Eu nunca fui de me deixar levar, me entregar, me dedicar totalmente à alguma coisa, nem pra realizar meus sonhos, nem no colégio, muito menos na minha vida amorosa.
Era aquela coisa tipo "-Ah, eu estou sobrevivendo a essa vida patética, isso que importa", o problema era que eu deixava minha vida assim.
Certa vez eu decidir ir atrás dos meus sonhos.
Estava tudo indo muito bem, eu já havia realizado várias coisas.
Resolvi me dedicar nos estudos.
Fui a melhor aluna da minha classe.
Minha vida amorosa?
Romance não era bem meu forte, eu nunca conseguir confiar realmente nos meninos, pois eles sempre partiam meu coração.
Certa vez, eu conheci um jovem chamado Robert, ele era bonito, fofo, as vezes eu o encontrava no ônibus, eu ficava viajando naquele sorriso, até que um dia ele veio na minha direção.
- Por que toda vez que pegamos ônibus juntos, você fica me encarando?
- Ah, você tem um sorriso bonito - falei tentando disfarçar minha vergonha
-Obrigado pela sinceridade, qualquer outra pessoa diria que eu estava me achando demais ou algo do tipo.
Nos tornamos amigos depois daquele dia.
A gente pegava o mesmo ônibus todo dia, falávamos de tantas coisas aleatórias só pra não deixar a conversa acabar...
Eu gostava dele.
Não era aquela coisa, ah sinto borboletas no estômago quando tô com ele, ou pensar em ter algo mais sério com ele. Não. Era só gostar de estar com ele.
Passamos alguns meses conversando e trocando confidências, ele havia se tornado quase um melhor amigo.
Eu confiava nele.
Certa vez, quando eu estava no ônibus esperando por ele, pareceu alguém com um filhote de gato nas mãos, eu estava distraída demais para notar que era Robert.
- Trouxe um amigo pra você-ele falou me entregando o gatinho
-Nossa, obrigada, meu Deus, ele é lindo! - eu falava enquanto tentava não sufocar o coitado com tantos abraços e beijos
- Como vai ter o nome dele?
- Pudim.
- Essa será sua nova mãe Pudim-ele falou olhando pro felino- Será que você deixaria eu ser o pai dele?
Eu fiquei sem reação, eu não estava acreditando no que ele havia falado.
- Que?
- Você quer namorar comigo?
Meu mundo desabou, era como se fogos de artifício estivessem explodindo dentro de mim.
- Sim.
Pudim ganhou pais novos. Robert ganhou uma namorada e eu ganhei esperança.
Eu demorei, mas admitir que amava ele de verdade, não conseguia viver sem ele.
Ele era minha vida, minha felicidade, ele era "diferente".
No começo tudo é lindo, mágico e colorido.
Passaram-se os messes, e não tinha aquela coisa de rotina, sempre era diferente.
Um dia, eu resolvi ir na casa dele fazer uma surpresa.
Na esquina eu avisto ele.
Corro até o mesmo.
- O que você tá fazendo aqui menina? - ele falava como se não tivesse gostado
- Vim fazer uma surpresa
Ele reclamou comigo, disse que eu devia ter avisado, disse que era infantilidade da minha parte fazer isso, disse que não aguentava mais o meu jeito.
Ele fez eu me sentir a pior pessoa do mundo. Eu me sentir um objeto, que ele simplesmente estava me usando.
Nosso namoro havia acabado, eu sair de lá com a cabeça erguida como se não me importasse, mas meu coração havia se partido em mil pedaços.
Naquele dia eu tentei me matar.
Mas não tinha coragem o suficiente pra isso.
Eu era uma covarde.
E ainda pior, eu realmente achei que dessa vez pudesse ser diferente, talvez eu quisesse tanto isso que não conseguia mais enxergar a realidade e o quanto eu estava me machucando com aquilo.
(Depois de um tempo, eu não ligava mais pra ele, mas a dor continuava e eu não sabia como acabar com ela, eu tentei diversas formas, mas a única que deu certo foi suportar e esperar a morte)