Capítulo 17 - ATRAÇÃO INCONTROLÁVEL

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Clarisse caminhou até a sala de Daniel a passos vagarosos. A sua mente traiçoeira não parava de reviver o breve momento com Heitor naquela manhã. Não era somente o beijo em Müller que regressava incansavelmente em seus pensamentos, mas também o modo como ele se abriu para ela, como desabafou, e a forma como parecia realmente quebrado com as lembranças dolorosas.

Por um longo período, ela acreditou que Heitor era um canalha sem coração, desprovido de compaixão e sentimentos. E então ele desabou daquela maneira, revelando todas as suas angústias e mostrando para ela um lado desconhecido, um lado que, como ele afirmou, nunca mostrara para ninguém. Nem mesmo para o irmão, sangue do seu sangue.

Houve uma estranha emoção percorrendo seu corpo quando ele lhe confidenciou isto. Saber que Heitor confiava nela o suficiente para mostrar esse seu interior inalcançável a deixava inquieta e enérgica, com uma sensação esquisita martelando o seu peito.

Subitamente, então, tornando a ser o Heitor Müller de sempre, ele se esquivou daquele beijo. Um beijo diferente entre eles. Clarisse pôde sentir que era diferente de alguma forma. Pareceu mais sincero, puro e inocente. Pareceu, também, mais recíproco. Poderia ser uma loucura tal pensamento, mas a sensação de reciprocidade gritou alto dentro dela, desencadeando pensamentos e emoções que a atormentaram por toda a manhã.

Mais uma vez seus sentimentos foram postos à prova; e sua cabeça, bombardeada de questionamentos. O quanto Clarisse amava Leo? O suficiente para não se deixar ser seduzida por Heitor? O bastante para não repetir (outra vez) sua insanidade de beijá-lo? O quanto ela acreditava ser verdadeiro seus sentimentos por Leonardo? O quanto ela acreditava que as sensações por Heitor era apena paixão passageira?

E as respostas eram as mais incertas possíveis. Clarisse já não tinha certeza de nada. Ao mesmo tempo em que estava convicta de seu amor por Leo, pegava-se pensando em Heitor, nos olhos azuis canalhas, no primeiro beijo sincero — e recíproco — entre eles.

Chegou até o escritório de Daniel, afastou seus pensamentos e bateu à porta. Um segundo depois de ouvir a voz forte permitindo sua entrada, ela entrou.

— Daniel, Heitor me pediu para te trazer alguns documentos que precisam ser assinados. São relatórios de orçamentos.

Daniel estava atrás da sua mesa, os olhos presos ao computador. Ele deu um sorriso curto, continuou digitando rapidamente e apenas murmurou para ela se aproximar.

Clarisse deixou os papéis para ele em cima da mesa e aguardou as assinaturas.

— Como está indo com Heitor? — quis saber, de repente, enquanto assinava nas linhas indicadas.

Clarisse soltou um suspiro e sorriu pequenino.

— Ele tem sido legal.

— Legal? — indagou, surpreso. — Acho que é o melhor elogio de uma mulher para ele. — enunciou, os olhos simpáticos.

Clarisse não conteve uma pequena risada e abanou a cabeça.

— É difícil lidar com ele. É tão oscilante no humor. E às vezes é tão irritante e infantil. Mas, no geral, tem sido bom. Tirando as mulheres que ele leva pra casa.

— É comum? — perguntou, terminando de assinar a última folha, e olhou para ela, a expressão realmente preocupada — Essas visitas... indecentes?

— Um pouco. Mas eu não me importo mesmo com isso. Seu irmão é um homem livre.

— Mas um mínimo de honra pelo nosso sobrenome e respeito a você não causariam dano nenhum a ele.

Contrato de Casamento 2 - O spin-off de Heitor Müller (REPOSTAGEM)Onde histórias criam vida. Descubra agora