Não durma jamais...

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Felicity era um palhaço afro-americano que se mudou para o Maine, Estados Unidos, durante o severo inverno de 1994, na época de Natal. Fora muito feliz em vida, realizando apresentações esparafatosas e se divertindo à beça com o que mais amava em vida; diversão.

Porém naquele inverno algo terrível começou a se espalhar pela vizinhança, o que custou uma vida. Felicity tragicamente se suicidou após os pais locais o acusarem de molestar as crianças em uma de suas apresentações semanais.

Ele se sentiu arrasado com a tamanha atrocidade daquele rumor. Mas era tarde demais para lutar contra a dor que lhe consumia.

Em seu trailer, ele desenhou uma caretinha feliz com um marcador de texto vermelho em um pedaço de papel, nada significativo, segundo os policiais, e o deixou ao lado de seu corpo, que fora encontrado na manhã seguinte.

Felicity ingeriu formol, segundo o laudo médico. Foi o que noticiaram no jornal das oito da noite naquela época, também.

O prefeito, Rick Abnegam, e o médico perito, Logan Freudenthal, explicavam para os telespectadores os riscos de ingerir aquele tipo de produto.

Nenhuma palavra de consolo aos amigos e familiares foram prestadas.

- A ingestão causa imediata e intensa dor na boca e faringe - dizia Logan para os repórteres com seu sotaque indescritível do sul. - Provoca dores abdominais com náuseas, vômito e possível perda de consciência. Outros sintomas como perda de proteínas pela urina, acidose, hematêmese, hematúria, vertigem, coma e morte por falência respiratória também puderam ser observados na vítima. Além de sinais de choque como dificuldade de micção, convulsões e estupor...

Joshua desligou a televisão quando viu que seus dois filhos estavam encolhidos no sofá. Thomas de quatorze e Aaron de apenas seis.

Temendo que as crianças fossem ter pesadelos, ele ficou com os garotos na cama até a meia-noite daquela quarta-feira, quando eles adormeceram e pegaram no sono.

O pai saiu do quarto olhando uma última vez para a janela fechada do cômodo. A cidade estava livre de Felicity, pelo menos. Seus filhos agora estavam seguros daquele molestador desgraçado.

A família viveu em paz por longos 2 anos.

Em dezembro de 1996, Aaron, de agora 8 anos, foi acordado em sua cama do tipo beliche com o que parecia ser uma risada ecoando pelo cômodo. Uma risada seca e aguda.

Calafrios percorreram toda a sua espinha.

Ao julgar pelo relógio em formato de coruja, que ficava sobre uma mesinha de canto, anunciava que eram 03h00, que aprendera com Thomas que se chamava "Hora Morta", e por ser tarde, seus pais já estavam na cama também.

Ainda sonolento, esfregou os olhos antes de prender a respiração assombrado. Foi como se todo o tempo e ambiente fosse congelado ao encarar aquela figura horrenda. Era como se a notícia da morte de Felicity, dois anos antes, saísse de seu subconsciente e viesse lhes assombrar novamente.

A morte de seu irmão, Thomas Washington, também. Uma grande perda para a família. Joshua nunca se recuperou e durante as madrugadas, é possível vê-lo tomando antidepressivos no banheiro do primeiro andar da casa.

Aaron logo abriu os olhos de uma forma que pudesse avaliar a aparição de arrepiar os cabelos da nuca melhor. Em pé na porta do quarto, vestido com um terno marrom desgastado de uma peça, e pernas de bode, o palhaço tinha uma mão segurando barriga, como a criança fazia quando dava muitas risadas, e a outra apontando diretamente para Aaron, que se encontrava aterrorizado e perplexo. A figura parecia estar gostando do que via, como se estivesse zombando dele. Rindo de uma piada infame.

Felicity, o Palhaço Alegre.Onde histórias criam vida. Descubra agora