Take a smile

I

Eu era feliz e nem sabia. O meu pequeno Mundo desabou quando os meus pais se separaram, tinha eu 12 anos. A minha mãe decidiu mudar de país. Ela não disse a ninguém, só disse a mim, aos meus dois irmãos mais velhos ( Catherine e Sean) e à minha avó. Ela fazia intenções de me levar também para fora, eu não queria. Chorava todas as noites porque não queria ir embora do meu país, da minha casa, da minha família, dos meus amigos... Cheguei a dizer na escola: "Acho que vou mudar de país", ninguém ligava. 

Lembro-me desse dia como se fosse ontem. Eu tinha apenas 12 anos... Os meus irmãos, o meu pai e o meu cunhado foram buscar-me à escola, o que não era habitual porque eu tinha de ir sempre de autocarro. Eu sabia o porquê de eles terem ido. Fomos buscar o outro carro, porque o meu pai tinha um e a minha mãe outro, que ela tinha deixado na estação rodoviária porque tinha ido de autocarro até ao aeoroporto. Aí percebi o porquê do meu cunhado também ter ido, mais ninguém tinha carta. Apesar da minha mãe não estar, naquele momento pareceu que a família estava junta. Já era há muito tempo que não estávamos assim todos juntos. Nós sempre tivemos diversos problemas familiares, a minha irmã morou conosco até aos 16 anos e depois nós mudámos de cidade e ela voltou a vir viver conosco, já ela tinha os seus 23. A minha irmã foi sempre aquela pessoa que me apoiou em tudo, como uma melhor amiga. Eles foram levar-nos a casa, antes disso passámos no restaurante, onde a minha mãe e irmã trabalhavam. Entrámos todos e eles olharam para mim atrás do balcão, eu tinha de me pôr em pontas de pés de tão pequena que era. A patroa delas olha para mim e pergunta: 

"Então choras-te muito?" 

Eu continha as lágrimas todas que tinha para deitar e abanei a cabeça que não. A minha irmã tinha ido à cozinha quando ela vem à porta e a patroa diz: 

"Hoje até à tua irmã já tivemos de enxugar lágrimas." 

A minha irmã olha para mim, nós compreendemo-nos só com o olhar. 

Depois disso seguimos para casa, que ficava a 2 minutos do restaurante. Eu mal conseguia olhar para o meu pai, conseguia ver a tristeza nos seus olhos, apesar de ele nunca ter mostrado o seu lado fraco. Chorei a noite inteira, como chorava no carro quando passava pela minha cidade e pensava: "talvez seja a última vez que esteja a passar por aqui". E não foi. No lugar disso devia estar a olhar para a minha mãe a pensar: "não sei quando a vou voltar a ver." Mas o que podia fazer, eu tinha apenas 12 anos...