Meus olhos ardiam, já faziam horas que eu estava acordada. Minha cabeça estava latejando e meu coração palpitava. A notícia já havia sido espalhada, todos já sabiam.
Há quatro anos nos conhecemos, há quatro tivemos nossa primeira troca de olhares. Não achava que a partir dali criaríamos laços tão fortes quanto temos hoje.
"Vamos fazer um pacto." Normani propôs envergonhada.
"Um pacto?" perguntei ainda um pouco confusa.
" É, um pacto." Ela assentiu já se animando com sua ideia. " Me dê sua mão." Normani pediu e eu entreguei minha mão a ela, ela entrelaçou nossos dedos. "Promete que vai sempre estar comigo?"
"Prometo. Eu prometo e eu prometo." disse sorrindo e ela soltou uma risada super gostosa. "Shiiiu! Você vai acordar as meninas. " lembrei. "Promete que nunca deixará que os outros nos impeçam de termos uma a outra?"
"Eu prometo, Dinah." Normani selou minha mão ainda sorrindo.
Naquele momento eu sentia que éramos mais que amigas, era o momento mais maravilhoso da minha vida. Mas meu conto de fadas com minha amiga foi destruído quando nos disseram que não poderíamos seguir com aquilo. Eu não sabia dos sentimentos de Normani, eu não sabia se ela me desejava tanto quanto eu a desejava, mas mesmo assim não desisti.
Depois de um tempo as brigas começaram. Todas as noites tínhamos um motivo para discutir. Tudo aquilo já estava ficando repetitivo demais.
Em uma noite, fomos à uma festa de um amigo de Lauren. Ninguém sabia sobre minha verdadeira orientação sexual, mas naquela festa, o segredo que rondava minha mente veio a tona.
Eu beijei uma garota, eu beijei uma garota e essa garota não era Normani.
Na mesma noite tivemos outra discussão, e acho que foi a pior de todas.
"Eu vi, Dinah! Eu vi!" ela gritava, eu conseguia ver a raiva transbordando de seus olhos. " O que você tem a dizer sobre aquilo?"
" Cala a droga da boca!" explodi. "Não precisa ficar rodando meus sentimentos, principalmente quando eles não forem por você." disse e saí dali batendo o pé.
" Você não tinha o direito de fazer aquilo. Eu odeio você! Nunca mais quero ter que olhar para você." ela disse antes que eu saisse do quarto.
Aquela briga ficou marcada. Depois daquela noite, Normani fazia de tudo para me ignorar. Ela não falava mais comigo, não olhava para mim, nem sequer se aproximava. Nosso relacionamento nunca mais foi o mesmo. Eu tentava de todas as formas me aproximar, mas ela nunca estava ali para mim. As meninas diziam que Normani queria desculpas, mas eu não via motivos para eu me desculpar, eu não havia feito nada de errado.
Os fãs já haviam notado a diferença, elas sabiam que alguma coisa estava acontecendo, mas toda vez que alguém tocava no assunto, Normani dizia que estava tudo bem e mudava totalmente o rumo da conversa. Eu não sabia porque ela estava agindo assim, mas eu precisava saber.
Cada vez mais ficávamos reconhecidas, os fãs aumentaram, e nossa agenda lotou.
Lembro-me de uma vez em que fomos fazer show no Brasil. Sempre gostei bastante dos fãs brasileiros, eles sempre nos trataram maravilhosamente bem.
Nesse dia estávamos indo até o local onde iríamos fazer o show, estávamos dentro de uma van, e para minha sorte — talvez azar — estava sentada ao lado de Normani.
Ruas antes já era possível ver a multidão que estava a nossa espera, milhares de fãs vinham em direção a van e gritavam por nós. Vi a palavra "Norminah" espalhada por várias camisetas e a cada uma que passava meu coração se apertava. Não é fácil viver uma vida onde não somos aquilo que realmente gostaríamos de ser.
