Efeito Borboleta

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Acordei cedo, executei todas as minhas ações rotineiras até o momento em que o sinal soou e todos entraram na sala, em plena segunda-feira o lugar atrás do meu estava vazio, assim como vários lugares nas outras filas. Poucos alunos vieram hoje, a desculpa da vez era ainda estarem cansados da viagem, como se o fim de semana não tivesse sido o suficiente. A aula passou se arrastando, a professora da terceira aula pediu que fizéssemos uma poesia. Eu não tinha a menor idéia de como começar...minha mente estava em outro lugar. Eu juro que até tentei rabiscar algo mas não tenho a mesma sensibilidade do Gabe... ela disse para pormos nossas emoções no papel, só que as minhas emoções eram um emaranhado de sentimentos impossíveis de escrever.

O dia estava insípido e as horas se arrastavam. Na hora do almoço sentei com meus amigos à mesa, eu só comia em silêncio enquanto eles conversavam e riam sobre suas aventuras do fim de semana. 

- E aí Will, tá caladão mano, passou o fim de semana só de boas em casa?

- Quem me dera... minha mãe arrastou todo mundo no sábado para a casa da minha vó ... era niver de uma das minhas primas então, sabe como é né... enfim, só voltamos no domingo à noite.

- E você ainda reclama?  Preferia dez mil vezes isso...Mano, minha tia veio me visitar e é claro trouxe uma creche com ela. Cara, meus primos são uns capetas... 'cê  é louco...

- E aí mano, sua prima é bonita?

- As zidéia... ela só tem 8 anos pow...

Eles continuaram falando e falando sobre várias coisas, mas meu pensamento estava longe. Eu havia passado o fim de semana pensando na Helena. Eu poderia ter ido lá na casa dela, mas minha mãe meio que me "obrigou" a ir com eles para minha vó. No começo eu estava bem chateado com tudo, mas depois parece que aquele ar me fez bem, todo o mal humor evaporou e fiquei mais de boas... até fui bater um papo com minhas tias... E foi aquele lance de família, perguntas sobre a faculdade, namorada... 

 Nem preciso dizer que todos os dias eu tentei ligar, mas precisei ter uma paciência de Jó até encontrar um lugar bom pois lá a recepção do sinal telefônico é péssimo e mesmo quando deu certo a linha estava ocupada. Mas que droga de sorte eu tenho... Enfim...

E aí, logo me veio a mente a lembrança de sexta à noite... Eles dois pareciam ser bem próximos... Aaaahh... Mas que inferno estava acontecendo comigo?

 Na mesa a frente da nossa, uma outra garota piscou o olho e sorriu para mim enquanto mexia no longo cabelo loiro.

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A escola parecia um cemitério sem aquela atmosfera enérgica promovida pela agitação dos alunos nos corredores, quando cheguei na sala haviam mais cadeiras vazias do que pessoas no ambiente. Olhei em volta, William estava lá caladão na dele como se tudo tivesse voltado ao normal. A Helena não estava aqui e o palhaço do Victor também não. Que porre... hoje vai ser um daqueles dias... Santa segunda-feira...

Quando a aula começou a professora até tentou mas foram esforços perdidos, não tinha como exorcizar esse baixo astral que inundava a sala. Depois de 2 hrs que mais pareceram dois séculos chegamos ao meio-dia. O refeitório estava calmo, tentei sondar entre meus amigos e conhecidos a respeito do "trote". Aparentemente ninguém sabia de nada... ou, não queriam me falar. Geralmente eu não me importo com esse tipo de coisa, mas algo me dizia para investigar. Eu tinha minhas próprias teorias e meu maior suspeito era Max e sua turminha. Olhei para eles e os mesmo olhavam em minha direção e soltavam risadinhas. Será que esse povo não se toca o quão ridículos são? Sentadas à mesa só estávamos eu e a Regina, a Rosie hoje estava com o namorado dela, ou seja não havia espaço para nós em seu mundo cor-de-rosa.

Convergindo (Em Construção)Onde histórias criam vida. Descubra agora