Capítulo - O Espelho na Parede
Era uma vez, num reino muito conhecido pelas belas mulheres que lá viviam, um feiticeiro que se apaixonou por uma das donzelas do lugar. No entanto, a jovem não foi sincera com o feiticeiro e, depois de pouco tempo, ele morreu com o coração partido. Em seu último suspiro, lançou uma maldição sobre todo o reino, que, pelo que sei, perdura até hoje.
Sob a maldição do feiticeiro desiludido, todas as mulheres do reino subitamente pareciam desconhecidas e desagradáveis para seus parceiros e para elas mesmas. Elas logo iniciaram uma batalha para se tornarem exatamente o oposto do que a natureza queria que fossem. Primeiro, passaram fome até quase a morte, pois a magreza era vista como mais atraente do que a aparência feminina saudável. As que não podiam suportar essa privação se submetiam a outros métodos humilhantes para se livrarem da carne indesejada. Depois, seus seios tinham de ser alterados em sua forma natural para um protótipo mais rijo e maior, o qual, embora causasse muita dor e inúmeros problemas de saúde, tinha um efeito mais atraente para todos. Envelhecer era a mais detestável de todas as manifestações da natureza nas mulheres, e precisava ser evitada a qualquer custo. Elas faziam tudo que estivesse a seu alcance para prevenir o envelhecimento, submetendo-se a procedimentos médicos quando tudo o mais falhava.
Embora uma existência assim possa parecer improvável a muitos leitores, posso garantir que é bem verdadeira. Não se pode explicar muito fielmente até onde essas pobres criaturas estavam dispostas a ir em seu esforço para ser qualquer coisa que não o que eram. Até seus cabelos e os pelos de seus corpos eram incompreensíveis para elas, que os cortavam, ,
coloriam, arrancavam, depilavam, raspavam e os eletrocutavam até que cada fio estivesse alterado ou destruído.
As poucas mulheres que conseguiam se enquadrar a essasdesconfortáveis expectativas recebiam o status de rainha -por um período curto -, mas durante o qual se esperava que dessem prazer aos homens e punissem as mulheres que não correspondiam apropriadamente ao que se esperava que fossem.
Resumindo, uma grande infelicidade se abateu sobre as mulheres que moravam nessa terra amalçoada
Acontece que uma bela mulher, mesmo para aqueles tempos, estava chegando ao seu prazo de validade; ou seja, estava se aproximando da idade em que seu valor como mulher e rainha, segundo os padrões
sob os quais era regida a maldição, chegaria ao fim.
A futura rainha-aposentada buscava freneticamente por livros e impressos de consultoria às mulheres do
reino, mas, sem encontrar consolo ou guia suficientes, ela finalmente se viu diante de um espelho imenso, pendurado sobre uma parede em seu quarto. Em estado de desespero ela gritou:
Espelho, espelho meu,
Quanto tempo até eu cair?
A minha beleza era vã?
Ou pode a dor diminuir?
Os espelhos, junto com as publicações femininas ao redor daquela terra, estavam sob o feitiço da maldição; eles eram, na verdade, os próprios condutores através dos quais o feitiço ganhava força e poder.
O espelho, no entanto, vinha esperando pacientemente por essa oportunidade e agora respondeu:
Tua beleza, antes sem par,
Muito em breve terá sumido,
Alguém como fostes tens de achar,
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Contos de Fadas Eróticos - Nancy Madore
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