Olá, não existe maneira certa de começar este texto. Pois sei que infelimente não o puderás ler. Mas eu quero escrever-lo eu preciso de escrever-lo, provavelmente ninguém ira ler isto, vai ser um pequeno desabafo numa das notas do meu computador, mas não importa, estou a escrever, a refugir para não estar a chorar e passar-me ou a bater com a cabeça nas paredes.
Tenho saudades tuas. E não quero chorar pela tua perda, embora que estou a escrever isto a chorar. Eu quero sorrir por puder ter estado contigo. Mesmo que isso envolva a minha tristeza por não estares mais cá, quero-me recordar de todos os momentos bons, de todas as risadas, brincadeiras. Todo o tempo que tu conseguias arranjar so para mim, e eu nem me considero especial sabes? Mas tu fazias com que eu me achasse especial, tinhas um dom. De fazer os males irem embora, de me por um sorriso nos lábios. Tenho saudades de ouvir a tua voz melediosa, saudades de me chamares pombinha branca, nunca percebi bem o porque de me chamares isso nem me recordo muito bem se era assim que me chamavas, mas por favor não te chateis comigo por não me recordar de todas as alcunhas que me metias, é que ja passou imensos anos e sabes que eu sempre fui uma cabeça no ar.
Uma das piores horas do dia era a noite, que te deixava para ir para a minha casa, quero dizer a casa dos meus pais porque onde tu moravas era a minha casa. Lembras-te de quando eu andava louca a preguntar se ja eram 17 horas? Porque passava na tua varanda um pastor com ovelhas e nós iamos lá todos os dias depois de ir a padaria dar-lhes pão. Tu preguntavas-me qual era a que gostava mais e eu dizia que era a mais pequena e a mais branca porque tu chamavas as vezes pombinha branca. A bocado disse que não sabia ao certo mas eu não sei tanta coisa e depois passado uns momentos parece que sei, é estranho não é? Tudo foi estranho. Lembro do dia da nossa despedida tu dizeste-me que não era uma despedida que era um 'Até já', porque tu irias sempre ver-me e cuidar de mim, mesmo eu não te puder ver. Foi a primeira vez que lidei com a dor a sério, não estou a falar a dor que sentia de quando esfolava os joelhos quando era pequena ou quando me picava quando tentava ajudar-te a costurar, estou a falar na dor de perder a pessoa mais importante da minha vida. Tu. Tu cuidas-te de mim como filha, era só dizer que eu ia para tua casa que eu ficava toda animada!! Eu apanhava flores, aquelas pequeninas rosas, amarelas, aquelas que a minha mãe dizia que cheiravam um pouco mal, e tinha razão não era um cheiro muito agradavél e isso não posso discordar, mas eu gostava por serem diferentes e tu também gostavas por ser eu a dar.
Eu não quero pensar que foste embora, na existe um único dia que eu não sinta uma dor no peito por não te ter ao meu lado, não sabes o quanto eu ja precisei de ti o quanto ja chorei e não disse nada a ninguém nem a minha mãe, porque não é a mesma coisa, aprendi a sofrer sozinha, porque era contigo que eu me sentia a vontade para falar de tudo! Tudo mesmo. E agora que não te tenho não me sinto segura neste mundo, para nada. Eu sei que ja cometi muitos erros, provavélmente não me reconhesses e eu não sei se isso é bom ao mau, porque não estas ca para me o dizeres. Desculpa ter largado o piano, mas eu não conseguia ver um a frente porque era contigo que eu tocava ao teu lado, era um amigo teu do coro que me ajudava e tu cantavas ao meu lado, eu levava as minhas pollys e brincava quando me fartava do piano e tu estavas ao meu lado a cantar, tinhas uma voz tão linda, eu amava ouvir-te cantar, amava qualquer coisa que fizesses tu eras e sempre serás a minha alegria.
Partis-te muito cedo da vida, mas nunca iras partir da minha alma e do meu coração.
Sinto a tua falta, pomba branca, torrão de açucar. Avó.
Desculpa mais uma vez por não ser o orgulho que tanto desejavas, desculpa por so fazer porcaria atrás de porcaria, por me desleixar. Desculpa-me. Desculpa por eu te pormeter que não iria chorar, mas o que faço mais é isso, chorar. Sinto tanto a tua falta so pedia ver-te mais uma vez e conseguir-me despedir da maneira certa.
Amo-te
Ass; Menina da Vóvó.