– Desejar de longe é uma coisa, fazer aproximação é outra. Você já olhou bem para aquele cara?

– Já, e você também. Milhares de vezes. Por que não? –rebate André.

– Você já olhou para mim? Sou apenas uma solteirona sem graça, nada gostosa. Meu cabelo tem tanta pontas duplas que pareço uma espiga de milho. –me jogo no sofá, desanimada demais para continuar essa conversa.

– Querida, por que você se menospreza tanto? –André senta-se ao meu lado, me olhando entristecido. – Você é linda e não quer perceber.

– Só sou realista. Além do mais, já viu as mulheres que chegam com ele? Parecem capas da Cosmopolitan. Eu não teria a menor chance. –bufo.

– Nunca saberá se não tentar. –Maria senta do meu outro lado no sofá.

– Eu prefiro ficar nessa dúvida, do que ficar com a cara no chão ao levar um enorme ''não, você é feia demais''. –levanto do sofá enquanto os dois gargalham da minha tentativa de imitar uma voz masculina.

– Que seja! Não podemos falar que não tentamos. –André comenta com Maria.

– Vai fazer plantão hoje? –minha amiga pergunta na porta do quarto, enquanto visto meu uniforme.

– Provavelmente só sairei de lá por volta das três da manhã. –faço uma expressão de cansaço, fazendo-a sorrir. – Quer carona da balada? –ofereço.

Minha amiga tem uma vida privilegiada, digamos assim. Não precisa trabalhar, pois tem um pai que compraria uma cidade se ela pedisse. Maria é uma patricinha assumida, não negando isso para ninguém. Mas diferentemente da personagem Stacey Dash, do filme As patricinhas de Beverly Hills, minha amiga detesta rosa e não tem o menor jeito para andar com um cachorro peludo dentro de sua bolsa, já que é alérgica a qualquer pelo de animal.

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