Entre Linhas

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Acordei com um barulho na porta, odeio quando me acordam, aliás acho que ninguém gosta. Principalmente quando você está na melhor parte do décimo terceiro sono... Automaticamente o mau humor configurou minha expressão numa rude cara feia. Levantei com o pé esquerdo e fui abrir... quem estava do outro lado era tão retardado assim, que não conseguia girar a maçaneta? Birrrrrrrrl.

Engoli em seco meu veneno quando vi quem era...

- Bem vinda de volta...

- Desculpa...por acordar você...

- Só desculpo porque é você, caso contrário... nem queira saber...

- Rs...

- E aí, o que rolou?

- Como assim?

- Ah, não se faça de desentendida, assim que falei que você tava bem o William foi correndo para lá...

Ela vacilou enquanto tentava manter a postura, ficou "remexendo" na bolsa procurando não sei o quê. Ela deitou na cama e pôs os fones na tentativa de driblar meu interrogatório. Mas seu sorriso estragava o disfarce. Eu li nas entrelinhas do seu olhar o amor crepitando em seu peito.

Já que eu estava acordada... aproveitei para fazer minha higiene pessoal. A água fria caía sobre mim enxotando toda a preguiça, hoje finalmente eu teria um dia normal no acampamento. Terminei de me vestir, por cima do biquíni o look de hoje era algo que me desse liberdade de movimento. Fui em direção ao refeitório, estava vazio, aquilo me deixou com uma pulga atrás da orelha. Sai e vi algumas garotas correndo de tanga e biquíni, todos aparentemente estavam no píer. A festa estava feita, a música estava alta, mas não a ponto de ser ouvida dos dormitórios. Aliás, tive que voltar lá na minha cabana para pegar os óculos de sol, uma toalha e um chapéu, hoje era meu dia de divar e igualar um pouco o bronzeado. Cheguei chegando e já entrei no grupo que ia dar uma volta de lancha para ver um recife de corais. Era a oportunidade perfeita para ótimas fotos.

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Quando abri meus olhos o quarto estava silencioso, os raios de sol eram apenas feixes de luz que atravessavam o vitral da porta. Todas as lembranças vieram como uma retrospectiva em minha mente. 

Por volta da meia-noite ela adormeceu junto a meu peito, muitas coisas vieram à minha mente e nesses pensamentos não veio nada erótico se é o que você pode estar pensando... Fiquei imaginando, nada seria mais como era antes. Depois que quebramos essa primeira parede, nada nos impedia de nos conhecermos melhor. Eu já sabia onde ela morava, então o fantasma do distanciamento não me assustava mais. Tipo, sem pressão... só queria ver no que ia dar. Eu gostei de ficar com ela e se dependesse de mim, episódios assim se repetiriam muitas e muitas outras vezes.Com certeza eu a convidaria para sair, quem sabe até um jantar romântico lá no Pub.  Agora que eu tinha meu próprio carro não estava mais tão sem mobilidade.

Olhei para meu celular, aqui não tinha sinal, mas havia um ícone de sms que eu deixara passar despercebido quando atravessei os limites da zona de cobertura da operadora. Cliquei na tela, eram poucas palavras mas as intenções por trás eram bem claras. 

"Já estou com saudades, volte logo. Bjos. Luana"

Levantei da cama sem fazer alarde, lá fora a lua brilhava intensamente no centro do céu. Sob sua proteção caminhei rumo ao meu leito. O corpo cansado pelo esforço contínuo, a alma leve exalando cores, aromas, amores. Quando cheguei na minha própria cama o Victor estava dormindo, também estava exausto. Demorou um tempo até que eu também caísse nas graças de Morfeu. 

Agora já eram umas 10 hrs da manhã, com certeza ela já saiu da enfermaria...


Convergindo (Em Construção)Onde histórias criam vida. Descubra agora